Olá, querido doutor e doutora! As piodermites englobam um conjunto de infecções bacterianas da pele, que variam desde formas superficiais até acometimentos mais profundos e graves. Essas condições são causadas predominantemente por Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes, sendo frequentemente associadas a fatores predisponentes como traumas cutâneos, higiene inadequada e condições ambientais favoráveis. Reconhecer e tratar essas infecções adequadamente é essencial para evitar complicações e garantir uma resolução eficaz dos quadros.
A fasciíte necrotizante é uma emergência médica com alto risco de mortalidade, que exige diagnóstico precoce e intervenção agressiva para reduzir complicações.
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Conceito de Piodermites
Piodermites são infecções bacterianas da pele causadas principalmente por patógenos como Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. Essas infecções podem afetar tanto a epiderme quanto camadas mais profundas da pele, resultando em uma variedade de manifestações clínicas que vão desde lesões superficiais até complicações mais graves em tecidos profundos.
Essas condições são comuns na prática clínica e podem acometer indivíduos de todas as idades, embora sejam mais frequentes em crianças. Fatores como traumas cutâneos, higiene inadequada, altas temperaturas e umidade contribuem para a sua ocorrência, criando condições favoráveis para a colonização bacteriana.
Classificação das Piodermites
As piodermites podem ser classificadas conforme a profundidade do acometimento na pele e o tipo de infecção bacteriana envolvida. Abaixo, são destacadas as principais categorias:
Infecções superficiais: afetam a epiderme e, em alguns casos, podem atingir a derme de forma limitada:
- Impetigo (não bolhoso e bolhoso); e
- Ectima.
Infecções profundas: envolvem camadas mais profundas da pele, como a derme, tecido subcutâneo ou até a fáscia:
- Erisipela;
- Celulite; e
- Fasciíte necrosante.
Infecções do folículo piloso: localizam-se em torno dos folículos pilosos, podendo evoluir de forma localizada ou disseminada:
- Foliculite;
- Furúnculo; e
- Antraz (carbúnculo).
Impetigo
O impetigo é uma infecção bacteriana superficial da pele, altamente contagiosa e mais frequente em crianças. Pode ocorrer em qualquer faixa etária, classificado em duas formas principais:
Impetigo Não Bolhoso
Essa é a forma mais comum de impetigo, representando cerca de 70% dos casos. É causada predominantemente por Staphylococcus aureus, embora Streptococcus pyogenes também possa estar envolvido. Manifestam-se inicialmente como máculas ou pápulas eritematosas que evoluem para vesículas ou pústulas. Essas lesões se rompem rapidamente, formando crostas melicéricas (amareladas) típicas. Geralmente afeta áreas expostas, como a face e extremidades, sendo comum em crianças. Não apresenta sintomas sistêmicos e, quando tratada adequadamente, não deixa cicatrizes.
Impetigo Bolhoso
Sempre causado por S. aureus, o impetigo bolhoso é caracterizado pelo aparecimento de vesículas e bolhas flácidas, que se rompem e deixam áreas erosivas cobertas por colaretes descamativos. Embora seja mais comum em neonatos, pode acometer crianças maiores e, raramente, adultos. As lesões estão frequentemente localizadas em face, extremidades ou região perineal e podem ser acompanhadas de sintomas como febre e mal-estar em casos mais extensos.
Ectima
O ectima é uma infecção bacteriana da pele que afeta tanto a epiderme quanto a derme, sendo considerado uma forma profunda de impetigo. É causado principalmente por Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus e está frequentemente associado a condições de higiene precária, traumas cutâneos ou infecções pré-existentes, como o impetigo não tratado.
Clinicamente, o ectima se apresenta como uma vesícula ou pústula que evolui para uma úlcera com bordas eritematosas endurecidas e coberta por crosta espessa de coloração amarelada ou acinzentada. As lesões são dolorosas e mais comuns em áreas como membros inferiores, que estão mais expostos a traumas.
O diagnóstico é clínico, baseado na aparência característica das lesões. O tratamento inclui limpeza rigorosa das lesões, remoção das crostas com compressas úmidas e uso de antibióticos tópicos ou sistêmicos, dependendo da gravidade do quadro. O ectima costuma deixar cicatrizes devido ao acometimento da derme, diferenciando-se do impetigo, que não provoca cicatrização permanente.
