Resumo de parada cardiorrespiratória: avaliação, manejo e mais!

Resumo de parada cardiorrespiratória: avaliação, manejo e mais!

A parada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação completa da função cardíaca e da respiração, essenciais para manutenção da vida, sendo as causas cardíacas as principais causas de PCR em adultos no mundo. A PCR pode evoluir em morte sem reversão, mas também pode ser revertida por ressuscitação cardiopulmonar. 

A American Heart Association (AHA) divulga periodicamente atualizações e recomendações para suporte básico de vida em adultos (BLS) e a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Além da identificação das causas, veremos agora os passos a seguir quando nos depararmos com uma PCR em nossos atendimentos. 

Primeiros passos na parada cardiorrespiratória

Os passos iniciais incluem avaliar a segurança do local, testar a responsividade do paciente e fornecer suporte básico de vida se não estiver em ambiente hospitalar. A confirmação da parada cardiopulmonar requer estimulo sonoro e tátil vigoroso para avaliar a responsividade, sendo precedido por avaliação do pulso carotídeo ou femoral por no máximo 10 segundos, ao mesmo tempo que se avaliam movimentos respiratórios. 

Na ausência desses fatores, a PCR está confirmada e é responsabilidade imediata do socorrista ligar para o Serviço de Emergência Médica e iniciar a RCP. É fundamental diagnosticar os sinais de aspiração de corpo estranho nas vias respiratórias, que incluem estridor intenso, dispneia, retrações supraesternais e intercostais. Recomenda-se fazer a manobra de Heimlich se houver suspeita de aspiração.

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Compressões na PCR

O fornecimento de compressões torácicas de alta qualidade é vital para a ressuscitação bem-sucedida. Elas devem ser realizadas no terço médio e distal do esterno, na frequência de 100 a 120 compressões por minuto, com a profundidade de 5 a 6 cm e com retorno completo do tórax a cada compressão. 

Ventilações na PCR

Após iniciar as compressões efetivas, deve-se avaliar via aérea. A ventilação de pacientes só é indicada se houver no local dispositivos de ventilação, como a bolsa-válvula-máscara. Manobras básicas de abertura da via aérea podem ser aplicadas, incluindo a tração mandíbula (Jaw Thrust) ou elevação do mento (Chin Lift). 

A frequência de ventilação depende se o paciente está com dispositivo de via aérea avançada (intubação orotraqueal) ou não. Se o paciente estiver sem viagem avançada deve ser realizado 2 ventilações a cada 30 compressões (30/2), com interrupção das compressões no momento da ventilação. Caso esteja intubado, realizar uma ventilação a cada 6 segundos, contabilizando 10 ventilações a cada minuto com compressões torácicas contínuas.  

As últimas atualizações do ACLS trazem a capnografia quantitativa como método para avaliar se a qualidade da RCP. Se o PETCO2 estiver baixo caindo sugere baixa qualidade da RCP. 

Ritmos de parada cardiorrespiratória

Os ritmos de paradas são divididos em ritmos chocáveis e não chocáveis. Os últimos chocáveis são representados pela fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso, enquanto os não chocáveis são a atividade elétrica sem pulso e a assistolia. 

No atendimento pré-hospitalar é mais comum que as PCRs sejam por ritmos chocáveis, FV ou TVSP, enquanto os principais motivos intra-hospitalares são ritmos não chocáveis, AESP ou assistolia. 

Ritmos chocáveis 

Além das compressões de alta qualidade, a desfibrilação precoce é ponto chave na ressuscitação de pacientes em ritmos de FV e TVSP.

Existem dois tipos de desfibriladores, monofásico e bifásico. Enquanto o primeiro utiliza uma carga de 360J para desfibrilar, o bifásico depende da recomendação do fabricante, a exemplo de doses iniciais de 120 a 200J. Se a carga for desconhecida, usar o máximo disponível. A segunda dose da desfibrilação nos casos de bifásico devem ser equivalentes, podendo ser consideradas doses mais altas se não houver resposta. 

Em relação às drogas, a epinefrina 1 mg, IV ou intra ósseo, a cada 3 a 5 minutos é a droga utilizada nos casos de ritmo chocável refratária ao primeiro choque e um ciclo completo de RCP (2min). Nos casos de ritmos chocáveis, deve-se lançar mão de amiodarona 300mg na primeira dose e 150mg na segunda dose. A lidocaína é uma opção a amiodarona, na dose de 1 a 1,5 mg por kg na primeira dose e de 0,5 a 0,75 mg por kg na segunda dose. 

Ritmos não chocáveis

As compressões de alta qualidade são a base para ressuscitação nos ritmos não chocáveis, não havendo indicação de desfibrilação nestes casos. No caso de assistolia, é importante aplicar o protocolo CA-GA-DA, que consiste em checar os cabos (CA), aumentar o ganho de amplitude no monitor (GA) e avaliar duas derivações diferentes (DA).

Diferente dos ritmos chocáveis, a epinefrina 1 mg IV ou intra ósseo é administrada imediatamente. As outras drogas antiarrítmicas não são utilizadas nos ritmos não chocáveis. 

Algoritmo de PCR para adultos. Crédito: AHA, 2020. 

Em busca das causas de parada cardiorrespiratória

As possíveis causas de PCR devem ser pensadas desde o primeiro momento na RCP. As etiologias reversíveis são divididas em 5Hs e 5Ts: 

  • 5 Hs:
    • Hipovolemia (reposição volêmica com cristalóide);
    • Hipóxia (fornecer oxigênio ou suporte ventilatório);
    • Hipotermia (aquecer);
    • Hidrogênio, acidose (administrar bicarbonato de sódio); e
    • Hipocalemia (repor K +)/hipercalcemia (administrar gluconato de cálcio). 
  • 5 Ts:
    • Tensão do pneumotórax por pneumotórax (punção de alívio e drenagem torácica);
    • Tamponamento cardíaco (punção de marfan para drenar o líquido do pericárdio);
    • Trombose pulmonar (trombólise intra parada);
    • Trombose coronariana (a trombose durante a PCR é questionável, mas esses pacientes se beneficiam de cateterismo após retorno da circulação espontânea); e
    • Toxinas (ex., opioide: administrar naloxona).

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Veja também:

Referências bibliográficas:

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