Resumo de medidas de associação: risco relativo, razão de prevalência e mais!

Resumo de medidas de associação: risco relativo, razão de prevalência e mais!

Definição das medidas de associação

As medidas de associação (MA) quantificam a relação entre uma dada exposição e uma consequência. Existem medidas relativas e absolutas:

  • MA relativas indicam força terapêutica e o resultado é derivado do quociente de uma razão, como risco relativo (RR), Odds ratio (OR) e razão de prevalência (RP). Desta forma, é fácil entender que quando o valor é igual a 1 não há diferença estatística. 
  • MA absolutas indicam o impacto terapêutico e o resultado é derivado de uma subtração, como risco atribuível, redução relativa do risco (RRR), redução absoluta do risco (RRA) ou número necessário para tratar (NNT). Nesta medida de associação, um resultado igual a 0 indica que não houve significância estatísticas entre os grupos do estudo.  

Para ajudar no cálculo de medidas de associação, os dados epidemiológicos são muitas vezes apresentados numa tabela 2 por 2, também chamada de tabela de contingência:

DoentesNão doentesTotal
Expostosaba + b
Não expostoscdc + d
Totala + cb + d 
Matriz 2 x 2 Grupo exposição x Doença

Medidas de associação relativa

Risco relativo (RR)

É a comparação do risco de apresentar a doença entre os expostos e não expostos, avaliados a partir dos estudos de Coorte e determinado pela seguinte razão:

RR = Incidência entre os expostos / incidência entre os não expostos = a / (a+b) / c / (c+d) 

Neste exemplo, um RR de 1,2 significa que os expostos têm 1,2 vezes mais risco de desenvolver a doença que os não expostos, que é o mesmo que dizer 40% mais probabilidade de desenvolver a doença. 

Valores inferiores a 1, demonstram efeito protetor da exposição a determinada terapêutica. Por exemplo, um RR de 0,9 demonstra que a exposição à intervenção diminuiu o risco em 10% quando comparado com os não expostos. 

Razão de prevalência (RP)

A fórmula é a mesma do RR na matriz 2×2, o que muda é que se aplica a estudos transversais, onde a prevalência é estudada. 

#Ponto importante: Quando a variável estudada é a prevalência, não se calcula risco, mas sim a RP ou Odds Ratio

RP =prevalência  entre os expostos ÷ prevalência entre os não expostos = a ÷ (a+b) / c  ÷  (c+d)

Odds Ratio (OR)

Vai ser a razão entre a chance (odds) de desenvolver a doença nos expostos e a chance de desenvolver a doença nos não expostos. Pode ser calculado em estudo de coorte, em caso-controle ou, menos comumente, em estudos transversais

RP =odds de desenvolver doença nos expostos / odds de desenvolver doença nos não expostos =

RP =a ÷ c /b ÷ d = a x d ÷ c x b

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Medidas de associação absoluta

Risco atribuível (RA)

É utilizado em estudos observacionais (nenhuma intervenção está sendo testada). Ela mede o excesso de ocorrência de desfecho entre os expostos em comparação com os não-expostos. Por outro lado, o risco atribuível populacional, mede o excesso de ocorrência de desfecho na população geral, em que há expostos e não expostos, em comparação aos não expostos. 

Os valores absolutos e porcentagem estão representados nas fórmulas abaixo: 

RP =risco  nos expostos – risco nos não expostos

%RP =risco  nos expostos – risco nos não expostos ÷ risco em expostos

RAP=risco populacional – risco nos não expostos

RAP=risco populacional – risco nos não expostos ÷  risco populacional 

Redução do risco relativo (RRR)

É utilizado em estudos intervencionais, determinando em termo percentuais, que redução o tratamento provoca na ocorrência do desfecho no grupo tratado comparado ao grupo não tratado.  

RRR=1 – RR

#Ponto importante: Ela determina quantos porcento a intervenção estudada reduziu o desfecho, ou seja, a eficácia da terapêutica. 

No entanto, se ao fazer um estudo em que o risco relativo foi superior a 1, ou seja,  houve um aumento do risco relativo e a exposição a terapêutica foi prejudicial. O impacto do risco da intervenção pode ser calculado: 

Aumento do risco relativo=RR – 1

Ainda nos estudos de intervenção, é possível calcular o risco absoluto de risco (RAR), que determina quantos eventos foram evitados pela intervenção: 

RAR = Risco no grupo controle ÷ Risco no grupo intervenção = c ÷( c+d) – a ÷ (a +b) 

Número necessário para tratar (NNT)

Talvez um dos parâmetros de maior aplicabilidade, expressa a magnitude do efeito terapêutico, informando quanto pacientes é necessário tratar para que possa se evitar a ocorrência de um evento: 

NNT= 1  ÷ RAR

Exercício de medidas de associação

#Na prática: Vamos treinar simulando valores em um estudo em que se propunha testar a eficácia de um tratamento medicamentoso comparado a um grupo que não recebe a medicação. 

DoentesNão doentesTotal
Receberam
medicação
40300340
Não receberam
medicação
60100160
Total100400500

RR= 40 ÷  (40+300) / 60 ÷ (60+100) = 0,31

A partir do RR, percebemos que houve uma redução no risco relativo no grupo intervenção. Logo, devemos calcular a redução do risco relativo e o risco absoluto de risco (RAR):

RRR= 1 – 0,31 = 0,69

RAR = 60 ÷ ( 60+100) -40 ÷ (40 +300) = 0,25

Desta forma, a intervenção com o tratamento medicamentoso reduziu o evento em 69%, valor que representa sua eficácia. Além disso, o tratamento reduziu o risco 25% a mais (valor absoluto) que o grupo controle, calculado através do RAR.   

Considerando um RAR de 0,25, a cada 4 pacientes tratados se evitaria um evento, sendo uma medida grosseira de efetividade.   

  NNT= 1  ÷0,25 = 4

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Ana Paula Sayuri Sato. Medidas de Associação. Disponível em USP
  • ário B. Wagner. Medidas de associação em estudos epidemiológicos: risco relativo e oddis ratio. Jornal de Pediatria, 1998. Disponível em UFRGS
  •  Crédito da imagem em destaque:Pexels
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