Resumo de Adenovírus: transmissão, sintomas e mais!
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Resumo de Adenovírus: transmissão, sintomas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O adenovírus é um agente viral frequente na prática clínica, associado a uma ampla gama de manifestações que variam de quadros respiratórios leves até infecções graves em pacientes imunossuprimidos. Sua resistência no ambiente e a capacidade de persistência assintomática em hospedeiros tornam o controle e a vigilância essenciais, sobretudo em ambientes coletivos

Embora a maioria dos casos seja autolimitada, complicações potencialmente graves podem ocorrer em populações vulneráveis

Conceito 

Adenovírus são vírus de DNA de dupla fita, sem envelope, pertencentes à família Adenoviridae, capazes de infectar múltiplos tecidos humanos, como trato respiratório, trato gastrointestinal, conjuntiva ocular e trato urinário. São subdivididos em diferentes tipos sorológicos, sendo os tipos humanos agrupados principalmente nas espécies A a G.

Embora muitos casos sejam assintomáticos ou leves, a infecção pode se manifestar com apresentações clínicas variadas, desde quadros respiratórios comuns até gastroenterites, conjuntivites e cistites hemorrágicas, além de manifestações mais graves em indivíduos imunocomprometidos. O vírus é altamente resistente no ambiente, o que contribui para sua ampla disseminação e ocorrência de surtos, especialmente em instituições fechadas como creches, hospitais e quartéis.

Estrutura do adenovírus

O adenovírus apresenta uma morfologia icosaédrica, com cerca de 70 a 90 nanômetros de diâmetro, composta por uma cápside proteica sem envelope lipídico. Essa cápside é formada por proteínas estruturais principais, sendo a hexona, a pentona e a fibra as mais importantes:

  • Hexona: principal componente da cápside, formando as faces do icosaedro.
  • Pentona: localizada nos vértices, associada a proteínas de adesão viral.
  • Fibra: protrusão da pentona, responsável pela ligação inicial com o receptor celular do hospedeiro, definindo o tropismo do vírus.

Internamente, abriga um genoma de DNA linear de fita dupla, fortemente associado à proteína VII, semelhante à histona, que auxilia na compactação do material genético e na regulação da transcrição viral.

Essa arquitetura confere ao adenovírus uma alta estabilidade ambiental, permitindo sua sobrevivência por períodos prolongados em superfícies inanimadas e facilitando a transmissão por contato direto e indireto.

Transmissão

A disseminação do adenovírus ocorre por múltiplas vias, refletindo sua capacidade de infectar diferentes sistemas orgânicos. As principais formas de transmissão incluem:

  • Via respiratória: por meio de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar, sendo comum em surtos de infecções respiratórias.
  • Contato direto: ao tocar olhos, boca ou nariz após contato com secreções contaminadas ou superfícies infectadas.
  • Fecal-oral: especialmente em infecções entéricas, com maior prevalência em ambientes como creches e instituições de longa permanência.
  • Contato com superfícies ou objetos contaminados: o vírus pode permanecer viável por horas em superfícies como maçanetas, brinquedos e instrumentos médicos.
  • Água contaminada: menos comum, mas documentada em surtos associados a piscinas mal higienizadas.

Além disso, indivíduos imunocomprometidos podem eliminar o vírus por longos períodos, mesmo na ausência de sintomas, funcionando como reservatórios silenciosos e contribuindo para sua persistência na comunidade.

Epidemiologia e fatores de risco

As infecções por adenovírus são registradas ao longo de todo o ano, sem padrão sazonal definido, embora alguns surtos respiratórios ocorram com maior frequência no inverno e início da primavera. A transmissibilidade é elevada em locais com grande aglomeração de pessoas, como escolas, creches, hospitais, quartéis e abrigos. Crianças pequenas, especialmente entre 6 meses e 2 anos, são mais suscetíveis, mas adultos jovens também podem ser acometidos, especialmente em ambientes fechados.

A infecção é altamente prevalente na população geral, sendo frequente a reativação viral latente em indivíduos imunocomprometidos. Casos graves são mais comuns nesses pacientes e em situações de coinfecção ou uso prolongado de imunossupressores.

Principais fatores de risco:

  • Imunossupressão, seja por doenças primárias, transplantes, neoplasias ou uso de imunossupressores;
  • Doenças respiratórias ou cardíacas preexistentes;
  • Idade pediátrica, especialmente menores de 5 anos;
  • Ambientes de alta densidade populacional, como creches e alojamentos militares;
  • Contato próximo com indivíduos infectados, especialmente em surtos;
  • Higiene inadequada, principalmente em ambientes infantis ou hospitalares.

