Resumo de Cistos Orais Neonatais: tipos, tratamento e mais!
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Resumo de Cistos Orais Neonatais: tipos, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Os cistos orais do recém-nascido são achados comuns durante a avaliação da cavidade bucal nas primeiras semanas de vida. Apesar de benignos e transitórios, muitas vezes causam preocupação nos cuidadores. Este texto apresenta uma visão abrangente sobre definição, classificação, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento dessas lesões.

A regressão espontânea dessas estruturas ocorre pela fusão da parede cística com o epitélio oral, liberando o conteúdo queratinoso na cavidade bucal.

Conceito 

Os cistos orais do recém-nascido são pequenas lesões benignas, assintomáticas e transitórias que aparecem com frequência na cavidade oral de neonatos. Apresentam-se como pápulas esbranquiçadas ou amareladas, geralmente firmes e não flutuantes, com conteúdo queratinoso. Essas lesões não estão associadas a inflamações, não causam desconforto ao bebê e tendem a desaparecer de forma espontânea nas primeiras semanas ou meses de vida.

Apesar de muitas vezes passarem despercebidos ou gerarem preocupação nos cuidadores, essas estruturas fazem parte de alterações do desenvolvimento embrionário e não necessitam de intervenção.

Classificação

Os cistos orais do recém-nascido são classificados de acordo com a localização anatômica e a origem embrionária da lesão. As três principais entidades são:

  • Pérolas de Epstein: aparecem na linha média do palato duro, especialmente próximas à junção com o palato mole. São atribuídas ao aprisionamento de epitélio durante a fusão dos processos palatinos durante a embriogênese.
  • Nódulos de Bohn: localizados nas superfícies vestibular ou lingual das cristas alveolares, são considerados remanescentes de glândulas salivares menores. Diferenciam-se das pérolas de Epstein pela topografia fora da linha média palatina.
  • Cistos gengivais do recém-nascido (ou cistos da lâmina dentária): situam-se diretamente na crista alveolar, tanto na maxila quanto na mandíbula. Derivam de restos da lâmina dentária – tecido epitelial envolvido na formação inicial dos dentes.
Pérola de Epstein. StarPearls.

Fisiopatologia  

A formação dos cistos orais neonatais está diretamente relacionada aos processos de desenvolvimento embriológico da cavidade oral. Durante a gestação, entre a 8ª e a 11ª semanas, ocorre a fusão dos processos palatinos laterais, originando o palato secundário. Durante essa fusão, porções do epitélio superficial podem ficar aprisionadas entre as prateleiras palatinas, o que dá origem às pérolas de Epstein.

Já os nódulos de Bohn parecem estar associados à presença de glândulas salivares menores que, durante a diferenciação da mucosa oral, deixam remanescentes epiteliais que podem originar pequenos cistos. Por sua vez, os cistos gengivais se formam a partir de restos da lâmina dentária, estrutura embrionária envolvida na odontogênese. Após o desenvolvimento dentário, pequenos fragmentos epiteliais podem permanecer na crista alveolar e proliferar, formando cistos revestidos por epitélio escamoso e preenchidos por queratina.

Essas lesões são limitadas à mucosa oral, não se comunicam com estruturas profundas, não apresentam risco de disseminação e não interferem na alimentação nem na erupção dentária. O conteúdo queratinoso eventualmente é eliminado para a cavidade bucal, promovendo a regressão espontânea do cisto.

Epidemiologia 

Os cistos orais do recém-nascido são alterações frequentes e fisiológicas da cavidade oral neonatal. Estudos mostram que os cistos palatinos (pérolas de Epstein e nódulos de Bohn) ocorrem em cerca de 65% a 85% dos recém-nascidos, enquanto os cistos gengivais aparecem em 25% a 53% dos casos. Por serem tão comuns, essas lesões são muitas vezes consideradas variantes anatômicas normais

Há evidências de maior prevalência em bebês nascidos a termo quando comparados aos prematuros. O risco também tende a aumentar com o peso ao nascer, a idade gestacional avançada e o tempo de vida pós-natal. Não se observam diferenças significativas entre os sexos ou etnias.

