Resumo de Lombociatalgia: conceito, causas, tratamento e mais!

Resumo de Lombociatalgia: conceito, causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A lombociatalgia é uma condição dolorosa comum que afeta a região lombar e se irradia ao longo do trajeto do nervo ciático. Caracterizada por dor, parestesias e, em casos severos, fraqueza muscular, essa condição é frequentemente provocada por problemas como hérnias de disco e estenose vertebral. Este texto abordará as principais facetas da lombociatalgia, desde sua epidemiologia e fatores de risco até opções diagnósticas e terapêuticas.

Conceito de Lombociatalgia 

A lombociatalgia refere-se à dor na região lombar que se irradia ao longo do trajeto do nervo ciático afetando a nádega, a parte posterior da coxa, perna e, em alguns casos, até o pé. Essa condição é causada pela compressão ou irritação das raízes nervosas lombares ou sacrais, frequentemente devido a patologias como hérnia de disco, estenose espinhal ou alterações degenerativas da coluna vertebral. Além da dor, podem ocorrer sintomas neurológicos como parestesias (formigamento) e fraqueza muscular na região inervada pelo nervo comprometido.

Epidemiologia de Lombociatalgia

A lombociatalgia é uma condição bastante comum, com uma prevalência significativa na população geral. Estudos apontam que aproximadamente 40% das pessoas irão experimentar algum episódio de ciatalgia ao longo da vida, sendo uma das principais causas de dor incapacitante em indivíduos em idade produtiva. 

A faixa etária mais afetada situa-se entre os 30 e 50 anos, momento em que o desgaste discal, alterações degenerativas da coluna e estresses mecânicos sobre as estruturas da coluna vertebral tornam-se mais evidentes. O impacto econômico da lombociatalgia é considerável, gerando custos elevados relacionados à perda de dias de trabalho, tratamentos médicos e procedimentos cirúrgicos.

Fatores de Risco de Lombociatalgia

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de lombociatalgia incluem: 

  1. Idade: o processo natural de envelhecimento acarreta desgaste nas estruturas da coluna, como discos intervertebrais e articulações facetárias. Alterações degenerativas, como hérnias discais e estenose espinhal, tornam-se mais comuns com o avanço da idade, aumentando o risco de compressão do nervo ciático. 
  1. Obesidade: o excesso de peso gera uma sobrecarga contínua sobre a coluna vertebral, contribuindo para a degeneração discal e compressão das raízes nervosas. 
  1. Sedentarismo: a falta de condicionamento físico, especialmente o enfraquecimento dos músculos paravertebrais e abdominais, aumenta a vulnerabilidade a lesões na coluna. Indivíduos sedentários têm maior risco de sofrer lombociatalgia após atividades físicas súbitas ou inadequadas. 
  1. Trabalho físico pesado: profissões que envolvem levantamento de peso, movimentos repetitivos de flexão e torção do tronco, ou vibrações constantes (como motoristas de caminhão) estão associadas a uma maior incidência de lombociatalgia. Essas atividades sobrecarregam as estruturas lombares, acelerando processos degenerativos. 
  1. Má postura: hábitos posturais inadequados, seja no ambiente de trabalho ou em atividades diárias, aumentam a pressão sobre a coluna lombar, predispondo a compressão do nervo ciático. 
  1. Tabagismo: o cigarro compromete a circulação sanguínea dos discos intervertebrais, acelerando o processo de degeneração. Além disso, o tabagismo reduz a capacidade de regeneração tecidual, aumentando o risco de dor crônica. 
  1. Predisposição genética: algumas pessoas têm maior suscetibilidade genética ao desenvolvimento de condições degenerativas da coluna, como a hérnia de disco, o que pode precipitar episódios de lombociatalgia.

Quadro Clínico de Lombociatalgia 

A lombociatalgia se caracteriza por uma dor que tem origem na coluna lombar e se irradia ao longo do trajeto do nervo ciático, geralmente seguindo pela região glútea e posterior da coxa até atingir a perna e o pé, dependendo da raiz nervosa envolvida. O quadro clínico típico inclui:

Dor lombar com irradiação para o membro inferior: a dor é a principal queixa dos pacientes com lombociatalgia. Ela geralmente se inicia na região lombar e irradia-se para uma das pernas, podendo se estender até o pé, seguindo o caminho do nervo ciático. A dor pode variar em intensidade, indo de uma leve sensação de desconforto até uma dor severa e incapacitante.

