E aí, doc! Hoje seguimos falando sobre os Cistos Epidérmicos, um dos tipos mais comuns de cistos cutâneos. Essas lesões benignas se formam a partir da proliferação de células epiteliais dentro da pele, resultando no acúmulo de queratina em seu interior.
Geralmente indolores e de crescimento lento, os cistos epidérmicos podem permanecer estáveis por anos. No entanto, inflamações ou infecções podem causar aumento de volume, dor e necessidade de drenagem ou remoção cirúrgica.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.
Vamos nessa!
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Cistos revestidos por epitélio não estratificado escamoso
Os cistos revestidos por epitélio não estratificado escamoso correspondem a formações císticas delimitadas por um epitélio fino e não queratinizado. Essas lesões podem se originar a partir de diversas estruturas anatômicas e apresentar conteúdo líquido ou semissólido em seu interior. São frequentemente encontrados em diferentes regiões do corpo e podem estar associados a processos congênitos, inflamatórios ou traumáticos.
Hidrocistomas
Os hidrocistomas são cistos resultantes da dilatação dos ductos écrinos devido à retenção de secreções. Essas lesões podem crescer em resposta ao aumento da temperatura e à maior produção de suor. São mais comuns em adultos de meia-idade ou idosos e ocorrem igualmente em homens e mulheres.
Os hidrocistomas apresentam-se como pequenas lesões translúcidas, opalescentes ou peroladas, com diâmetro entre 1 e 5 mm. Surgem principalmente na face, especialmente ao redor dos olhos, mas também podem ocorrer no pescoço e no tórax.
São cistos uniloculados, contendo material claro e envoltos por uma parede composta por duas camadas de células achatadas.
O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado por exame histopatológico. Deve-se realizar um diagnóstico diferencial com outras lesões císticas.
As opções de tratamento incluem abertura e drenagem da lesão, eletrodissecação da cápsula, excisão cirúrgica ou remoção a laser. Para lesões múltiplas, há relatos do uso de cremes de atropina e toxina botulínica.
Cistos broncogênicos
Os cistos broncogênicos são malformações congênitas raras resultantes do sequestro de epitélio respiratório durante a embriogênese. São frequentemente localizados na região esternal superior, podendo, em casos menos comuns, surgir na face anterior do pescoço ou no mento.
Geralmente presentes ao nascimento, essas lesões costumam se manifestar como cistos únicos, podendo, em algumas situações, apresentar-se pedunculados ou com uma fístula conectando-os à superfície.
Histologicamente, os cistos broncogênicos são revestidos por epitélio ciliar pseudoestratificado, frequentemente acompanhados de músculo liso, glândulas mucosas e, ocasionalmente, cartilagem. O diagnóstico é baseado na avaliação clínica e histopatológica, sendo essencial diferenciá-los de outras lesões císticas e doenças fistulosas.
Quando há abertura para a superfície, devem ser distinguidos de infecções fúngicas, micobacterianas e fístulas odontogênicas. O tratamento é cirúrgico, sendo necessária a remoção completa para evitar recidivas e possíveis complicações.
Cistos do ducto tireoglosso
Os cistos do ducto tireoglosso são malformações congênitas resultantes da persistência de tecidos remanescentes do ducto tireoglosso, estrutura que guia a descida da tireoide do assoalho da faringe para sua posição final no pescoço durante o desenvolvimento embrionário.
Geralmente, esses cistos surgem em crianças e adultos jovens como nódulos ou lesões nódulo-fistulosas na linha média da face anterior do pescoço. Quando estão conectados ao osso hioide, podem se mover durante a deglutição. Em alguns casos, há drenagem de secreção mucoide e risco de infecção, tornando-se eritematosos, dolorosos e purulentos, podendo causar dificuldade para engolir e respirar.
Histologicamente, as paredes desses cistos são formadas por epitélio cuboidal, colunar ou estratificado escamoso, podendo conter tecido tireoidiano com folículos funcionais. O diagnóstico é clínico e histopatológico, sendo essencial diferenciá-los de outras lesões císticas cervicais. O tratamento padrão é a remoção cirúrgica, geralmente pelo procedimento de Sistrunk, para reduzir o risco de recorrência.
Cistos originários do ducto onfalomesentérico
Os cistos originários do ducto onfalomesentérico são anomalias congênitas decorrentes da falha no fechamento do ducto onfalomesentérico, estrutura embrionária que conecta o intestino primitivo ao saco vitelino.
Normalmente, esse fechamento ocorre por volta da sexta semana de gestação, e sua persistência pode resultar em diversas malformações, como fístulas onfaloentéricas, divertículo de Meckel, fístulas onfalomesentéricas e pólipos umbilicais.
