Resumo de Linfogranuloma Venéreo: conceito, tratamento e mais!
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Resumo de Linfogranuloma Venéreo: conceito, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Neste texto, abordaremos o linfogranuloma venéreo (LGV), uma infecção sexualmente transmissível causada por Chlamydia trachomatis. Exploraremos desde os aspectos conceituais da doença até seus métodos de diagnóstico, tratamento e prevenção. Além disso, discutiremos a epidemiologia, os fatores de risco associados e as complicações que podem surgir se a infecção não for tratada adequadamente.

Conceito de Linfogranuloma Venéreo

O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma infecção sexualmente transmissível causada por Chlamydia trachomatis dos sorotipos L1, L2 e L3. Essa condição se caracteriza pela invasão dos linfáticos, resultando em uma resposta inflamatória crônica que afeta principalmente áreas genitais e inguinais.

Inicialmente, a infecção pode apresentar-se com lesões indolores ou úlceras transitórias nos locais de contato, seguidas por uma fase mais grave de linfadenopatia dolorosa e formação de bubões, especialmente em homens que fazem sexo com homens (HSH). Se não tratada adequadamente, pode evoluir para complicações graves, incluindo estenoses e fístulas.

Epidemiologia e Fatores de Risco do Linfogranuloma Venéreo

O linfogranuloma venéreo (LGV) é mais comumente observado em áreas tropicais e subtropicais da África, Sudeste Asiático, América Central e do Sul, mas também é identificado com maior frequência em países ocidentais, especialmente entre populações de homens que fazem sexo com homens (HSH). Desde o início dos anos 2000, houve surtos de LGV em regiões da Europa e América do Norte, frequentemente associados a co-infecções com HIV. A prevalência em áreas urbanas e entre populações de alto risco sexual é significativa, refletindo a transmissão por contato sexual direto. 

Os principais fatores de risco para o LGV incluem:

  • Comportamentos sexuais de risco, como múltiplos parceiros sexuais, práticas sexuais desprotegidas e histórico de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV; 
  • A infecção é especialmente prevalente entre HSH, muitas vezes relacionada à prática de sexo anal receptivo, que facilita a invasão dos linfáticos pela Chlamydia trachomatis; e
  • O uso de drogas recreativas associadas à atividade sexual também tem sido apontado como fator contributivo para a propagação do LGV.

Transmissão e Quadro Clínico do Linfogranuloma Venéreo 

A transmissão do linfogranuloma venéreo (LGV) ocorre principalmente por meio do contato sexual direto, incluindo práticas sexuais genitais, anais ou orais com uma pessoa infectada. A infecção é causada por Chlamydia trachomatis dos sorotipos L1, L2 e L3, que penetram na pele ou mucosas e se disseminam para os linfáticos regionais. Embora menos comum, o LGV também pode ser transmitido por meio de contato com secreções contaminadas, mas o uso de preservativos pode reduzir significativamente o risco de transmissão.

O quadro clínico do LGV se desenvolve em três estágios distintos: 

  • O primeiro estágio, a fase primária, é caracterizado por uma pequena lesão indolor ou úlcera localizada nos genitais, no ânus ou na boca, que frequentemente passa despercebida. 
  • A fase secundária ocorre após algumas semanas e envolve a disseminação da infecção para os linfáticos, levando à formação de linfadenopatia dolorosa, especialmente na região inguinal, comumente resultando em bubões. Nos casos de infecção anal, sendo mais prevalente em homens que fazem sexo com homens (HSH), os sintomas incluem proctite, com dor retal, tenesmo e secreção. 
  • Sem tratamento adequado, o LGV pode progredir para uma fase terciária, crônica, marcada por complicações graves, como fístulas, estenoses e elefantíase genital. A coinfecção com HIV pode piorar a gravidade do quadro clínico, aumentando o risco de complicações.
Úlcera de linfogranuloma venéreo. StatPearls

Diagnóstico do Linfogranuloma Venéreo

A suspeita clínica é geralmente baseada na presença de linfadenopatia inguinal ou femoral dolorosa, úlceras genitais ou anais, e sintomas compatíveis com proctite em indivíduos de alto risco, como homens que fazem sexo com homens (HSH), especialmente em regiões com alta prevalência da infecção ou em pessoas com história de comportamentos sexuais de risco.