Erisipela e Celulite
A erisipela é uma infecção bacteriana que compromete a derme superficial e os vasos linfáticos. É causada principalmente pelo Streptococcus pyogenes (grupo A), mas outras bactérias, como Staphylococcus aureus, podem estar envolvidas em casos mais severos. Clinicamente, caracteriza-se por áreas de eritema bem delimitadas, associadas a edema, calor local, dor intensa e, frequentemente, sintomas sistêmicos, como febre e mal-estar. É mais comum nos membros inferiores, embora afete a face. Os fatores predisponentes incluem lesões cutâneas, insuficiência venosa, diabetes mellitus e obesidade. O tratamento baseia-se no uso de antibióticos, como penicilinas, e medidas adjuvantes, como repouso e elevação do membro afetado.
A celulite é uma infecção bacteriana que acomete a derme profunda e o tecido subcutâneo. Os agentes mais comuns são Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus. Diferentemente da erisipela, as lesões apresentam bordas mal definidas, associadas a eritema, edema, dor e calor local. Pode ser acompanhada por febre e outros sinais sistêmicos em casos graves. As áreas mais frequentemente afetadas incluem pernas, face e, em usuários de drogas intravenosas, membros superiores. O tratamento envolve o uso de antibióticos sistêmicos e, em casos mais graves, drenagem de abscessos e hospitalização.
Fasciíte Necrotizante
A fasciíte necrotizante é uma infecção bacteriana grave e de rápida progressão que afeta os tecidos subcutâneos e a fáscia muscular, levando à necrose tecidual extensa. Os principais agentes causadores incluem Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus, além de infecções polimicrobianas que envolvem bactérias aeróbicas e anaeróbicas. A condição se caracteriza por dor intensa desproporcional às lesões cutâneas iniciais, seguida por edema, eritema e evolução rápida para necrose, formação de bolhas hemorrágicas e sinais sistêmicos graves, como febre alta, hipotensão e confusão mental.
O manejo da fasciíte necrotizante é uma emergência médica que requer diagnóstico imediato e intervenção agressiva. O tratamento inclui desbridamento cirúrgico urgente para remoção do tecido necrosado, suporte hemodinâmico e uso de antibióticos de amplo espectro. Fatores como diabetes, imunossupressão, traumas cutâneos e cirurgias recentes aumentam o risco para o desenvolvimento da infecção.
Foliculite, Furúnculo e Antraz
Foliculite
A foliculite é uma inflamação superficial do folículo piloso causada principalmente por Staphylococcus aureus, embora outros agentes possam estar envolvidos, como bactérias gram-negativas ou fungos. Apresenta-se como pústulas eritematosas centradas nos folículos, frequentemente assintomáticas ou associadas a prurido leve. As áreas mais acometidas incluem couro cabeludo, axilas, glúteos e extremidades. O tratamento varia de medidas tópicas, como antissépticos e antibióticos tópicos, a antibióticos sistêmicos em casos mais extensos.
Furúnculo
O furúnculo é uma infecção mais profunda do folículo piloso e dos tecidos adjacentes, causada principalmente por S. aureus. Caracteriza-se por uma lesão eritematosa, dolorosa e endurecida, que evolui para uma coleção de pus centralizada. É mais comum em áreas de maior atrito ou umidade, como pescoço, axilas, nádegas e coxas. Casos mais graves ou múltiplos podem requerer drenagem cirúrgica e uso de antibióticos sistêmicos.
Antraz (Carbúnculo)
O antraz, ou carbúnculo, é a forma mais grave de infecção do folículo piloso, envolvendo múltiplos folículos adjacentes. Surge como um agregado de furúnculos, formando uma área extensa e dolorosa de infecção, geralmente acompanhada por febre e mal-estar sistêmico. O antraz frequentemente ocorre em pacientes imunossuprimidos ou com doenças de base, como diabetes mellitus. O tratamento exige drenagem cirúrgica e antibióticos sistêmicos, sendo essencial o manejo adequado para evitar complicações como bacteremia ou abscessos profundos.
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Referências Bibliográficas
- EMPINOTTI, Júlio César; UYEDA, Hirofumi; RUARO, Roseli Terezinha; GALHARDO, Ana Paula; BONATTO, Danielle Cristine. Piodermites. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 87, n. 2, p. 277-284, 2012.
- SOUZA, Bruno. Piodermites. Estratégia MED, 2024. Disponível em: https://www.estrategiamed.com.br. Acesso em: 25 nov. 2024.