Resumo de LER/DORT: conceito, classificação, diagnóstico e mais!
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Resumo de LER/DORT: conceito, classificação, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são condições frequentes entre trabalhadores de diversas áreas, resultando em impacto funcional e socioeconômico significativo. Essas lesões ocorrem devido à sobrecarga do sistema musculoesquelético, sendo influenciadas por fatores biomecânicos, organizacionais e psicossociais.

A dor inicialmente intermitente pode evoluir para um quadro incapacitante se não for tratada precocemente.

Conceito de LER/DORT

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são condições que afetam músculos, tendões, nervos e articulações, resultantes da sobrecarga imposta ao sistema musculoesquelético. Essas alterações ocorrem devido à repetição frequente de movimentos, manutenção prolongada de posturas inadequadas e exposição a esforços excessivos sem o devido tempo de recuperação.

Embora muitas vezes mencionadas como sinônimos, essas denominações possuem particularidades. LER se refere ao desgaste provocado pela execução contínua de atividades que exigem movimentos repetitivos, enquanto DORT engloba um espectro mais amplo de desordens musculoesqueléticas associadas ao trabalho. Ambas as condições estão diretamente ligadas à organização e às condições laborais, sendo influenciadas pelo ritmo intenso de trabalho, exigências posturais e falta de pausas adequadas.

Classificação das LER/DORT

As LER/DORT englobam um conjunto de condições que afetam músculos, tendões, nervos e articulações, podendo ser classificadas de acordo com os tecidos acometidos e os mecanismos fisiopatológicos envolvidos. A seguir, apresentam-se as principais formas de classificação: 

Lesões tendíneas e musculares 

  • Tendinites e tenossinovites: inflamação dos tendões e suas bainhas, como a tendinite do supraespinal, tenossinovite de De Quervain e epicondilites (lateral e medial). 
  • Síndrome miofascial: presença de pontos gatilhos dolorosos nos músculos, levando a dor local e irradiada. 
  • Fadiga muscular crônica: sobrecarga contínua dos músculos sem tempo adequado para recuperação.

Lesões articulares e ósseas 

  • Bursites: inflamação das bursas, comuns no ombro (bursite subacromial) e cotovelo (bursite olecraniana). 
  • Osteoartrites e artropatias ocupacionais: degeneração das articulações devido ao uso repetitivo ou impacto mecânico prolongado. 
  • Síndrome do impacto do ombro: compressão das estruturas do espaço subacromial, resultando em dor e limitação funcional.

Lesões neurais e neurovasculares 

  • Síndromes compressivas nervosas: como a síndrome do túnel do carpo, a síndrome do pronador redondo e a síndrome do canal de Guyon, que afetam os nervos mediano, radial e ulnar, respectivamente. 
  • Síndrome do desfiladeiro torácico: compressão do plexo braquial, causando dor e parestesia no membro superior. 
  • Síndrome da vibração mão-braço: associada ao uso prolongado de ferramentas vibratórias, podendo causar alterações vasculares e neuropatias periféricas.

Fatores de Risco para LER/DORT

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são um dos principais motivos de afastamento do trabalho no Brasil e em diversos países. Essas condições afetam trabalhadores de diferentes setores, sendo mais comuns em atividades que exigem movimentos repetitivos, esforço físico excessivo ou posturas prolongadas.  

As LER/DORT são consideradas doenças de origem multifatorial, resultantes da interação entre fatores biomecânicos, organizacionais e psicossociais. Esses fatores podem atuar isoladamente ou de forma combinada, aumentando o risco de desenvolver essas lesões. 

Fatores Biomecânicos 

  • Movimentos repetitivos: o uso contínuo de determinados grupos musculares sem tempo adequado para recuperação pode levar à sobrecarga e inflamação dos tecidos. 
  • Esforço físico excessivo: atividades que exigem levantamento de peso ou aplicação de força excessiva sobre músculos e articulações contribuem para o desgaste musculoesquelético. 
  • Posturas inadequadas e mantidas por longos períodos: a permanência em posições fixas, como sentado ou em pé por várias horas, pode gerar tensão muscular e compressão nervosa. 
  • Uso inadequado de ferramentas e equipamentos: ferramentas mal ajustadas, cadeiras sem suporte lombar e teclados mal posicionados podem contribuir para o desenvolvimento de lesões. 
  • Exposição a vibração e impactos: o uso frequente de máquinas vibratórias pode provocar danos musculares e neuropatias, como a síndrome da vibração mão-braço. 
  • Ambientes frios ou com correntes de ar: o frio pode causar contração muscular prolongada e comprometer a circulação sanguínea, aumentando o risco de fadiga e lesões. 

