A ultrassonografia transvaginal (USGTV) é um exame propedêutico extremamente utilizado na prática da ginecologia e obstetrícia. Com ele podemos monitorar o tamanho ovariano e o desenvolvimento folicular durante o ciclo menstrual e é superior à ultrassonografia transabdominal em alguns aspectos.
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Vantagens da USG transvaginal
A qualidade da imagem ultrassonografia parece melhorar quando o transdutor de alta frequência é colocado no fórnice vaginal próximo aos órgãos de interesse, principalmente em mulheres obesas.
Além disso, não há necessidade de bexiga urinária cheia, então o desconforto do paciente é minimizado. Como resultado, a ultrassonografia transabdominal agora é reservada para situações que exigem um levantamento pélvico completo ou para examinar crianças ou mulheres que ainda não tenham sido sexualmente ativas.
#Ponto importante: Foi realizado uma comparação com medidas diretas através de laparoscopia, demonstrando que a USGTV é bastante precisa para medir volume ovariano e folicular, além de alterações uterinas.
USG transvaginal: avaliação dos ovários
A USGTV consegue visualizar os ovários em todas as fases do ciclo menstrual. O volume ovariano diminui após a menopausa em até 5cm³. Com base nesses dados, o limite superior do volume ovariano média foi de aproximadamente 20 cm³ para mulheres na pré-menopausa e 10 cm³ para mulheres na pós-menopausa.
A USGTV consegue visualizar folículos ovarianos tão pequenos quanto 2 mm. Eles se apresentam como estruturas hipoecoicas circundadas por estruturas mais ecogênicas. Os folículos são geralmente esféricos, mas tornam-se mais ovoides à medida que aumentam.
Na fase folicular pode aparecer múltiplos folículos ovarianos de até 6mm de diâmetro. A partir do 8º dia, o folículo dominante começa a se destacar, alcançando 10 mm de diâmetro na USG. Os outros podem aumentar um pouco, mas em menor grau. O folículo dominante alcança o diâmetro de 20 a 25 mm no momento da ovulação.
Ovulação
A USGTV não parece um método adequado para predizer ovulação, pois o tamanho do folículo dominante pode variar de 13 a 30mm. Alguns sinais como aspecto crenulado da camada de células da granulosa e a detecção do cumulus oophorus dissociado, que aparece como uma pequena estrutura ecogênica triangular projetando-se no folículo, não são facilmente detectáveis.
Desenvolvimento do corpo lúteo
Após a ovulação, cerca de 24 a 48 horas após o pico de LH, o corpo lúteo é visto na USGTV como um cisto pequeno e irregular com paredes crenuladas ecogênicas e múltiplos ecos, que se originam do sangue coagulado.
O Doppler colorido mostra um fluxo sanguíneo de baixa resistência ao redor do cisto, conhecido como “anel de fogo”. Este fluxo persiste durante todo o primeiro trimestre da gravidez. No entanto, as características ultrassonográficas e Doppler do corpo lúteo não parecem se correlacionar com o resultado da gravidez no primeiro trimestre.
Após a ovulação, há aumento do volume de líquido livre no fundo de saco posterior (bolsa de Douglas), que pode ser detectado por ultrassonografia.
Ovários policísticos
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das doenças endócrino-metabólicas mais comuns nas mulheres em idade reprodutiva, caracterizada por disfunção ovulatória e hiperandrogenismo, além de relacionar-se com complicações metabólicas e cardiovasculares.
De acordo com Rotterdam, para o diagnóstico da síndrome é necessário que a paciente tenha pelo menos dois dos três critérios: hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial, oligo-amenorreia e critérios ultrassonográficos. Dos critérios da USG, é necessário a varredura de pelo menos 20 folículos de tamanho entre 2 e 9 mm.
USG transvaginal: avaliação do endométrio
A espessura endometrial é medida a partir da interface ecogênica na junção do endométrio e miométrio ao nível do diâmetro anteroposterior máximo no plano sagital.
Fase folicular
Logo após a menstruação, o endométrio descama e aparece na USG como uma linha fina hipoecoica. Após estimulação do estradiol, é vista na ultrassonografia como uma “linha tripla”, com o endométrio aparecendo hipoecóico em comparação com as linhas brilhantes das camadas basal e externa. Após a menstruação, o endométrio aparece como uma fina linha hiperecoica, como resultado da descamação da camada funcional. Ao final da fase folicular, o endométrio mede entre 8 e 12 mm.
Fase lútea
Após a ovulação, a “linha tríplice” desaparece e é substituída por uma faixa hiperecoica, de 10 a 14 mm de espessura. O brilho desta faixa parece estar relacionado ao aumento do comprimento e tortuosidade das glândulas endometriais com armazenamento de mucina e glicogênio dentro da camada funcional.
#Ponto importante: a maioria dos achados em ciclos estimulados para fertilização in vitro, a espessura e o padrão de eco do endométrio no momento da ovulação não predizem o resultado da gravidez.
O miométrio também demonstra atividade contrátil ao longo do ciclo, com pico antes da ovulação. O peristaltismo durante a fase lútea é controlado pela secreção hormonal sistêmica e local do corpo lúteo e facilita a implantação do fundo do blastocisto, predominantemente no lado do ovário dominante.
Espessamento de endométrio
O espessamento do endométrio se expressa clinicamente como sangramento uterino anormal e ultrassonografia transvaginal é o exame de imagem selecionado de primeira escolha para avaliar essas mulheres. Pode ter várias causas benignas, como terapia de reposição hormonal, pólipo endometrial, hiperplasia de endométrio, ovários policísticos, até causas malignas, como o câncer de endométrio.
USG transvaginal no pré-natal
A USGTV está indicada no primeiro trimestre de gestação, preferencialmente na 7° semana de gestação, com a finalidade de estimar idade gestacional e viabilidade da gestação.
O saco gestacional aparece por volta da quarta a quinta semana e o saco vitelinico por volta da 5° semana. O embrião na 5° ou 6° semana. Com 6 semanas já é possível visualizar atividade cardíaca.
#Ponto importante: As principais complicações relacionadas do primeiro trimestre de gestação são identificadas através da USGTV, incluem abortamento, gravidez ectópica e doença trofoblástica gestacional. Elas fazem parte das causas de sangramento anormal da primeira metade da gestação, temas muito cobrados em provas.
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Referências bibliográficas:
- Feitosa, Iêda Maria Silveira Diógenes et al. Comparação entre ultrassonografia transvaginal e histerossonografia na avaliação de pacientes com sangramento uterino anormal. Radiologia Brasileira [online]. 2011, v. 44, n. 3. pp. 156-162. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-39842011000300007>
- GOMES, Paula Cristina. Aspectos ultrassonográficos na síndrome dos ovários policísticos: novas recomendações. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.2, p. 6525-6535 mar./apr. 2021
- Crédito capa: Pexels