Resumo de anencefalia: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de anencefalia: diagnóstico, tratamento e mais!

A anencefalia é uma malformação congênita, motivo de muito debate ao longo do tempo acerca da legalidade na interrupção da gestação devido ao prognóstico incompatível com vida nesse distúrbio. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à anencefalia.

  • É um distúrbio grave do tubo neural, gerado principalmente a partir de falha no processo de neurulação primária. 
  • Ausência de conteúdo encefálico, principalmente em prosencéfalo e regiões do tronco encefálico, além de calota craniana ausentes ou mal formadas são as principais alterações. 
  • O diagnóstico geralmente é dado no pré-natal através da UGS morfológica de 2° trimestre.
  • A legislação brasileira permite a interrupção da gestação nesses casos, se esta for a escolha da genitora.
  • A única medida preventiva é a utilização de ácido fólico e a suspensão de medicações neuro teratogênicas. 

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Definição da doença

A anencefalia é um defeito grave do tubo neural em que partes do cérebro e do crânio não são desenvolvidas. 

Epidemiologia e fisiopatologia da anencefalia

A taxa de anencefalia em nascidos vivos subestima a taxa real de ocorrência por causa de números desconhecidos de aborto espontâneo ou interrupção da gravidez de fetos afetados. No Brasil a incidência é cerca de 18 casos para cada 10.000 nascidos vivos, uma taxa mais de cinquenta vezes maior que a observada em países da Europa, como a França, Bélgica e Áustria. Desde 1992, juízes e promotores públicos autorizaram cerca de 3000 casos de interrupção da gravidez de fetos anencéfalos no Brasil.

Patogênese

A anencefalia ocorre por defeito grave na formação do tubo neural, que é uma estrutura oca que fornece a base para o sistema nervoso central. Esses distúrbios surgem quando há um distúrbio durante a neurulação.

A neurulação é uma série de alterações estruturais, morfológicas e sistemáticas que ocorre durante a embriogênese inicial de um feto.  

Alterações na anencefalia

A exposição intra útero resulta na destruição do tecido neural, que aparece como uma massa hemorrágica, fibrótica e não funcionante, que geralmente envolve conteúdos do prosencéfalo e quantidades variáveis de tronco encefálico superior geralmente estão envolvidos. Hipotálamo, cerebelo e medula espinhal também podem ser malformados. A malformação ou ausência completa da hipófise geralmente está presente.

Além do conteúdo encefálico propriamente dito, grandes porções do crânio estão ausentes neste distúrbio, no qual os ossos frontal, parietal e porções dos ossos occipitais são mais afetados.

Outras malformações congênitas frequentemente acompanham a anencefalia, incluindo anomalias craniofaciais, oculares, lábio leporino ou onfalocele, além de malformações cardíacas, pulmonares, renais e esqueléticas poderem estar associadas. A aganglionose do intestino é um achado frequente.

#Ponto importante: O prognóstico fetal é o principal fator para guiar a conduta. Não há relatos de bebês anencefálicos que sobreviveram por mais de duas semanas de vida, mas podem sobreviver até o parto. Normalmente mantém função do tronco cerebral, com respiração espontânea e muitas vezes com respostas de sucção, enraizamento e engasgo. No entanto, eles estão permanentemente inconscientes. Sem cuidados intensivos, a maioria deles morre nos primeiros dias após o nascimento. 

Diagnóstico pré-natal de anencefalia 

A presença de anencefalia pode ser detectada através da ultrassonografia fetal, sendo altamente preciso. Pode ser identificada já no primeiro trimestre, mas comumente o diagnóstico é dado nos exames de rotina do segundo ou terceiro trimestre, pois alguns sistemas de órgãos ainda estão se desenvolvendo no primeiro trimestre.

A medição do comprimento cabeça nádega (CCN) é significativamente reduzida em fetos afetados no primeiro ou segundo trimestre. Além disso, na USG no segundo trimestre, realizada preferencialmente entre 18 e 24 semanas, as porções superiores do cérebro poderão não ser visíveis ao ultrassom porque não estão mais presentes. 

Mesmo não sendo preconizado pelo Ministério da Saúde, a mensuração de  alfa-fetoproteína na mãe demonstra elevação substancial nos níveis séricos em cerca de 90% dos casos de anencefalia. Além disso, quase todos os casos apresentam um aumento notável nos níveis de alfa-fetoproteína no líquido amniótico, acompanhado pela presença de acetilcolinesterase. 

Tratamento pós-natal da anencefalia

A anencefalia não é compatível com a vida e quase todos os bebês nascidos vivos morrem logo após o nascimento.  A legislação brasileira permite a interrupção da gestação nesses casos, se esta for a escolha da genitora, sendo a maioria das gestações interrompida ou induzida logo após o diagnóstico.

Se a genitora optar pela continuação da gestação, o manejo dos recém-nascidos anencefálicos nascidos vivos concentra-se em medidas de conforto e apoio à família. Não há opções de manejo neurocirúrgico.

Prevenção pré-natal

A deficiência ácido fólico é uma das poucas condições que influenciam no desenvolvimento do tubo neural, incluindo anencefalia, que apresentam evidências científicas. 

O Ministério da Saúde recomenda que o ácido fólico deva ser prescrito para as gestantes, na dose de 400µg (0,4 mg/dia) desde o período pré-gestacional até o final da gravidez. 

A administração de valproato ou antagonistas do ácido fólico, como trimetoprim , carbamazepina, fenitoína e fenobarbital devem ser descontinuados na gestação. Outros contribuintes para o risco de DTN que provavelmente não estão relacionados ao metabolismo do folato incluem diabetes mellitus materna com controle glicêmico deficiente durante o primeiro trimestre, hipertermia e algumas síndromes genéticas. Em pacientes que não possam ficar sem essas medicações, doses mais altas de suplementos de ácido fólico são geralmente recomendadas.

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Referências bibliográficas:

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