Clinicamente, esses cistos se apresentam como lesões císticas polipoides localizadas na região umbilical. Seu diagnóstico diferencial inclui outras massas umbilicais, como metástases e adenocarcinomas gastrointestinais, devido à possível presença de mucosa gastrintestinal ectópica em sua histopatologia.
O tratamento é cirúrgico, sendo essencial a realização de exames de imagem pré-operatórios para avaliar a extensão da comunicação do cisto com o trato digestivo, garantindo uma abordagem adequada e reduzindo riscos de complicações.
Cistos sem revestimento epitelial
Os cistos sem revestimento epitelial são formações císticas que não possuem uma camada epitelial delimitando sua cavidade. Eles geralmente resultam de processos degenerativos, traumáticos ou inflamatórios, nos quais há acúmulo de fluidos ou substâncias biológicas em uma estrutura circundada por tecido conjuntivo.
Mucocele (Cisto mucoso oral)
A mucocele é um cisto sem revestimento epitelial que se origina da ruptura de ductos ou ácinos das glândulas salivares menores, levando ao extravasamento de muco e à formação de uma reação inflamatória circundante.
Aparece como pápula ou nódulo translúcido, de tamanho variável, localizado na mucosa oral, principalmente no lábio inferior. Também pode ocorrer na mucosa bucal, na língua e no assoalho da boca, sendo chamada de rânula quando localizada nessa última região.
Há uma variante superficial que se manifesta como vesícula ou bolha de curta duração e recorrência, especialmente na mucosa bucal posterior, área gengival retromolar e palato mole.
Caracteriza-se pela presença de depósitos de mucina cercados por tecido de granulação e células inflamatórias crônicas. Em alguns casos, os ductos glandulares remanescentes e as glândulas salivares adjacentes podem apresentar inflamação crônica e fibrose.
O diagnóstico é clínico e histopatológico, sendo necessário diferenciá-lo de outras lesões císticas da cavidade oral e doenças vesicobolhosas imunológicas ou virais.
Embora possa ocorrer regressão espontânea, a maioria dos casos exige tratamento cirúrgico com excisão, eletrocoagulação, criocirurgia ou laser de CO₂. Em algumas situações, infiltrações intralesionais de triancinolona são consideradas como alternativa terapêutica.
Cisto mixoide
O cisto mixoide é uma lesão cística benigna que pode estar associada ao conteúdo da cavidade sinovial ou resultar de uma degeneração focal do tecido conjuntivo dérmico, levando à superprodução de ácido hialurônico. Sua formação pode ser desencadeada por traumas repetitivos na região afetada.
Apresenta-se como um nódulo de consistência cística, geralmente translúcido, localizado na superfície dorsal das falanges distais dos dedos das mãos. Quando puncionado, elimina um líquido viscoso semelhante à glicerina. Em alguns casos, pode comprimir a matriz ungueal, causando uma leve depressão na lâmina ungueal.
Caracteriza-se por lacunas na derme sem revestimento epitelial, circundadas por tecido conjuntivo frouxo rico em mucopolissacarídeos, o que pode ser evidenciado por colorações específicas para mucina.
Baseia-se na avaliação clínica e histopatológica, sendo importante diferenciá-lo de cistos epiteliais de inclusão.
O tratamento inicial pode incluir a drenagem do cisto por punção, seguida de infiltração de triancinolona, procedimento que pode ser repetido até a resolução completa. Em casos persistentes, a exérese cirúrgica pode ser necessária.
Cisto sinovial
O cisto sinovial é uma massa cística benigna que se forma próxima às articulações ou tendões, frequentemente ligada à cápsula articular, mas sem comunicação direta com a cavidade articular.
Apresenta-se como uma lesão cística de até 5 cm, sendo mais comum na superfície dorsal dos punhos, mas também podendo ocorrer na superfície ventral dos punhos e dedos, no dorso dos pés, nos joelhos e, mais raramente, nos cotovelos e ombros. Afeta predominantemente mulheres e pode causar desconforto, limitando a movimentação da articulação afetada.
Caracteriza-se por espaços císticos no tecido conjuntivo dérmico contendo mucina, circundados por tecido fibroso ou sinovial.
Baseia-se na avaliação clínica e histopatológica, devendo ser diferenciado de outras lesões císticas, como lipomas e tumores benignos.
O tratamento inicial inclui medidas compressivas e infiltração de triancinolona após a drenagem do conteúdo cístico. Nos casos resistentes, pode ser indicada a excisão cirúrgica, embora haja alta taxa de recidiva.
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Referências
RIVITTI, Evandro A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2024. E-pub. ISBN 978-85-367-0279-7.
Adam O Goldstein, MD, MPH. Overview of benign lesions of the skin. UpToDate, 2024. disponível em: UpToDate