Os métodos laboratoriais incluem a detecção da Chlamydia trachomatis em amostras de lesões genitais, linfonodos ou secreções retais por meio de testes de amplificação de ácido nucleico (NAATs), sendo os mais utilizados e sensíveis para confirmar a presença da bactéria. No entanto, esses testes não diferenciam diretamente os sorotipos de Chlamydia responsáveis pelo LGV dos responsáveis por outras infecções urogenitais. A genotipagem molecular, que permite identificar os sorotipos L1, L2 ou L3, é o método definitivo, mas nem sempre está disponível em muitos laboratórios clínicos. 

Além disso, sorologias e biópsias de linfonodos também podem auxiliar no diagnóstico em casos mais complexos. A coinfecção com outras infecções sexualmente transmissíveis, como HIV e sífilis, deve ser investigada, por ser comum em pacientes com LGV e pode influenciar o manejo clínico.

Tratamento do Linfogranuloma Venéreo

A terapia de escolha é o uso de antibióticos direcionados à erradicação da Chlamydia trachomatis. O regime recomendado inclui doxiciclina 100 mg, administrada por via oral duas vezes ao dia por 21 dias.

Para pacientes que não podem utilizar doxiciclina, como gestantes, a alternativa é a azitromicina 1 g por via oral em dose única semanalmente, por três semanas. Outra opção é a eritromicina, 500 mg por via oral quatro vezes ao dia durante 21 dias.

Em casos de linfadenopatia extensa ou formação de bubões, pode ser necessário realizar aspiração ou drenagem cirúrgica para aliviar a dor e prevenir a formação de fístulas. No entanto, a incisão e drenagem não são recomendadas, ao poderem aumentar o risco de complicações crônicas.

A avaliação e o tratamento dos parceiros sexuais das últimas 60 dias são essenciais para prevenir a reinfecção e a transmissão contínua. Todos os parceiros devem ser tratados empiricamente para Chlamydia trachomatis, independentemente de apresentarem sintomas. 

Complicações do Linfogranuloma Venéreo 

As complicações do linfogranuloma venéreo (LGV) ocorrem principalmente em estágios avançados da infecção. Sem tratamento adequado, a inflamação dos linfonodos pode resultar na formação de bubões, fístulas e cicatrizes. Em casos mais graves, podem surgir estenoses e obstruções nas áreas genitais e anais, além de linfedema genital crônico, levando à elefantíase. Em mulheres, o LGV pode causar infertilidade, e a coinfecção com HIV é uma preocupação adicional.

Prevenção do Linfogranuloma Venéreo

A principal medida preventiva é o uso consistente de preservativos durante qualquer tipo de relação sexual, seja genital, anal ou oral, uma vez que o Chlamydia trachomatis é transmitido por contato direto com secreções infectadas. 

Além do uso de preservativos, a educação sexual desempenha um papel central na prevenção do LGV. É importante conscientizar a população sobre as práticas sexuais seguras, o risco de múltiplos parceiros sexuais e a necessidade de realizar testes regulares para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), especialmente em populações de maior risco. A detecção precoce de infecções como o LGV pode evitar a propagação e as complicações da doença.

Estratégia MED 

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

PR – Hospital San Julian HSJ PR 2024 Residência (Acesso Direto) 4000215869 Paciente de 23 anos, solteira, GO e sem comorbidades, procura atendimento por dor em região inguinal bilateral e corrimento vaginal. Ao exame físico, observa-se nodulação na região inguinal direita, eritematosa, com ponto de drenagem de aspecto purulento. O exame especular mostra inflamação da cérvice com corrimento mucopurulento de orifício cervical externo. Qual das alternativas abaixo está correta sobre a hipótese diagnóstica e o tratamento? 

A. Vaginose bacteriana; metronidazol via oral; 

B. Herpes vírus tipo II; aciclovir tópico; 

C. Sífilis primária; penicilina benzatina intramuscular;

D. Linfogranuloma venéreo; doxiciclina via oral;

E. Toxoplasmose sistêmica aguda; espiramicina via oral.

Comentário da Equipe EMED: Alternativa “d” correta. O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma doença infecciosa de transmissão exclusivamente sexual, também conhecida como doença de Nicolas-Favre, doença de Frei, linfadenopatia venérea e bubão climático. É causada pelos sorotipos L1, L2 e L3 da Chlamydia trachomatis.

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Referências Bibliográficas 

  1. SCHUILING, K. D.; SAUNDERS, B. A. Lymphogranuloma Venereum (LGV). In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537362/. Acesso em: 4 set. 2024.
  1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Lymphogranuloma Venereum (LGV) – STD Treatment Guidelines. 2021. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/lgv.htm. Acesso em: 4 set. 2024.
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