Padrão de irradiação da dor: a área de distribuição da dor ajuda a identificar a raiz nervosa comprimida: 

  • L4: dor irradiando para a parte anterior da coxa, passando pelo joelho e podendo atingir a região interna da perna. 
  • L5: dor irradiando pela região lateral da coxa, descendo pela parte lateral da perna e chegando ao dorso do pé. 
  • S1: dor que percorre a parte posterior da coxa e perna, atingindo o calcanhar e a borda lateral do pé.

Além da dor, é frequente o relato de parestesias, como formigamento ou dormência na perna e pé. Esses sintomas podem ser intermitentes ou constantes e, em alguns casos mais graves, pode haver perda sensorial na área afetada. A fraqueza muscular é outro sintoma importante, com déficit motor que pode comprometer a mobilidade, dificultando movimentos como a elevação do pé (queda do pé) ou a flexão plantar.

Alterações nos reflexos também são encontradas. O reflexo patelar pode estar diminuído nas lesões da raiz L4, e o reflexo aquileu pode estar reduzido nas compressões da raiz S1. Movimentos como inclinação do tronco, tosse ou espirro tendem a piorar os sintomas, enquanto determinadas posições, como manter as pernas levemente flexionadas, podem aliviar a dor. 

Em casos graves, sinais de alerta como perda de controle urinário ou fecal e anestesia em sela indicam urgência médica, sugerindo a presença de uma síndrome da cauda equina e que exige intervenção imediata.

No exame físico, o teste de Lasègue é essencial para identificar compressão nervosa. O teste é positivo quando há dor ao elevar a perna reta. Avaliações neurológicas como a verificação dos reflexos patelar e aquileu, bem como a análise da força muscular e da sensibilidade ao longo do nervo ciático, ajudam a identificar o nível da compressão.

Teste de Lasègue. Estratégia MED

Diagnóstico de Lombociatalgia 

O diagnóstico de lombociatalgia começa com uma anamnese detalhada. Exames de imagem, como a ressonância magnética, são indicados quando há suspeita de hérnia de disco ou estenose espinhal, sendo o exame de escolha para avaliar as estruturas da coluna. Radiografias e tomografias podem ser usadas para detectar alterações ósseas, embora não sejam tão precisas para tecidos moles.

Tratamento de Lombociatalgia 

O tratamento da lombociatalgia começa geralmente com abordagens conservadoras. Isso inclui o uso de analgésicos (como AINEs), relaxantes musculares e, em casos de dor neuropática, anticonvulsivantes ou antidepressivos. Fisioterapia é fundamental para fortalecer a musculatura e melhorar a postura, enquanto técnicas como acupuntura e massagem podem complementar o tratamento.

Em casos mais graves ou quando os sintomas não melhoram após tratamento conservador, pode-se considerar corticosteroides ou intervenções cirúrgicas para aliviar a compressão nervosa. A cirurgia é indicada especialmente em situações de déficit motor progressivo ou quando há sinais de alarme, como a síndrome da cauda equina.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

SP – Universidade de São Paulo – USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – HC) 2021 Homem de 38 anos refere lombalgia aguda após curvar-se para pegar o filho de oito anos no colo, há cinco dias. Conta que desde então a “coluna travou” e que a dor tem trajeto de irradiação que passa pela nádega direita, parte lateral da coxa, anterior da perna e ântero-medial do pé direito. Nega comorbidades ou uso de medicamentos. Exame clínico: dor à palpação de musculatura paravertebral lombar, Lasègue positivo à direita, força preservada e reflexos patelar e aquileu normoativos. A melhor conduta é: 

A. Anti-inflamatório não-hormonal e radiografia de articulação sacroilíaca e coluna lombar. 

B. Anti-inflamatório não-hormonal e repouso por curto período, seguido de reabilitação. 

C. Corticosteroide injetável de longa duração e ressonância magnética de coluna lombar. 

D. Corticosteroide de curta duração e tomografia de coluna lombar.

Comentário da Equipe EMED: Correta alternativa B. O paciente não apresenta sinais de alerta, portanto, o tratamento envolve: Primeiro passo: analgesia simples +/- anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) + relaxante muscular. Se a dor não melhorar com este grau de analgesia, avançar para opioides. Segundo passo: com a dor controlada, pode-se iniciar atividade física aeróbica e fortalecimento muscular do core abdominal, o que, em última análise, é o que irá resolver o problema.

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Referências Bibliográficas 

  1. KISHNER, Steven; SHAH, Jay. Sciatica. In: STATPEARLS [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507908/. Acesso em: 17 set. 2024.
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