Resumo de Língua Geográfica: causas, diagnóstico e mais!
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Resumo de Língua Geográfica: causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A língua geográfica é uma alteração inflamatória benigna da mucosa oral que costuma ser descoberta durante exames clínicos de rotina. Apesar do aspecto visual chamativo, trata-se de uma condição autolimitada e geralmente assintomática. Seu reconhecimento é importante para evitar condutas desnecessárias e tranquilizar o paciente. A abordagem clínica depende da presença ou não de sintomas associados.

As lesões apresentam um padrão migratório e podem desaparecer e reaparecer em locais diferentes da língua ao longo do tempo.

Conceito 

língua geográfica é uma condição inflamatória benigna da mucosa oral, caracterizada por áreas eritematosas bem delimitadas com ausência de papilas filiformes, frequentemente acompanhadas por bordas esbranquiçadas. Essas lesões assumem formatos irregulares e mudam de localização com o tempo, o que justifica o termo “migratória” associado à condição. 

Embora possa causar desconforto em alguns pacientes, principalmente ao ingerir alimentos ácidos ou condimentados, sua apresentação é comumente assintomática. O aspecto clínico remete ao contorno de mapas, o que originou a designação popular de “língua geográfica”. Trata-se de uma manifestação recorrente, autolimitada e sem risco de evolução maligna.

Fisiopatologia  

A fisiopatologia da língua geográfica ainda não é completamente elucidada, mas estudos sugerem a participação de mecanismos inflamatórios e imunológicos. As lesões se desenvolvem devido à degeneração das papilas filiformes, resultando em áreas atróficas com centro avermelhado e bordas levemente elevadas e esbranquiçadas. Há indícios de que fatores como estresse emocional, disfunções hormonais, alterações imunomediadas e predisposição genética possam influenciar a manifestação da doença. 

Algumas evidências apontam para uma associação com doenças atópicas (como asma e dermatite) e psoríase, sugerindo semelhanças imunopatológicas, especialmente em pacientes que compartilham o alelo HLA-Cw6. Além disso, deficiências nutricionais (como de ferro, zinco, vitamina B6 ou B12) podem contribuir para o aparecimento ou persistência das lesões em determinados indivíduos.

Epidemiologia e fatores de risco

A língua geográfica afeta cerca de 1% a 2,5% da população mundial, com prevalência variável conforme a faixa etária e região. É frequentemente observada em adultos jovens, especialmente entre os 20 e 29 anos, e apresenta discreta predileção pelo sexo feminino. Em crianças, a prevalência pode oscilar de forma ampla, com relatos entre 0,37% e 14,3%, dependendo da população avaliada.

Diversos fatores parecem estar associados à maior frequência dessa condição. Entre eles, destacam-se:

  • Histórico familiar, indicando uma possível predisposição genética;
  • Presença de língua fissurada, que costuma coexistir com o quadro;
  • Psoríase, principalmente as formas pustulosas, sugerindo relação imunológica compartilhada;
  • Dermatite atópica e outras condições alérgicas (como rinite e asma);
  • Síndrome de Down, em que a prevalência é notavelmente elevada;
  • Distúrbios hormonais e uso de contraceptivos orais, sugerindo influência de flutuações endócrinas;
  • Deficiências nutricionais, especialmente de ferro, zinco, vitamina B6, B12 e ácido fólico;
  • Curiosamente, o tabagismo tem sido apontado como um possível fator protetor, possivelmente devido ao aumento da queratinização da mucosa.

Avaliação clínica

O quadro clínico da língua geográfica é marcado por áreas eritematosas bem delimitadas, localizadas predominantemente nas regiões dorsal e lateral da língua. Essas áreas apresentam ausência de papilas filiformes, resultando em uma superfície lisa e avermelhada, cercada por bordas esbranquiçadas ou levemente elevadas, que conferem à lesão um aspecto de mapa geográfico, característica que dá nome à condição.

As lesões possuem comportamento migratório, modificando sua forma, tamanho e localização ao longo dos dias ou semanas. Em grande parte dos casos, são assintomáticas, sendo descobertas durante exames de rotina. No entanto, alguns pacientes podem relatar queimação, ardência, dor leve ou hipersensibilidade principalmente ao ingerir alimentos ácidos, condimentados ou quentes.

Embora a língua seja o local mais afetado, lesões semelhantes podem surgir em outros sítios da cavidade oral, como mucosa jugal, lábios e palato, sendo essas manifestações denominadas estomatite geográfica ou língua geográfica ectópica. O padrão clínico é flutuante, alternando períodos de remissão e exacerbação.

Diagnóstico 

O diagnóstico da língua geográfica é predominantemente clínico, baseado no aspecto típico das lesões e na história de migração e recidiva. As áreas eritematosas bem delimitadas, com bordas esbranquiçadas irregulares e localização variável ao longo do tempo, costumam ser suficientes para a identificação, dispensando exames complementares na maioria dos casos.

Em situações de lesões atípicas ou com evolução fora do padrão esperado, pode haver necessidade de biópsia para afastar outras condições, como candidíase, leucoplasia, líquen plano, eritroplasia ou até carcinoma escamoso. Nessas situações, a avaliação histopatológica revela infiltrado inflamatório subepitelial, microabscessos neutrofílicos e perda das papilas filiformes, confirmando o diagnóstico.

Quando há sintomas associados ou múltiplas lesões orais, recomenda-se investigar comorbidades associadas, como psoríase, doenças autoimunes, deficiências nutricionais e síndrome de Down. Apesar disso, a maioria dos casos é autolimitada e não requer investigação laboratorial extensa.

Tratamento 

Na maioria dos casos, a língua geográfica não requer intervenção medicamentosa, por se tratar de uma condição benigna, recorrente e autolimitada. A principal conduta é a tranquilização do paciente, explicando a natureza da alteração e seu caráter não infeccioso nem maligno.

Quando há sintomas como dor, queimação ou desconforto, especialmente ao ingerir alimentos quentes, ácidos ou condimentados, pode-se recorrer a medidas terapêuticas para alívio sintomático:

  • Corticosteroides tópicos, como triancinolona 0,1% em orabase, aplicados diretamente sobre as lesões, geralmente uma vez ao dia por 7 a 10 dias;
  • Dexametasona elixir (0,5 mg/5 mL), utilizada como bochecho por alguns dias, é uma alternativa eficaz;
  • Em casos mais intensos, pode-se considerar o uso de antihistamínicos tópicos, vitamina A, zinco ou até tacrolimo tópico, conforme a resposta clínica.

Também é recomendada a evitação de fatores irritativos, como álcool, tabaco, alimentos condimentados e bebidas ácidas, além da manutenção de boa higiene oral. O uso de suplementos pode ser indicado caso haja deficiências nutricionais comprovadas.

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Referências Bibliográficas 

  1. SHAREEF, Shahjahan; ETTEFAGH, Leila. Geographic Tongue. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. 
  1. TELESSAÚDERS/UFRGS. Língua Geográfica. Porto Alegre: EstomatoNet, 2015.
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