Avaliação clínica

A infecção por adenovírus pode se manifestar de forma variável, dependendo do tipo viral e da via de entrada no organismo. Embora muitos casos sejam assintomáticos ou se apresentem com sintomas leves, outros evoluem com quadros mais exuberantes, afetando múltiplos sistemas. As manifestações clínicas podem envolver desde infecções respiratórias altas até doenças gastrointestinais, urinárias, oculares e, em casos menos comuns, neurológicas. A seguir, os principais sintomas, organizados por sistema:

Sistema AcometidoManifestações Clínicas
RespiratórioRinorreia, tosse, febre, dor de garganta, bronquite aguda, pneumonia, crupe
GastrointestinalNáuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, quadro de gastroenterite aguda
OcularConjuntivite viral, ceratoconjuntivite epidêmica (CEK)
UrinárioCistite hemorrágica, disúria, hematúria macroscópica
Neurológico (raro)Meningite, encefalite, sinais de irritação meníngea, confusão mental
Sistêmico inespecíficoFebre alta, mialgia, mal-estar, linfadenopatia cervical

Diagnóstico 

O reconhecimento clínico da infecção por adenovírus deve considerar a variedade de manifestações possíveis e o contexto epidemiológico, especialmente em surtos comunitários ou hospitalares. Na maioria dos casos leves, o diagnóstico é presuntivo, baseado em sinais e sintomas típicos. No entanto, diante de apresentações graves, casos atípicos, surtos ou pacientes imunocomprometidos, exames laboratoriais são indicados.

Principais métodos diagnósticos:

  • PCR (reação em cadeia da polimerase): teste de escolha pela alta sensibilidade e especificidade, geralmente realizado como parte de painéis respiratórios ou entéricos multipatógenos.
  • Detecção de antígenos virais: técnica rápida, embora menos sensível que o PCR.
  • Cultura viral: utilizada principalmente em investigações epidemiológicas, com menor aplicação clínica de rotina.
  • Sorologia: de uso limitado na prática clínica, útil em estudos populacionais ou quando se busca confirmação retrospectiva.
  • Genotipagem molecular: realizada por sequenciamento, usada em vigilância epidemiológica para identificar sorotipos circulantes.

Na suspeita de pneumonia viral por adenovírus, especialmente em ambientes hospitalares, recomenda-se também a coleta de amostras respiratórias para exclusão de coinfecções bacterianas ou outros vírus respiratórios.

Tratamento 

Não existe tratamento antiviral específico aprovado para infecção por adenovírus na população geral. Na maioria dos casos, a abordagem é sintomática e de suporte, considerando que o quadro costuma ser autolimitado em indivíduos imunocompetentes.

Medidas gerais incluem:

  • Hidratação oral ou venosa, conforme necessidade clínica;
  • Antitérmicos e analgésicos, como paracetamol ou ibuprofeno, para alívio de febre e dor;
  • Repouso e monitoramento dos sintomas, especialmente em crianças pequenas;
  • Ventilação adequada e oxigenoterapia, nos casos respiratórios com comprometimento pulmonar;
  • Antibióticos apenas se houver evidência de infecção bacteriana associada.

Em pacientes imunossuprimidos com doença grave ou disseminada, pode-se considerar o uso de antivirais como cidofovir ou brincidofovir, embora o uso ainda seja limitado, com base em evidências restritas e sob supervisão de especialistas em infectologia.

Prevenção

A prevenção da infecção por adenovírus envolve estratégias comportamentais, ambientais e institucionais, uma vez que o vírus é altamente resistente no ambiente e pode permanecer viável por longos períodos em superfícies.

Medidas recomendadas incluem:

  • Higienização frequente das mãos, com água e sabão ou álcool a 70%, especialmente após contato com secreções, fraldas ou superfícies compartilhadas;
  • Evitar o compartilhamento de objetos pessoais, como toalhas, lençóis, óculos e maquiagem, principalmente em casos de conjuntivite;
  • Uso de desinfetantes eficazes, registrados na EPA, que eliminem adenovírus – os mesmos eficazes contra norovírus geralmente também o são;
  • Manutenção adequada de piscinas, com controle rigoroso dos níveis de cloro, para prevenir surtos de ceratoconjuntivite viral;
  • Isolamento de pacientes sintomáticos em instituições de saúde, com precauções de contato e gotículas;
  • Notificação de surtos às autoridades de saúde para controle e rastreamento.

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Referências Bibliográficas 

  1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Visão geral clínica do adenovírus. CDC, 2024. 
  1. USMAN, Norina; SUAREZ, Manuel. Adenoviruses. In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. 
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