Resumo de protocolo FAST: janelas, técnica e mais!

Resumo de protocolo FAST: janelas, técnica e mais!

O FAST é uma ferramenta importante no cenário do trauma. Confira os principais aspectos referentes a este exame que pode ser útil em seus atendimentos na emergência e são cobrados nas provas de residência médica! 

O que é Focused Assessment with Sonography for Trauma (FAST)

O Focused Assessment with Sonography for Trauma (FAST) é o termo utilizado para descrever janelas e padrões de ultrassonografia utilizados na emergência para avaliar pacientes traumatizados. O termo foi utilizado inicialmente como Focused Abdominal Sonography for Trauma em 1996, mas modificado para refletir as aplicações fora do abdômen. 

Cerca de 80% das lesões traumáticas são contusas, sendo a maioria das mortes secundárias ao choque hipovolêmico. Destes, sangramentos intraperitoneais ocorrem em 12% dos traumas contusos, justificando a importância do uso do FAST para avaliação de pacientes politraumatizados.

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Indicações do uso de FAST

No contexto da emergência, o FAST está indicado para avaliar pacientes com trauma abdominal ou torácico contuso ou penetrante, com choque ou hipotensão sem causa óbvia. A maioria desses pacientes, se hemodinamicamente estáveis, é submetida a tomografia computadorizada (TC) dentro do trauma. 

#Ponto importante: A única contraindicação ao exame FAST é a necessidade de cirurgia imediata.  

O objetivo principal do exame FAST é determinar a presença de líquido livre pericárdico, intratorácico ou intraperitoneal patológico ou a presença de pneumotórax.  

Janelas do FAST

O exame FAST avalia o pericárdio e três espaços potenciais dentro da cavidade peritoneal para fluido patológico nas janelas hepática, esplênica e pélvica. Recentemente, o protocolo Extended FAST (eFAST) foi introduzido e passa a examinar cada hemitórax quanto à presença de hemotórax e pneumotórax. 

O exame eFAST é feito em modo B em tempo real e o objetivo é avaliar se há fluido livre em locais dependentes específicos dentro da cavidade peritoneal, presumindo dentro do cenário de trauma que esse fluido seja sangue e sinal de lesão, podendo também representar urina em casos de trauma pélvico. 

#Ponto importante: O fluido livre normalmente aparece como uma coleção anecoica, mas o sangue coagulado pode parecer ecogênico. 

Crédito: Flato, U. A. P. et al. Utilização do FAST em terapia intensiva (2010).

Janela pericárdica

O probe é posicionado na região subxifóide ou subcostal para avaliar o espaço pericárdico. O líquido que se acumula entre as camadas pericárdio visceral e parietal aparece como uma faixa anecóica escura. 

Esta imagem de ultrassom revela um grande derrame pericárdico (E) visto usando uma visão subxifóide como parte do exame FAST. Crédito: Uptodate. 

Fora do protocolo de trauma, o coração é avaliado quanto à presença de tamponamento cardíaco, anormalidades globais do movimento da parede e outras evidências de lesão, além da adequação do enchimento ventricular direito.

Janela hepatorrenal

Coloca-se o probe curvilínea ao longo da linha axilar posterior à média entre os espaços da 8ª e 11ª costelas para estabelecer uma visão coronal da interface entre o fígado e o rim direito, conhecida como bolsa de Morrison. A janela também pode ser realizada subcostalmente após a respiração profunda do paciente, que desloca a margem hepática inferiormente.

Crédito: Flato, U. A. P. et al. Utilização do FAST em terapia intensiva (2010).

Janela esplenorrenal

Para se obter a imagem, o transdutor é colocado entre a 6ª e a 9ª costelas na orientação sagital e, assim como na visualização do flanco direito, o probe é movido da região anterior para a posterior do abdome para visualizar toda a região. Espalhe anteriormente e posteriormente para inspecionar os espaços esplenorrenal e periesplênico para avaliação de fluido livre em cavidade peritoneal. 

