Resumo de trajeto do parto vaginal: estreitos da pelve, partes moles e mais!

Resumo de trajeto do parto vaginal: estreitos da pelve, partes moles e mais!

Conhecer o trajeto do parto é de extrema importância para prever possíveis distócias durante o parto vaginal. É dividido em porção dura, formada pela bacia óssea, e trajeto mole, composta pelo segmento inferior do útero, cérvix, vagina e região vulvoperineal.  

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Trajeto do parto: estreitos da bacia 

Uma das partes mais cobradas nas provas de residência são as regiões mais estreitas da pelve obstétrica (bacia menor).  É também chamada de pelve verdadeira, escavação pélvica ou simplesmente escavação, sendo limitada cranialmente pelo estreito superior e, caudamente, pelo estreito inferior.

Crédito:  USP

Estreito superior 

É formado por três diâmetros ântero posteriores:   

Crédito: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia, 3° Ed.  
Crédito: CARRARA HH A & DUARTE G, 1996.
  • Conjugata vera anatômica: da borda superior da sínfise púbica até o promontório, medindo em média 11 cm. 
  • Conjugata diagonalis: da borda inferior da sínfise púbica até o promontório, medindo em média 12 cm. 
  • Conjugata obstétrica: É a medida que realmente importa no parto e que representa o trajeto da cabeça fetal. Vai da face interna (corda posterior) da sínfise púbica até o promontório, mas não é possível calcular diretamente. 

Para estimar seu valor, é necessário através do toque vaginal alcançar o promontório e medir até a borda inferior da sínfise púbica, subtraindo o valor encontrado por 1,5 cm. Em média, a conjugata obstétrica mede 10,5 cm. 

Crédito:  USP

Estreito médio

Apresenta diâmetros ântero posterior e transverso e planos de maiores diâmetros da pelve, cujas medidas são de 12,5 cm tanto transverso quanto ântero-posterior. No entanto, apresenta outro plano onde o diâmetro tranverso possui menor tamanho e é o local de maior importância nesse estreito. 

  • Diâmetro transverso (biespinhal) : Vai de uma espinha isquiática a outra, medindo em média 10,5 cm. 

#Ponto importante: Este é o menor diâmetro da pelve, local mais estreito para passagem do bebê. Corresponde ao plano De Lee 0 e Hodge III. 

Crédito: CARRARA HH A & DUARTE G, 1996.

Estreito inferior 

O estreito inferior tem diâmetro transverso que mede 11cm e a conjugata exitus, que representa o diâmetro ântero-posterior, medindo 9,5 cm em posição estática, mas pode alcançar 11 cm após a retropulsão do coccige. 

Crédito: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia, 3° Ed.
Crédito: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia, 3° Ed.

Trajeto de parto: tipos de pelve

Outro tema extremamente frequente nas provas são os prognósticos do parto vaginal a partir dos tipos de bacia, visto que a bacia pode apresentar diferentes formas.  Os fatores que influenciam no tipo da bacia incluem raça, condição socioeconômica, hábitos de vida, sedentarismo, atividade laboral e atividade física. 

Por mais que na realidade exista uma variedade ainda maior, são quatro os tipos fundamentais que aparecem nas provas de maneira didática:  

  • Ginecóide: que corresponde à bacia feminina mais comum, também denominada pelve típica. Tem estreito superior arredondado, diâmetro transverso eqüidistante do promontório e do pube, o ângulo subpúbico tem abertura média, paredes pélvicas paralelas, diâmetros transversos espaçosos e a escavação (pelve menor) é bastante ampla. Possui excelente prognóstico para o parto vaginal.  
  • Andróide: Presente em até 20% das mulheres, é semelhante a bacia masculina normal. Tem estreito superior triangular, com o diâmetro transverso próximo ao promontório, paredes pélvicas convergentes, espinhas ciáticas salientes e ângulo sub-púbico fechado. 

