Resumo sobre Transtorno do Estresse Pós-Traumático: definição, características clínicas e mais!
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Resumo sobre Transtorno do Estresse Pós-Traumático: definição, características clínicas e mais!

E aí, doc! Vamos mergulhar em mais um tema essencial? Hoje o foco é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), uma condição complexa que surge após experiências traumáticas intensas. 

O Estratégia MED está aqui para facilitar o entendimento desse transtorno e ajudar você a fortalecer seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica mais assertiva e sensível.

Vamos nessa!

Definição de Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um distúrbio psiquiátrico que surge após a exposição a eventos traumáticos intensos, como situações de violência, acidentes graves, desastres naturais ou experiências de guerra. 

Caracteriza-se pela presença de sintomas intrusivos, como flashbacks, pesadelos e pensamentos recorrentes sobre o trauma, além de comportamentos de evitação a estímulos que lembram o evento, hipervigilância e alterações de sono. 

Esses sintomas podem levar a prejuízos significativos nas esferas social, ocupacional e pessoal, tornando o diagnóstico complexo devido à diversidade de manifestações e à possível presença de outros transtornos associados.

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Fatores de risco para TEPT

Os fatores de risco para o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) incluem uma combinação de aspectos individuais e sociais que podem influenciar tanto a probabilidade de desenvolver o transtorno quanto a forma como ele se manifesta. Entre os principais fatores estão:

  • Histórico de exposição ao trauma antes do evento traumático principal
  • Menor nível educacional
  • Status socioeconômico baixo
  • Adversidades na infância, como abuso ou trauma
  • Histórico psiquiátrico pessoal e familiar
  • Gênero (com maior prevalência em mulheres)
  • Raça (alguns grupos podem estar mais vulneráveis devido a fatores culturais e socioeconômicos)
  • Apoio social fraco
  • Lesão física durante o evento traumático, incluindo lesão cerebral traumática
  • Gravidade inicial da reação ao evento traumático

Fisiopatologia do TEPT

A fisiopatologia do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) envolve alterações estruturais e funcionais no cérebro, além de influências genéticas e hormonais. Estudos de neuroimagem indicam que pacientes com TEPT frequentemente apresentam uma diminuição do volume do hipocampo, da amígdala esquerda e do córtex cingulado anterior, regiões associadas à memória, ao processamento emocional e à resposta ao estresse. Essas mudanças podem comprometer a capacidade de processar memórias traumáticas e regular emoções.

O sistema neuroendócrino também sofre alterações no TEPT, como o aumento dos níveis de norepinefrina central e uma regulação negativa dos receptores adrenérgicos centrais, o que pode intensificar a resposta ao estresse. Além disso, há uma redução crônica dos níveis de glicocorticoides com regulação positiva dos receptores de glicocorticoides, o que poderia contribuir para a maior prevalência de doenças autoimunes em indivíduos com TEPT.

A genética também desempenha um papel na vulnerabilidade ao TEPT, sugerindo que a condição é poligênica e influenciada por múltiplos loci no genoma. Como exemplo, polimorfismos no gene FKBP5, ligado à resposta ao estresse, têm sido associados a um maior risco de TEPT em pessoas que sofreram abuso infantil, evidenciando uma interação gene-ambiente.

A exposição prévia a traumas pode “sensibilizar” o indivíduo, aumentando o risco de desenvolver TEPT após eventos traumáticos subsequentes, embora o mecanismo exato dessa sensibilização ainda não esteja totalmente esclarecido.

Critérios diagnósticos 

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) se caracteriza pelo desenvolvimento de sintomas após a exposição a eventos traumáticos significativos, como ameaças de morte, lesões graves ou violência sexual. 

A manifestação clínica do TEPT varia, podendo incluir revivência do evento traumático, emoções disfóricas, cognições negativas, e sintomas dissociativos. A seguir, os critérios principais do TEPT são discutidos, com foco nos sintomas específicos para adultos, já que os critérios para crianças até seis anos diferem.

