E aí, doc! Pronto para explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a indometacina, um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) amplamente utilizado no manejo de condições inflamatórias, como artrite reumatoide e gota.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a fortalecer seus conhecimentos, otimizando a prática clínica e o cuidado ao paciente.
Vamos nessa?
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Definição de Indometacina
A indometacina é um medicamento pertencente à classe dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) derivados do ácido acético, amplamente utilizada no manejo de condições inflamatórias agudas e crônicas. É indicada principalmente para o tratamento de artrite reumatoide, osteoartrite, espondilite anquilosante e crises agudas de gota, além de outras desordens musculoesqueléticas.
Possui ação analgésica, anti-inflamatória e antipirética, o que a torna eficaz no alívio de sintomas como dor e inflamação associados a essas condições. Sua utilização clínica também inclui aplicações específicas, como o fechamento do ducto arterioso persistente em recém-nascidos prematuros, uma condição que pode levar a complicações cardiovasculares se não tratada.
Mecanismo de ação da Indometacina
A indometacina é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) cujo mecanismo de ação principal envolve a inibição das enzimas ciclo-oxigenase (COX-1 e COX-2). Essas enzimas são responsáveis pela conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas e tromboxanos, substâncias essenciais para o processo inflamatório, a modulação da dor e a regulação da febre. Ao inibir a produção dessas moléculas, a indometacina reduz a inflamação, a dor e a febre associados a diversas condições clínicas.
Além disso, a indometacina promove a incorporação de ácido araquidônico livre em triglicerídeos, o que reduz a disponibilidade desse substrato para as vias da ciclo-oxigenase e da lipo-oxigenase, amplificando seu efeito anti-inflamatório.
Outro aspecto importante é sua capacidade de inibir diretamente a motilidade dos neutrófilos, células que desempenham um papel central no processo inflamatório ao liberar mediadores químicos e gerar dano tecidual. Essa ação contribui para seu efeito anti-inflamatório adicional, mas também pode explicar sua elevada toxicidade gastrointestinal e outros efeitos adversos.
Indicações da Indometacina
A indometacina é utilizada para tratar diversas condições inflamatórias e dolorosas. Aqui está a lista completa das indicações principais e off-label:
Indicações Principais
- Dor aguda leve a moderada: especialmente em casos de crises de gota, bursite e tendinopatia do ombro.
- Artrite reumatoide: tratamento de manifestações moderadas a graves, incluindo crises de doença crônica.
- Osteoartrite: controle de sintomas em casos moderados a graves.
- Espondilite anquilosante: tratamento de inflamação e dor associadas à condição.
- Crises de gota aguda: redução da dor e inflamação em surtos de gota.
- Persistência do canal arterial: para fechamento do canal arterial patente em bebês prematuros com peso entre 500 e 1750 g.
Indicações Off-Label
- Hemicrania paroxística e hemicrania contínua: cefaleias primárias raras que respondem bem à indometacina.
- Pericardite aguda ou recorrente: redução da inflamação em associação com colchicina.
- Prevenção de pancreatite pós-cpre: uso retal antes ou após o procedimento para prevenir inflamação.
- Dismenorreia: alívio de cólicas menstruais intensas.
- Tocólise: em gestação entre 24 e 32 semanas para evitar trabalho de parto prematuro (uso limitado a curto prazo).
Condições Inflamatórias e Reumáticas Adicionais
- Artrite psoriática: controle da inflamação articular.
- Bursite e tendinite aguda: redução da inflamação e dor localizadas.
- Cefaleia em salva (ocasional): em situações específicas quando outras terapias não são eficazes.
Contraindicações da Indometacina
- Alergia à indometacina ou outros AINEs: reações de hipersensibilidade, como anafilaxia ou reações cutâneas graves.
- Histórico de asma ou urticária induzida por AINEs ou aspirina: risco de broncoespasmo severo.
- Sangramento gastrointestinal ativo ou recente: incluindo úlceras gástricas ou duodenais.
- Doença inflamatória intestinal ativa: como colite ulcerativa ou doença de Crohn em atividade.
- Insuficiência hepática ou renal grave: devido ao risco aumentado de toxicidade.
- Insuficiência cardíaca grave não controlada: contraindicado pelo risco de retenção hídrica e piora do quadro.
- Período perioperatório de cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM): maior risco de eventos cardiovasculares.
- Terceiro trimestre da gravidez: risco de fechamento precoce do ducto arterial no feto.
- Amamentação: contraindicado devido à excreção pelo leite materno.
- Crianças menores de 14 anos: contraindicado para formas orais em algumas indicações, salvo orientação específica.
Contraindicações Relativas
As contraindicações relativas ao uso de indometacina incluem histórico de úlceras ou sangramento gastrointestinal, especialmente em idosos, e hipertensão arterial não controlada, que pode ser agravada.
Em pacientes com doença cardiovascular ou risco elevado, há maior chance de infarto ou AVC, exigindo precaução. Alterações hematológicas, como coagulopatias ou uso de anticoagulantes, também aumentam o risco de sangramentos. Além disso, condições neurológicas, como epilepsia e Parkinson, podem ser exacerbadas, e em casos de lúpus eritematoso sistêmico (LES), há risco de meningite asséptica.
Efeitos adversos da Indometacina
Os efeitos adversos mais comuns da indometacina incluem sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos, dor abdominal, dispepsia e azia, além de cefaleia, e sonolência. Esses efeitos ocorrem em mais de 10% dos pacientes e, embora sejam frequentemente leves, podem afetar a adesão ao tratamento.
Em cerca de 1% a 10% dos casos, podem surgir constipação, diarreia e desconforto abdominal, bem como sintomas cardiovasculares, como hipertensão e b. No sistema nervoso, fadiga, vertigem e insônia também são observadas. Reações dermatológicas, como prurido e erupções cutâneas, são possíveis nessa frequência.
Entre os efeitos mais raros, porém mais graves, estão a perfuração gastrointestinal, ulcerações e sangramentos, além de condições hematológicas como anemia aplástica, trombocitopenia e agranulocitose. Complicações cardiovasculares graves, como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e vasculite, também podem ocorrer. No sistema renal, há relatos de insuficiência renal e nefrite intersticial, enquanto, no fígado, hepatite, icterícia e elevações de enzimas hepáticas são possíveis.
Outros efeitos raros incluem reações neurológicas graves, como confusão, parestesias, convulsões e agravamento de doenças preexistentes, como Parkinson. A indometacina também pode causar reações dermatológicas severas, como síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica.
Reações oftálmicas, como depósitos na córnea, visão turva e distúrbios da retina, e episódios de anafilaxia e hipersensibilidade completam a lista de possíveis reações adversas, ressaltando a importância de acompanhamento médico durante o uso.
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Referências
Indomethacin: Drug information. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
GOLAN, David E. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
MERCK SHARP & DOHME (Itália) S.p.A. Bula do medicamento INDOCID® (indometacina). Disponível em: https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/indocid.pdf. Acesso em: 10 dez. 2024.