“Eu sinto que a gente tem que se esforçar o dobro para mostrar que é competente”: trajetória de um aprovado no Revalida

“Eu sinto que a gente tem que se esforçar o dobro para mostrar que é competente”: trajetória de um aprovado no Revalida

Confira a história de Diego Moraes, médico aprovado no Revalida que estudou com o Estratégia MED e conquistou seu CRM em 2021. Conheça, além de como ele se preparou, a sua emocionante trajetória pessoal e profissional!

Escolha da Medicina

“Dez anos atrás eu ajoelhava, orava e pensava de olhos fechados ‘Senhor, o meu sonho é ser médico e não sei nem por onde começar, será que algum dia isso vai se concretizar?, relembra Diego Moraes Santos, 37, de Belém, Pará, que recentemente obteve sua aprovação no Revalida 2020.

Diego iniciou a sua carreira como fisioterapeuta e educador físico, realizou os dois cursos paralelamente. Após finalizar o ensino médio, escolheu a fisioterapia e na metade do curso, se interessou pela parte de reabilitação esportiva. Porém, quando se formou, ficou infeliz com a pouca valorização e remuneração do mercado de trabalho.

O belenense, então, escolheu a medicina. Contudo, após oito anos sem estudar para o vestibular e por uma questão financeira, além de pensar que “não tinha mais cabeça” para encarar quantos anos de cursinho fossem necessários para a aprovação em uma universidade pública, optou por estudar fora do Brasil, já que as faculdades particulares seriam inviáveis financeiramente. 

O foco de Diego era a ortopedia, “desde antes da medicina eu sempre me encantei com a ideia de ser cirurgião, achava que eram os melhores médicos, tinha essa ideia boba. Além disso, por ter uma formação prévia em educação física e fisioterapia, ele – assim como todos ao seu redor – pensavam que o ideal seria conciliar as três profissões com a especialidade de ortopedia, “sempre ouvia que eu seria o profissional completo, disse ele.

Durante a faculdade de Medicina na Universidade Adventista del Plata (UAP), Argentina

O local escolhido para a formação foi a Universidade Adventista del Plata (UAP), na Argentina, faculdade cristã privada em Libertador San Martín, na província de Entre Rios. “Eu sou adventista e era uma universidade muito boa, consolidada, com quase 25 anos formando médicos. No Brasil, a faculdade de medicina tem duração de seis anos, sem contar os anos de especialização. Na Argentina, são sete anos de estudos. Diego, após se formar, trabalhou por 1 ano e meio na Argentina e voltou para o Brasil por meio do Programa “Mais Médicos”, criado em 2014 com o objetivo de suprir a carência de médicos no interior e nas periferias das grandes cidades brasileiras.

O período do curso na Argentina é maior por conta do conteúdo programático. São seis anos de internato rotativo nas quatro grandes áreas médicas e o sétimo ano realizando serviço comunitário, com a ideia do médico focar especificamente na atenção básica ou em algo que envolva prevenção de saúde. Para isso, a UAP tem convênios com outras instituições no mesmo e em demais países. O internato de Moraes, por exemplo, foi realizado em sua cidade natal, no Hospital Adventista de Belém, instituição particular mais importante do estado. Portanto, Diego passou seu sexto e sétimo ano realizando serviço comunitário no Brasil. Apenas voltou para a Argentina para a formatura.

Sobre o período na Argentina, Diego diz que academicamente o país está um passo à frente do Brasil. Ele faz a afirmação com a propriedade de quem realizou dois cursos superiores completos no país natal. “É completamente diferente a pegada deles, a parte acadêmica, o respeito que eles têm pelo professor, são muito tradicionais e sérios nesse sentido. O sistema de avaliação é muito mais exigente também”.

Na Argentina, também há o sistema das provas finais, o que não existe no Brasil. Ou seja, Diego passava suas férias de fevereiro e julho estudando para as avaliações e não tinha período de descanso.  Mesmo sendo cansativo, o médico percebeu ser capaz de absorver e administrar todos os conteúdos.

Além disso, a Universidade del Plata, desde sua fundação, posiciona-se como uma universidade internacional, com mais de 50 países representados. Diego se sentia em um ambiente receptivo ao estrangeiro e nunca sofreu qualquer tipo de preconceito. Me senti mais bem recebido lá como estrangeiro do que quando voltei aqui no Brasil como profissional, relata.

Na Argentina, o profissional sentia que a distância, em relação a satisfação, reconhecimento e remuneração, entre um médico e os demais profissionais de saúde era menor do que a do Brasil. E, pensando nas dificuldades da volta para o país de origem, percebe que é inevitável não passar a impressão para alguns brasileiros de que a experiência ao estudar em outro país é, no geral, ruim.