Para visualizar o espaço subfrênico e o hemitórax inferior esquerdo deve-se mover o transdutor na direção cefálica e caudalmente para obter a imagem da calha paracólica esquerda. 

Crédito: Flato, U. A. P. et al. Utilização do FAST em terapia intensiva (2010).

Janela suprapúbica

A bexiga fornece a janela ultrassonográfica para visualização da pelve, sendo o espaço mais dependente no paciente em decúbito dorsal e, portanto, um local importante para procurar líquido livre. 

O transdutor é aplicado na sínfise púbica com o marcador da sonda e apontado para a cabeça do paciente. Uma bexiga cheia é preferível para avaliar quantidade de líquido livre menor, no entanto, se a bexiga estiver descomprimida, aponte a sonda caudalmente. 

Crédito: Flato, U. A. P. et al. Utilização do FAST em terapia intensiva (2010).

Janela torácica ou pleural

Por mais que as janelas do flanco esquerdo e direito sejam úteis para identificar o hemotórax, são necessárias visualizações pleurais separadas usando uma sonda de frequência mais alta para visualizar um pneumotórax.  

Nesses casos, em vez do transdutor padrão curvilíneo ou phased array usado para o exame FAST básico, um transdutor linear de alta frequência (5 a 10 MHz) pode ser usado para obter a visualização ideal da interface entre o visceral e o parietal pleura do pulmão. 

Mesmo existindo vários locais para procurar pneumotórax com ultrassom, mais comumente é utilizado com o paciente em decúbito dorsal e o transdutor posicionado na orientação longitudinal ao longo da linha hemiclavicular no terceiro ao quarto espaço intercostal. Esta é a porção mais anterior da cavidade torácica onde o ar livre se acumula como um pneumotórax. 

Locais de exame alternativos incluem o segundo ICS na linha hemiclavicular, o quarto ICS na linha hemiclavicular, o quarto ICS na linha axilar anterior, o sexto ICS na linha axilar anterior e o sexto ICS na linha axilar média. Os pulmões esquerdo e direito devem ser examinados. 

Normalmente, as pleuras visceral e parietal movem-se uma contra a outra, criando um artefato deslizante conhecido como sinal de “marcha das formigas” ou “cauda de cometa”. A ausência desse movimento é indicativa de rompimento entre as membranas serosas pela presença de ar. A presença de artefatos de cauda de cometa e linhas B indicam a ausência de um pneumotórax, como vemos na figura abaixo.

Crédito: Uptodate

No modo M, a imagem heterogênea em tons de cinza resultante terá uma interface distinta no nível das pleuras. O deslizamento normal do pulmão cria um artefato granulado abaixo da linha pleural conhecido como “sinal da praia”. No cenário de um pneumotórax, a imagem homogênea resultante carece desse artefato granulado, conhecido como sinal de “código de barras” ou “estratosfera”. 

Compare a pleura parietal no painel A, que aparece como uma série de linhas paralelas e não flutuantes (“ondas”) com a pleura visceral, que aparece mais granular, como areia (“praia”). O painel B mostra uma aparência pulmonar anormal consistente com pneumotórax. Tanto acima quanto abaixo da linha parietal, apenas linhas paralelas e não flutuantes são vistas. Crédito: Uptodate

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bloom BA, Gibbons RC. Focused Assessment With Sonography for Trauma. [Updated 2023 Feb 5]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470479/
  • Flato, U. A. P., Guimarães, H. P., Lopes, R. D., Valiatti, J. L., Flato, E. M. S., & Lorenzo, R. G.. (2010). Utilização do FAST-Estendido (EFAST-Extended Focused Assessment with Sonography for Trauma) em terapia intensiva. Revista Brasileira De Terapia Intensiva, 22(3), 291–299. https://doi.org/10.1590/S0103-507X2010000300012
  • Manoj Pariyadath, Greg Snead. Emergency ultrasound in adults with abdominal and thoracic trauma. Disponível em Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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