Resumo de Dor Muscular Tardia (DOMS):  sintomas e mais!
Pexels.

Resumo de Dor Muscular Tardia (DOMS):  sintomas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O DOMS, ou dor muscular de início retardado, é uma resposta fisiológica comum após exercícios excêntricos ou intensos, especialmente quando o corpo não está adaptado à carga aplicada. Embora não represente lesão grave, pode gerar desconforto significativo, prejudicando o desempenho físico e a recuperação muscular. 

A dor do DOMS tende a surgir entre 6 e 12 horas após o exercício, alcançando seu pico entre 24 e 72 horas.

Conceito 

DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness) é uma condição caracterizada por dor muscular que surge de forma tardia, geralmente horas após a realização de atividades físicas com sobrecarga excêntrica ou esforço não habitual. Diferente de uma lesão aguda, o DOMS não ocorre imediatamente após o exercício, mas se manifesta tipicamente entre 6 e 12 horas após a atividade, com pico de desconforto entre 24 e 72 horas. 

A dor é acompanhada por rigidez, sensibilidade ao toque, perda temporária de força muscular e limitação funcional. Trata-se de um processo autolimitado e reversível, vinculado à resposta do organismo a microlesões estruturais no tecido muscular.

Fisiopatologia  

O DOMS decorre de um conjunto de alterações estruturais e bioquímicas desencadeadas por esforços musculares excêntricos intensos ou não habituais. O estresse mecânico gerado durante esse tipo de contração promove microlesões nas miofibrilas, especialmente na linha Z dos sarcômeros, além de rupturas na membrana sarcoplasmática, facilitando o influxo de cálcio para o interior da célula muscular.

Esse excesso de cálcio no citoplasma ativa enzimas degradativas, como proteases e fosfolipases, que amplificam o dano estrutural e desencadeiam uma resposta inflamatória local. Como resultado, ocorre liberação de substâncias químicas (ex: prostaglandinas, histamina e bradicinina), que sensibilizam os nociceptores musculares, levando à dor e ao desconforto muscular tardio.

Além disso, a ativação de células inflamatórias como macrófagos promove a remoção de células danificadas, mas também contribui para o edema e rigidez. Esse processo inflamatório, embora necessário para a regeneração, é o principal responsável pelos sintomas do DOMS, incluindo diminuição da força muscular, aumento do tônus e limitação funcional temporária.

Epidemiologia e fatores de risco

O DOMS é uma condição amplamente observada em indivíduos de todas as idades e níveis de preparo físico, sendo particularmente frequente em pessoas que realizam exercícios excêntricos de forma intensa ou não habitual. É comum tanto em iniciantes quanto em atletas treinados, pois a adaptação muscular ao tipo específico de esforço é mais relevante do que o condicionamento geral.

A ocorrência é mais frequente após atividades como:

  • Corridas em descidas;
  • Treinamentos de resistência com carga alta;
  • Exercícios com fase excêntrica pronunciada (como agachamentos e saltos).

Principais fatores de risco incluem:

  • Falta de adaptação prévia ao exercício excêntrico;
  • Aumento abrupto da intensidade, volume ou duração do treino;
  • Realização de movimentos novos ou com alta complexidade biomecânica;
  • Intervalos longos entre sessões de treinamento;
  • Predisposição individual à inflamação ou menor capacidade de regeneração muscular.

Apesar de não representar uma lesão grave, o DOMS pode interferir significativamente na qualidade do movimento, desempenho atlético e adesão ao treinamento físico.

Avaliação clínica

O DOMS se manifesta por um conjunto de sinais e sintomas musculares que surgem de forma progressiva após a realização de atividade física excêntrica ou extenuante. A dor é o sintoma mais marcante, iniciando-se geralmente entre 6 a 12 horas após o exercício, com pico de intensidade entre 24 e 72 horas, e resolução espontânea em até 7 dias.