Porém, Diego afirma que, se não fosse toda a dificuldade em lidar com a questão da burocracia e se a volta para o Brasil fosse mais simples, teria escolhido se formar fora de qualquer maneira. Uma das razões é a experiência internacional que, para ele, não tem preço, como conhecer outra cultura, dominar um segundo idioma e ter oportunidade de trabalhar em outro país, com uma perspectiva diferente de um sistema de saúde. Na universidade, ele passou por uma experiência multicultural que diz ser incrível e inesquecível.

A realidade do médico estrangeiro no Brasil

Para Diego, o fato de ter se formado na Argentina passa a sensação de que o governo brasileiro não tem a obrigação de reconhecê-lo, já que o Brasil oferece a faculdade no próprio país. “Não quero vestir a carapuça de vira-lata”, diz ele. Apesar disso, ele sente que o curso de medicina tem “uma pedrinha a mais”, um grau de dificuldade elevado em comparação aos outros cursos na hora da convalidação graduação, pós-graduação e mestrado.

Segundo Moraes, isso demonstra o poder do Conselho Federal de Medicina (CFM) e como os médicos formados no Brasil enxergam os de fora como ameaça, “como se o esforço deles de passar aqui tivesse sido menosprezado, que vamos atrás de facilidade lá fora e agora queremos facilidade para entrar“, ironiza Diego. Além disso, o médico também se questiona: “será que se eu tivesse me formado aqui no Brasil eu pensaria da mesma forma que eu penso sendo formado fora?”.

Para Moraes, o governo reclama sobre a dificuldade de conseguir médicos para lugares mais distantes e com menos recursos. Por outro lado, alguns médicos realmente não querem ir justamente pela falta de recursos, então acabam se concentrando nos grandes centros. Assim, o Mais Médicos chega para trazer os médicos de fora do país para os lugares recusados por outros profissionais. Para Diego, a carreira médica, do ponto de vista de status e financeira, é atrativa e é interessante para os médicos limitarem a quantidade de  outros médicos, pela lei da oferta e procuraquanto menos médicos mais alto vai ser plantão e a consulta

Como consequência de seus estudos no exterior, quando retornou para o Brasil, Diego – assim como a maior parte de quem faz medicina fora do país – encontrou muito preconceito dos próprios colegas médicos, dos quais ouviu piadas. “Eu sinto que a gente tem que se esforçar o dobro pra mostrar que somos competentes, que você tem uma boa formação, sólida, sabe o que está fazendo e vai encarar o Revalida”.

De médico revalidando a médico revalidado

O médico fez parte da leva de pessoas formadas no final de 2017, mesmo período em que o Revalida deu uma pausa de três anos por falta de recursos. “Me formei com aquele sonho de que em 2018 eu ia ter a prova, ia ter tudo, e não teve em 2018 e 2019, mas só no final de 2020. Não ter uma data para a próxima avaliação foi difícil para Diego, que diz ter funcionado na base da pressão.

O hiato de três anos gerou em Moraes ansiedade e incerteza, ainda mais durante a pandemia, que “fez todas as leis serem passíveis de ficarem descumpridas, segundo ele. Em março de 2022, ele completa seu terceiro ano no Mais Médicos, “posso consultar, pedir exame, assinar atestado de óbito, mas não posso trabalhar em outro lugar, é ridículo isso”. Para ele, poderia existir uma prova específica para os médicos que estão no Mais Médicos, com conteúdos do dia a dia. “O pessoal que estuda fora só quer a oportunidade de fazer a prova e a lei está aí para nos amparar, mas ainda não foi respeitada. É o terceiro ano da aprovação do Revalida que ainda não tivemos duas provas anuais, é só o que o pessoal quer”, explica Diego. 

O Revalida, para ele, é uma prova de fogo, além de ser um pouco injusta. “A prova escrita seguiu o padrão dos últimos anos, mas agora a prova prática realmente tinha um pouquinho de maldade, disse Diego. Para ele, ainda, os revalidandos são alvos de uma avaliação diferente do que seria aplicada para avaliar os formados no Brasil, “fica esse sentimento, mesmo para quem aprova. A gente fica com a sensação de que somos um corpo estranho dentro do próprio país. Para Diego, a política de reserva de mercados do Conselho Federal de Medicina é muito pesada, “tem muito isso de achar que vamos estar roubando espaço, roubando pacientes, eles não economizam no que podem fazer para dificultar nossa aprovação”. Segundo as estatísticas, foram 7% de aprovados no Revalida de 2020, “será que realmente só 7% dos 15 mil médicos formados fora não têm o conhecimento e preparo mínimo para atender os pacientes aqui?”, diz Moraes.

O projeto de lei 6.176/2019, aprovado pelo senado em novembro de 2019, determinou que terão duas provas para o Revalida por ano. “Para o povo que está chegando agora, eu acho que será menos estressante, porque se você não tentou agora já sabe que no próximo semestre vai ter outra prova. Esse processo dinâmico vai ajudar muito ao pessoal a estudar e se focar melhor”, disse Moraes.