Fatores de risco

  • Nascimento a termo;
  • Maior peso ao nascer;
  • Maior idade gestacional;
  • Idade pós-natal mais avançada (primeiras semanas);
  • Ausência de anomalias orofaciais, como fenda palatina (que altera a distribuição das lesões).

Avaliação clínica

Os cistos orais do recém-nascido são, em sua maioria, assintomáticos e não provocam dor, inflamação ou desconforto. São identificados como pequenas pápulas branco-amareladas, firmes ao toque, com diâmetro entre 1 e 3 mm. Frequentemente aparecem em grupos, embora possam surgir de forma isolada. Sua localização e aparência são características: as pérolas de Epstein surgem na linha média do palato duro, próximas à transição com o palato mole; os nódulos de Bohn aparecem nas superfícies vestibular e lingual da crista alveolar; e os cistos gengivais distribuem-se diretamente sobre a crista alveolar, com predomínio na maxila. Essas lesões não interferem na amamentação nem no processo de erupção dentária, sendo comumente detectadas durante o exame clínico de rotina.

Diagnóstico 

O diagnóstico dos cistos orais do recém-nascido é exclusivamente clínico, baseado na inspeção visual da cavidade oral durante o exame físico. A identificação leva em consideração a aparência das lesões, pápulas esbranquiçadas ou amareladas, pequenas, firmes e indolores, e sua localização característica, seja no palato, nas cristas alveolares ou nas margens vestibulares e linguais.

Como essas lesões são benignas, assintomáticas e autolimitadas, não é necessário solicitar exames laboratoriais ou de imagem. A diferenciação entre pérolas de Epstein, nódulos de Bohn e cistos gengivais raramente altera a conduta clínica, mas pode ser útil para fins acadêmicos ou de documentação.

O profissional deve estar atento para evitar diagnósticos incorretos, como candidíase oral (frequentemente confundida com os cistos gengivais) ou estruturas dentárias precoces (dentes natais ou neonatais). A distinção adequada permite evitar tratamentos desnecessários e tranquilizar os pais quanto à natureza passageira dessas formações.

Tratamento 

Os cistos orais do recém-nascido não requerem nenhuma forma de intervenção médica ou cirúrgica. São lesões autolimitadas, que regridem espontaneamente dentro de semanas a poucos meses após o nascimento, geralmente antes dos três meses de idade. A regressão ocorre com a ruptura espontânea do cisto e a eliminação do conteúdo queratinoso na cavidade oral.

A principal conduta consiste em tranquilizar os pais, explicando que se trata de uma condição benigna, indolor e que não compromete a alimentação nem o desenvolvimento bucal do bebê. Nenhum medicamento é necessário, e o uso de antifúngicos deve ser evitado, já que muitos casos são equivocadamente tratados como candidíase oral.

Resumo clínico

CaracterísticaPérolas de EpsteinNódulos de BohnCistos Gengivais do RN
Origem embrionáriaEpitélio aprisionado durante a fusão palatinaRemanescentes de glândulas salivares menoresRestos da lâmina dentária
LocalizaçãoLinha média do palato duroSuperfícies vestibular e lingual das cristas alveolaresCrista alveolar, mais comum na maxila
Aparência clínicaPápulas branco-amareladas, firmesIdênticas às pérolas de EpsteinIdênticas às demais
Tamanho1 a 3 mm1 a 3 mm2 a 3 mm
SintomasAssintomáticoAssintomáticoAssintomático
DiagnósticoClínicoClínicoClínico
TratamentoObservação e orientação parentalObservação e orientação parentalObservação e orientação parental
PrognósticoRegressão espontâneaRegressão espontâneaRegressão espontânea
Diagnósticos diferenciaisCandidíase, dentes natais, epúlide congênitaCandidíase, dentes natais, epúlide congênitaCandidíase, dentes natais, epúlide congênita

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Referências Bibliográficas 

  1. DIAZ DE ORTIZ, Laura E.; MÉNDEZ, Magda D. Palatal and Gingival Cysts of the Newborn. StatPearls Publishing, 2023. 
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