Olá, meu Doutor e minha Doutora! Você sabia que mergulhadores podem formar bolhas de ar nos vasos sanguíneos caso subam rapidamente a superfície? Essa condição é conhecida como doença da descompressão, uma forma particular de embolia gasosa.
Vem com o Estratégia MED entender o que é a embolia gasosa e como identificamos essa condição!
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O que é a Embolia Gasosa
A embolia gasosa nada mais é do que a presença de ar na circulação que se aloja em vasos sanguíneos, interferindo no fluxo sanguíneo normal e causando danos aos tecidos. É um evento incomum, mas pode ser catastrófico se não identificado e tratado rapidamente.
Fisiopatologia da Embolia Gasosa
A embolia gasosa pode ser classificada em dois tipos:
- Embolia gasosa venosa: A embolia gasosa venosa ocorre quando o ar entra na circulação venosa sistêmica e viaja para o ventrículo direito e a circulação pulmonar; e
- Embolia gasosa arterial: A embolia gasosa arterial ocorre quando o ar entra na circulação arterial. É tipicamente uma ocorrência mais grave do que a embolia venosa.
Para a formação da bolha de ar nos vasos sanguíneos é necessário:
- Comunicação direta entre uma fonte de ar e a vasculatura: Isso pode acontecer devido a diversas causas como cirurgias e traumatismos que danificam vasos sanguíneos ou em mergulhos profundos que causam mudanças abruptas de pressão.
- Um gradiente de pressão favorecendo a passagem de ar para a circulação em vez de sangramento do vaso: um exemplo clássico é a síndrome de descompressão, que ocorre em mergulhadores. Durante um mergulho, a pressão aumenta à medida que a profundidade também, fazendo com que mais nitrogênio dissolva no sangue e nos tecidos. Se o mergulhador ascender rapidamente à superfície, a pressão diminui rapidamente e o nitrogênio pode sair da solução formando bolhas no sangue e nos tecidos, causando a embolia gasosa.
Manifestações clínicas da Embolia Gasosa
Os pacientes com embolia gasosa se apresentam com desconforto respiratório de início súbito associado a um evento neurológico no contexto de um fator de risco conhecido, como por exemplo a inserção de cateter intravenoso e trauma. A intensidade dos achados clínicos dependerá do grau de gravidade da embolia, dos órgãos-alvo afetados e das comorbidades subjacentes. Podemos encontrar sintomas específicos a depender do tipo de embolia gasosa:
- Embolia gasosa venosa: casos leves de embolia gasosa venosa são comuns, causam sintomas mínimos e são transitórios. Em casos mais graves, a dispneia é um achado quase universal e pode ser acompanhada de dor torácica subesternal e tontura.
- Embolia gasosa arterial: muitos pacientes apresentam uma alteração aguda no estado mental e/ou déficits neurológicos focais e, casos graves, podem se apresentar com perda de consciência, coma e parada cardiorrespiratória.
Diagnóstico da Embolia Gasosa
O diagnóstico da embolia gasosa envolve uma avaliação clínica abrangente e a utilização de exames de imagem para confirmar a presença das bolhas de gás na corrente sanguínea. No entanto, o ar pode ser rapidamente absorvido da circulação enquanto se aguarda o diagnóstico por imagem, portanto a embolia gasosa é tipicamente um diagnóstico clínico baseado em um alto índice de suspeita e na exclusão de outros processos potencialmente fatais. Diante da suspeita, os seguintes testes diagnósticos devem ser realizados imediatamente:
- Exames laboratoriais de rotina, incluindo hemograma completo;
- Creatinofosfoquinase, troponina I ou T sérica e peptídeo natriurético cerebral;
- Gasometria arterial;
- Radiografia de tórax; e
- Eletrocardiograma.
Dependendo da fonte suspeita de ar e da localização, podemos solicitar outros testes:
- Ecocardiograma transtorácico (ETT) ou ecocardiograma transesofágico (ETE) se houver suspeita de ar intracardíaco;
- Tomografia computadorizada (TC) com contraste do tórax e/ou artérias pulmonares se houver suspeita de embolia venosa;
- TC do cérebro com contraste se houver suspeita de embolia cerebral; e
- TC de abdome ou pelve se houver suspeita de isquemia nesses órgãos.
Tratamento da Embolia Gasosa
O tratamento da embolia gasosa depende da gravidade do quadro e da causa subjacente da embolia, mas algumas medidas de suporte já podem ser iniciados diante da suspeita de embolia gasosa:
- Avaliar a estabilidade das vias aéreas, circulação e respiração: devemos avaliar o paciente e identificar a necessidade de terapia definitiva, como oxigênio hiperbárico, retirada de ar do átrio direito e massagem cardíaca.
- Posicionar o paciente: para os pacientes com embolia gasosa venosa utilizamos o decúbito lateral esquerdo com ou sem cabeça para baixo, ou a posição de Trendelenburg. Para pacientes com embolia gasosa arterial utilizamos a posição supina.
- Terapias de suporte: enquanto os testes de diagnóstico estão em andamento, algumas terapias de suporte devem ser iniciadas, por exemplo, oxigênio de alto fluxo, ventilação mecânica, ressuscitação volêmica, vasopressores e suporte avançado de vida cardíaca.
- Fluidos: devemos assegurar o acesso intravenoso para os pacientes poderem ser tratados com fluidos intravenosos e/ou vasopressores para restaurar a perfusão tecidual adequada.
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
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Referências Bibliográficas
- Kelley. M. Air embolism. (2023). Mandel J. (Ed.), Uptodate
- Robbins, Stanley L.; Kumar, Vinay; Abbas, Abul K.; Aster, Jon C. Robbins & Cotran – Patologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010