Diego começou a estudar para o Revalida já nos seus últimos anos de residência e passou seus próximos três anos de espera estudando ininterruptamente, com materiais de quase todos os cursinhos do mercado, intensivos e extensivos. Foi nesse momento que ele conheceu o Estratégia MED, através de uma propaganda em suas redes sociais sobre o Banco de Questões. Para ele, o curso chegou para suprir a sua necessidade, pois “todos os outros [cursos] tem o banco de questões, mas para os assinantes do curso completo extensivo, então eu já não aguentava mais ver aula, eu queria ficar respondendo questões e para mim não tinha vantagem pagar novecentos, mil e poucos reais só para isso. Foi a sacada de mestre que deu uma rasteira em toda a concorrência, Estratégia MED, o maior diferencial de vocês. Um preço menor só para quem quer ficar respondendo questões”.

Além disso, Diego também tem acesso a provas antigas e simulados. Para ele, os comentários do Estratégia MED são completos, o que elimina a necessidade de procurar o porquê, por exemplo, de alguma questão estar incorreta, pois os professores são muito qualificados e já explicam com o conteúdo mais atualizado possível. “Queria ter conhecido o Estratégia MED um pouco antes. É algo que faço propaganda de graça”.

Mudança de planos e as provas para Residência Médica

Durante toda a sua vida, a ortopedia era a opção ideal, sendo um “profissional completo” ao combinar as profissões. “Descobri que eu estava romantizando a ortopedia”, diz ele, após avaliar a especialidade. Diego percebeu que na psiquiatria encontraria uma oportunidade de vida mais tranquila, sem o estresse, responsabilidade e risco de um ambiente cirúrgico que o ortopedista assume.

A psiquiatria veio à tona na vida de Diego, principalmente durante a pandemia, que segundo ele, escancarou e descompensou quem já tinha problema mental e quem não tinha acabou desenvolvendo”. Durante as suas consultas e desabafos de pacientes, ficou claro o que o médico deveria fazer dali para a frente. Ele simpatizou, se identificou e descobriu um amor que pensou não poder existir pela profissão, já que desde antes da Medicina ele pensava que os cirurgiões eram os “médicos mais tops” e seguiu o motivo errado: status. Hoje, ele não pretende prestar prova para nenhuma outra área além da psiquiatria e diz não ter um plano B para outra especialidade.

Até janeiro de 2022, o médico pretende realizar 8 provas, dentre elas, a SURCE e SUS-SP, e, para isso, já garantiu os Sprints do Estratégia MED.  A única aprovação em Residência Médica que faria o médico pensar em sair de Belém seria no seletivo do SUS-SP, por conta da credibilidade das instituições participantes da prova e no reconhecimento destas no mercado, “quero ficar em Belém por conta de comodidade, família, namorada, minha vida está aqui, vou morar em casa, a questão financeira vai ser melhor”, explica.

Conselho de Diego aos revalidandos e futuros residentes

Diego frisa o quanto as situações não são fáceis para ninguém, para a pessoa formada no Brasil e muito menos para a formada fora do país. Para ele, existem pessoas que se preparam do jeito que conseguem, não têm dinheiro para pagar um curso caro no Brasil e acabam indo para o exterior para ter acesso a um conteúdo bom com o valor mais acessível. “Não é fácil para ninguém, mas a gente tem que sonhar e a nossa hora vai chegar, nunca desista”

O seu objetivo na medicina, além de ter se descoberto na psiquiatria, é conciliar a assistência médica com a docência, “quero morrer num hospital universitário, dando aula para os alunos e atendendo meus pacientes, mas estando com alunos ao lado”.

O médico, ainda, diz que apesar de todas as dificuldades financeiras, com idioma, outro país, “se a gente for listar a gente não sai daqui hoje”, todos devem acreditar em si mesmos e que não existe conquista sem sangue. Para ele, “quanto mais alto você quer chegar, maior seu sacrifício”. Por isso, é comum renunciar a certas situações e confortos para estudar, mas sem exagero para não acabar indo mal nas provas e ainda desenvolver um burnout. “Não quero fazer da Medicina o meu tudo, vai ser uma parte importante, mas quero encontrar esse equilíbrio”.

Diego, em seu tempo livre, pratica exercícios físicos e sai com sua namorada nos finais de semana, porém, está focado até a sua última prova de Residência Médica. “Se você quer muito uma coisa você tem que estar disposto a pagar o preço, mas de uma forma inteligente”.

Ao abrir seus olhos e perceber que passaram dez anos do seu primeiro “será que conseguirei ser médico no Brasil?”, Diego diz sentir que “exorcizou um fantasma” chamado Revalida em sua vida, já que tinha tanto em jogo, como a sua credibilidade – por sentir, muitas vezes, que precisava provar algo para alguém – e a expectativa de sua família. “Ter passado no Revalida foi a cerejinha do bolo para falar: eu fui e passei no sistema de avaliação, justo ou injusto, que o governo brasileiro me submeteu”, revela o médico. Hoje, ele diz ter a sensação de dever cumprido e que o sonho de Medicina, que antes estava pela metade, finalmente se concretizou.

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