#Ponto importante: A pelve masculina não é feita para o parto não é mesmo, estrategistas? Logo, esta é a pelve com pior prognóstico para parto vaginal. 

  • Antropóide: semelhante a bacia encontrada nos gorilas, têm estreito superior elíptico, alongado no sentido ântero-posterior, diâmetro transverso máximo diminuído, paredes pélvicas divergentes e ângulo subpúbico levemente estreitado. Se o bebê insinuar, o prognóstico do parto vaginal é bom. Além disso, como o maior diâmetro é anteroposterior, as variedades de posição do pólo cefálico anteroposterior tem melhor prognóstico nesta pelve. 
  • Platipelóide: Menos comum de todas, é achatada com estreito superior oval, diâmetros transversos máximos e ântero-posteriores diminuídos e ângulo subpúbico muito aberto. Como o maior diâmetro é transversal, as variedades de posição do pólo cefálico transversas tem melhor prognóstico nesta pelve. 
Crédito: CARRARA HH A & DUARTE G, 1996

Trajeto do parto: planos

Os planos são utilizados como uma forma para definir a altura da apresentação. As duas classificações mais utilizadas são de De Lee e Hodge. 

Planos de De Lee: O diâmetro biespinha isquiático é o plano de referência “0”. A partir deste plano, a apresentação é estimada em centímetros positivos caso a apresentação fetal o tenha ultrapassado, e em centímetros negativos caso a apresentação não o tenha alcançado. 

Planos de Hodge: Possuem menor aceitação atualmente. 

  • 1° plano é delimitado pela borda superior do pube e promontório, correspondendo ao estreito superior da bacia. 
  • 2° plano vai da borda inferior do pube ao meio da segunda vértebra sacra.
  • 3° plano delimita-se nas espinhas ciáticas e corresponde ao estreito médio. Corresponde ao ponto 0 de De Lee. 
  • 4° plano é traçado pela ponta do coccige.
Crédito: Wikipedia

Trajeto do parto: partes moles 

  • Segmento inferior do corpo uterino: tem como limite inferior o orifício interno do colo uterino e superiormente, a união do peritônio à face uterina, a artéria coronária (ramo transverso da artéria uterina) e pela região onde os ligamentos redondos refletem-se.  Durante o trabalho de parto, o feto é forçado a distender o segmento, que aos poucos assimila a cérvice, ampliando o trajeto. 
  • Cérvice: é delimitada pelos orifícios interno e externo e, durante o período gestacional, apresenta grandes alterações morfológicas. Durante o trabalho de parto, sofre os fenômenos de apagamento ou esvaecimento e dilatação, modificações que irão permitir a ampliação do canal do parto.
  • Vagina: é um conduto cilíndrico, musculomembranoso que se estende do útero à vulva. Suas paredes, devido à embebição gravídica, apresentam grande elasticidade, que permitem a passagem do feto sem sofrer lacerações importantes. 
  • Região vulvoperineal: é constituída pela vulva e pelo períneo. O períneo é constituído por seis músculos:
    • Porção anterior: isquiocavernoso, bulbo cavernoso, transverso superficial do períneo 
    • Porção posterior: o esfíncter do ânus, levantador do ânus e o isquiococcígeo. 

#Ponto importante: No momento do desprendimento do polo fetal, todos os músculos se distendem e se dilatam, portanto poucas vezes são impedimento de parto, via vaginal.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • CARRARA HH A & DUARTE G. Semiologia obstétrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 88-103, jan./mar. 1996. 
  • BACIA ÓSSEA FEMININA.. USP
  • Estática fetal. USP. 
  • MONTENEGRO C.A.B.; REZENDE FILHO J. de. Obstetrícia. Rezende. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. cap. 11. 
  • ZUGAIB M. Obstetrícia. Barueri: Manole; 2008. cap. 18: Mecanismo de parto (p.329- 383). 
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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