As manifestações clínicas típicas incluem:

  • Dor muscular localizada, principalmente ao toque ou durante o movimento ativo;
  • Sensação de rigidez, com redução da flexibilidade e mobilidade da articulação envolvida;
  • Edema leve e discreta inflamação na musculatura afetada;
  • Perda temporária de força muscular e queda no desempenho funcional;
  • Aumento do tônus muscular e dificuldade para realizar movimentos cotidianos.

Importante destacar que o desconforto não é imediato e que os sintomas costumam estar restritos aos grupos musculares exigidos no exercício. A dor não ocorre em repouso absoluto, mas é notável ao mobilizar ou contrair a musculatura envolvida.

Diagnóstico 

O diagnóstico do DOMS é clínico e retrospectivo, baseado na história recente de atividade física excêntrica ou de alta intensidade, seguida por dor muscular tardia, sem sinais de lesão aguda ou comprometimento neurológico.

Principais critérios para o diagnóstico incluem:

  • Início tardio da dor, entre 6 e 24 horas após o exercício;
  • Pico de dor entre 24 e 72 horas, com resolução espontânea em até 7 dias;
  • Localização da dor limitada aos músculos ativados no exercício;
  • Ausência de dor em repouso absoluto, com piora ao movimento ou palpação;
  • Sem sinais clínicos de ruptura muscular, hematoma ou limitação neurológica.

Embora exames complementares não sejam necessários na maioria dos casos, em contextos de pesquisa ou incerteza diagnóstica, pode-se observar:

  • Aumento de enzimas musculares (ex.: CK, LDH, mioglobina);
  • Edema intramuscular em ressonância magnética, principalmente em sequências T2;
  • Sinais inflamatórios laboratoriais, como elevação de IL-6 ou PCR, em casos mais intensos

Tratamento 

O tratamento do DOMS tem como objetivo principal aliviar os sintomas e restaurar a função muscular no menor tempo possível, uma vez que o quadro é autolimitado. As intervenções não aceleram necessariamente a regeneração estrutural, mas reduzem a dor, o edema e a limitação funcional associada.

Estratégias terapêuticas utilizadas incluem:

  • Crioterapia (imersão em água fria, gelo, ar frio): promove vasoconstrição, reduz o edema e o metabolismo local, sendo mais eficaz nas fases iniciais do quadro.
  • Termoterapia (calor local ou profundo): utilizada após o início dos sintomas, auxilia no relaxamento muscular, melhora a perfusão e pode atenuar a dor e a rigidez.
  • Massagem terapêutica: pode aumentar a perfusão local e facilitar a remoção de metabólitos inflamatórios, embora seus efeitos dependam do momento e da técnica aplicada.
  • Exercício leve: atividades de baixa intensidade com os mesmos grupos musculares envolvidos aceleram a circulação e favorecem a recuperação funcional.
  • Compressão (roupas de compressão, bandagens): usada para reduzir o edema e melhorar o retorno venoso e linfático, com efeito modesto na redução dos sintomas.
  • Analgésicos orais (ex.: paracetamol): indicados apenas em casos de dor intensa, com cautela no uso prolongado.
  • Suplementação nutricional: o uso de substâncias como ômega-3 e BCAA tem sido estudado, com resultados variados sobre sua eficácia em reduzir a dor e o dano muscular

Venha fazer parte da maior plataforma de Medicina do Brasil! O Estratégia MED possui os materiais mais atualizados e cursos ministrados por especialistas na área. Não perca a oportunidade de elevar seus estudos, inscreva-se agora e comece a construir um caminho de excelência na medicina! 

Veja Também

Canal do YouTube 

Referências Bibliográficas 

  1. ALONSO EXTREMIANA, M.; URIBETXEAJA, E. DOMS: Dolor Muscular de Inicio Retardado. Apunts. Medicina de l’Esport, n. 136, p. 5-13, 2001.
  1. HOTFIEL, T. et al. Update: Delayed Onset Muscle Soreness (DOMS) – muscle biomechanics, pathophysiology and therapeutic approaches. Deutsche Zeitschrift für Sportmedizin, v. 75, n. 5, p. 189-194, 2024. 
Você pode gostar também