Fatores Organizacionais 

  • Carga de trabalho excessiva: exigências elevadas de produtividade e ritmo acelerado de trabalho aumentam a probabilidade de sobrecarga musculoesquelética. 
  • Falta de pausas adequadas: a ausência de períodos de descanso entre as atividades impede a recuperação dos músculos e tendões. 
  • Trabalho monótono e segmentado: funções que exigem a repetição contínua de uma mesma tarefa, sem variação, elevam o risco de lesões. 

Fatores Psicossociais 

  • Estresse ocupacional: o ambiente de trabalho pode gerar tensão emocional e ansiedade, contribuindo para a amplificação da dor e da fadiga muscular. 
  • Falta de apoio social no ambiente de trabalho: relações interpessoais deficientes, baixa autonomia e comunicação inadequada podem influenciar a percepção de dor e piorar os sintomas. 
  • Insegurança no emprego: o medo de perder o trabalho pode levar os funcionários a ignorar sintomas iniciais e continuar realizando atividades que agravam a lesão.

Diagnóstico das LER/DORT 

Sintomas 

As LER/DORT apresentam uma evolução gradual, iniciando com sintomas leves e podendo progredir para quadros incapacitantes. No início, os sintomas são intermitentes, manifestando-se como dor localizada, sensação de peso e fadiga muscular, principalmente após a jornada de trabalho. À medida que a condição avança, a dor torna-se persistente, acompanhada de formigamento, fraqueza muscular e redução da mobilidade.

Nos casos mais graves, a dor pode ser constante, mesmo em repouso, impactando atividades diárias e profissionais. Espasmos musculares, contraturas e posturas compensatórias também podem surgir, aumentando o risco de novas lesões. Sem intervenção adequada, a progressão da doença pode levar à limitação funcional e até mesmo à incapacidade permanente.

Exame Físico 

A avaliação física deve incluir a inspeção da região afetada para identificar sinais de inflamação, como inchaço, vermelhidão ou alterações posturais. A palpação pode ajudar a localizar pontos de maior sensibilidade e tensão muscular. Testes de mobilidade são essenciais para avaliar a amplitude dos movimentos e a presença de limitação funcional. Além disso, testes específicos podem auxiliar no diagnóstico diferencial, como o Teste de Phalen e Sinal de Tinel, indicativos da síndrome do túnel do carpo, e o Teste de Finkelstein, utilizado para diagnóstico da tenossinovite de De Quervain.

Exames Complementares 

Embora o diagnóstico das LER/DORT seja predominantemente clínico, exames de imagem podem ser solicitados para descartar outras condições e avaliar a extensão do comprometimento musculoesquelético. A ultrassonografia musculoesquelética é útil para detectar inflamações tendíneas e bursites, enquanto a ressonância magnética pode fornecer detalhes sobre lesões musculares e nervosas. A eletroneuromiografia (ENMG) é indicada nos casos suspeitos de neuropatias compressivas, como a síndrome do túnel do carpo.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial das LER/DORT inclui condições como artrites inflamatórias (artrite reumatoide, espondiloartrites), neuropatias compressivas (síndrome do túnel do carpo, neuropatia ulnar) e doenças musculoesqueléticas degenerativas (osteoartrose, hérnia de disco). Doenças sistêmicas, como fibromialgia e hipotireoidismo, também devem ser consideradas.

Tratamento das LER/DORT

Abordagem Inicial

No estágio inicial, medidas conservadoras costumam ser eficazes, incluindo repouso relativo da região afetada, ajuste da ergonomia no ambiente de trabalho e a adoção de pausas regulares para aliviar a sobrecarga musculoesquelética.

Medidas Farmacológicas 

O uso de medicamentos é indicado para controle da dor e inflamação. Analgésicos simples e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são frequentemente prescritos para alívio sintomático. Em casos mais intensos, relaxantes musculares podem ser utilizados para reduzir a tensão muscular. Para pacientes com dor crônica, antidepressivos tricíclicos ou anticonvulsivantes podem ser considerados, especialmente quando há envolvimento neuropático.

Fisioterapia e Reabilitação 

A fisioterapia tem um papel central no manejo das LER/DORT, sendo recomendada para restaurar a função e reduzir a dor. Técnicas como cinesioterapia, alongamentos, fortalecimento muscular e terapia manual ajudam na recuperação.

Evolução

O prognóstico das LER/DORT varia conforme o tempo de evolução da doença e a rapidez com que as intervenções são adotadas. Pacientes diagnosticados precocemente e submetidos a tratamentos adequados apresentam boa resposta e podem retornar às atividades normais sem sequelas. No entanto, quando a condição evolui para um estágio crônico sem tratamento adequado, há maior risco de limitação funcional prolongada e incapacidade parcial ou total para determinadas atividades.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRASIL. Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 
  1. YASSI, A. Repetitive strain injuries. The Lancet, v. 349, p. 943-947, 1997.
  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Cartilha sobre LER/DORT. São Paulo: SBR, 2024.
  1. BRASIL. Protocolo de atenção integral às LER/DORT. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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