Exposição ao Trauma (Critério A)
O trauma que desencadeia o TEPT pode envolver exposição direta, presença em eventos traumáticos ocorridos com outros, conhecimento de situações traumáticas vividas por entes queridos, ou exposição ocupacional a detalhes de eventos aversivos. Situações de ameaça real e intencional, como tortura e abuso sexual, são particularmente graves. O Critério A inclui também emergências médicas ou experiências que evocam terror iminente.

Revivência do Trauma (Critério B)
Após o evento, o indivíduo pode experimentar memórias intrusivas e involuntárias, sonhos angustiantes ou flashbacks. Em crianças, o trauma pode aparecer em brincadeiras que reencenam o evento. Essa revivência é distinta de ruminações depressivas, pois envolve memórias vívidas e sensoriais do evento.

Evitação (Critério C)

O indivíduo tende a evitar qualquer estímulo que possa relembrar o trauma, como pensamentos, conversas, atividades ou lugares relacionados ao evento.

Alterações Cognitivas e de Humor (Critério D)
As alterações incluem crenças negativas persistentes sobre si mesmo e o mundo, culpa distorcida sobre o trauma, perda de interesse em atividades prazerosas, isolamento social e incapacidade de sentir emoções positivas.

Alterações em Excitação e Reatividade (Critério E)
Essa dimensão inclui irritabilidade, comportamento agressivo ou autodestrutivo, como abuso de substâncias e direção imprudente. Esses sintomas pioram após a exposição ao trauma e refletem dificuldades em regular as reações emocionais.

Tratamento de TEPT

O tratamento para Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) começa com o diagnóstico precoce, quando possível, para evitar a cronicidade dos sintomas, embora seja necessário mais embasamento empírico para confirmar o impacto da intervenção precoce, especialmente no caso de medicamentos. 

Intervenções de suporte, como psicoeducação e gerenciamento de caso, são recomendadas para pacientes gravemente traumatizados. Estabelecer metas claras junto ao paciente é essencial para o sucesso do tratamento e envolve avaliar regularmente a segurança do paciente e a presença de sintomas como revivências intrusivas, hiperexcitação e comportamentos evitativos, além de abordar comorbidades, como transtornos de humor e uso de substâncias.

A psicoterapia focada no trauma é o tratamento de primeira linha para a maioria dos pacientes com TEPT, abrangendo técnicas como a terapia cognitivo-comportamental focada no trauma, terapia baseada em exposição e a terapia de dessensibilização e reprocessamento por movimento ocular. 

Estudos comparativos sugerem que tanto a psicoterapia focada no trauma quanto a monoterapia com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) apresentam eficácia semelhante, com leve vantagem para a psicoterapia. 

O tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) com inibidores de recaptação de serotonina (ISRSs e SNRIs) oferece uma abordagem alternativa ou complementar, especialmente útil em casos de comorbidades, como depressão. 

ISRSs, como sertralina e citalopram, são geralmente preferidos devido ao suporte de estudos robustos, embora SNRIs, como venlafaxina, também sejam opções válidas, particularmente quando há resistência ou limitações ao uso de ISRSs.

A administração de ISRSs e SNRIs costuma começar com doses terapêuticas baixas, que são aumentadas gradualmente. A sertralina, por exemplo, inicia-se com 25 a 50 mg/dia, e, em caso de resposta mínima, pode ser elevada até 250 mg/dia. O período de avaliação mínima para determinar a eficácia do tratamento com ISRSs e SNRIs é de seis a oito semanas na dose máxima tolerada. 

Apesar do suporte empírico para ISRSs e SNRIs, a resposta ao tratamento farmacológico do TEPT varia bastante entre os pacientes. Sintomas como distúrbios do sono frequentemente resistem ao tratamento, muitas vezes requerendo abordagens adicionais ou o uso de múltiplos medicamentos, caracterizando a polifarmácia. Para esses casos, a terapia combinada, farmacoterapia com psicoterapia focada no trauma, pode proporcionar uma resposta mais abrangente e eficaz.

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Referências

Murray B Stein, MD, MPH. Posttraumatic stress disorder in adults: Treatment overview. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

Jitender Sareen, MD, FRCPC. Posttraumatic stress disorder in adults: Epidemiology, pathophysiology, clinical features, assessment, and diagnosis. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014

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