Resumo de hemácias: componentes, funções, defeitos e mais!

Resumo de hemácias: componentes, funções, defeitos e mais!

As hemácias representam uma das células mais importantes do corpo humano, sendo que sua disfunção está associada a diversas condições patológicas. Confira agora os principais aspectos referentes à biologia dessa célula que podem contribuir para seu raciocínio clínico nos atendimentos.  

Definição

As hemácias, também chamadas de glóbulos vermelhos ou eritrócitos, são o tipo de célula mais abundante no sangue humano. A todo instante um adulto saudável produz cerca de 2 milhões de hemácias através da eritropoiese na medula óssea e, ao mesmo tempo, aproximadamente o mesmo número é eliminado. 

Do ponto de vista biofísico, o sangue pode ser considerado como uma suspensão de partículas flexíveis e elásticas, as células sanguíneas, em um fluido viscoso (plasma). As hemácias são o principal componente celular dessa suspensão celular e ocupam 40% a 45% da porcentagem de volume (definido como hematócrito) em mulheres e homens, respectivamente. 

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Produção das hemácias

A eritropoiese é o processo em que novas hemácias são produzidas na medula óssea em adultos ou no baço e fígado em fetos ou pacientes com anemias graves. Alguns substratos são fatores importantes na sua maturação, incluindo ferro, vitamina B12 e o ácido fólico.

Por estímulo da glicoproteína eritropoetina, ocorre a diferenciação de hemocitoblastos (células multipotentes) a formar mais eritroblastos, que sofrem maturação por mitose. em até cinco dias os eritroblastos enchem-se de hemoglobina e as mitocôndrias desaparecem. Alcançam a forma de reticulócitos, glóbulos vermelhos imaturos, e alcançam a forma de hemácia madura em até 8 dias. 

#Ponto importante: O glóbulo vermelho médio em humanos sobrevive de 100 a 120 dias e existem cerca de 5,2 milhões de glóbulos vermelhos por milímetro cúbico de sangue no ser humano adulto.

Eritropoiese. Crédito: Creative Commons Wikimedia

Componentes da hemácia

As hemácias normais são discos bicôncavas e diferem da maioria das células eucarióticas porque sua forma é criada pela geometria de sua membrana, em vez de quaisquer estruturas internas ou externas. Isso ocorre porque as hemácias são desprovidos de núcleos, ribossomos, mitocôndrias e outras organelas, que são importantes em outros tipos de células para desempenhar funções específicas críticas para a sobrevivência celular.

Essa conformação da hemácia é importante pois a geometria da membrana é alterada para permitir uma mudança na forma, podendo sofrer grandes extensões lineares (de até 230% de seu diâmetro original), mantendo uma área de superfície constante. 

A capacidade da hemácia de sofrer extensa deformação é essencial tanto para sua função quanto para sua sobrevivência, pois é necessário para os eritrócitos atravessarem pequenos capilares e os sinusóides esplênicos (tão pequenos quanto 1 a 2 mícrons) que são menores que o diâmetro dos eritrócitos (7 a 8 mícrons). 

#Ponto importante: A anemia falciforme é marcada por hemácias em foices, que diminui sua capacidade de deformidade, ocasionando aprisionamento esplênico. 

Um dos componentes mais importantes da hemácia é a hemoglobina, uma proteína com estrutura quaternária formada por quatro subunidades. Cada subunidade é formada por uma porção protéica, a globina, e um grupo heme (responsável por carregar o oxigênio para as células).  

Funções da hemácia

A principal função fisiológica é transportar gases de oxigênio (O²) e carbônico (CO²) do pulmão para os tecidos e vice-versa, mantendo a boa perfusão tecidual e mantendo o equilíbrio ácido/base sistêmico. As principais funções são resumidas abaixo: 

  1. Transporte de gases e nutrientes para os tecidos.
  2. Sistema tampão redox. A reação de autoxidação da Hb é a fonte mais abundante de espécies reativas de oxigênio nas hemácias.
  3. Modulação do metabolismo do óxido nítrico. Acredita-se que sob condições de diminuição da saturação de oxigênio, as hemácias demonstraram induzir vasodilatação de faixas de vasos por meio da exportação de bioatividade de NO influenciando na regulação do tônus ​​e integridade vascular.
  4. Viscosidade sanguínea. Por meio de sua concentração (hematócrito), define criticamente a viscosidade e a reologia do sangue. 
  5. Controle do tônus ​​vascular e da função cardíaca
  6. Propriedades intrínsecas das hemácias e a reologia geral do sangue contribuem para a hemodinâmica vascular sistêmica.

Anemia

A anemia é uma condição patológica caracterizada por uma diminuição do número de hemácias circulantes e definida por concentrações de hemoglobina (Hb) no sangue total abaixo de 12 g/dL em mulheres e 13 g/dL em homens. 

A anemia por deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia em todo o mundo. O ferro sérico é um importante elemento para composição do grupo Heme da hemoglobina e carreamento dos gases no sangue. 

Enquanto que, na deficiência de Vitamina b12 e ácido fólico, a célula não é capaz de duplicar DNA normalmente e, no processo de mitose, aumenta o tamanho do citoplasma com um retardo em sua duplicação, o que ocasiona a anemia megaloblástica.  

Condições que interferem na deformabilidade ou estabilidade normal da membrana pode reduzir a vida útil das hemácias causando hemólise, incluindo as anemias hemolíticas hereditárias, como esferocitose hereditária, algumas formas de eliptocitose hereditária e algumas formas de estomatocitose hereditária. Nas microangiopatias trombóticas, a estabilidade da membrana das hemácias é normal, mas as restrições da vasculatura resultam em falha da membrana.

#Ponto importante: Mesmo as hemoglobinopatias primárias, como talassemias e anemia falciforme, cursarem primariamente com defeitos na hemoglobina, elas podem gerar conformações alteradas nas hemácias que facilitem a hemólise. 

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Referências bibliográficas:

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