Olá, querido doutor e doutora! O molusco contagioso é uma infecção viral dermatológica autolimitada que acomete principalmente crianças, adultos sexualmente ativos e indivíduos imunossuprimidos. Caracteriza-se pela presença de lesões papulares arredondadas e umbilicadas, sendo geralmente assintomáticas, mas de grande impacto estético e social. Apesar de sua evolução benigna, o manejo da condição requer atenção às preferências do paciente, com ênfase na orientação adequada e, em casos específicos, na aplicação de tratamentos clínicos ou cirúrgicos.
O diagnóstico do molusco contagioso baseia-se nas características clínicas das lesões, dispensando exames complementares na maioria dos casos.
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Conceito de Molusco Contagioso
O molusco contagioso é uma infecção cutânea viral benigna causada pelo Molluscum contagiosum virus (MCV), um poxvírus de DNA de cadeia dupla. A condição se manifesta por pápulas pequenas, arredondadas e de superfície perolada, frequentemente com um centro umbilicado. Apesar de não apresentar risco significativo à saúde, pode causar desconforto estético e social. A transmissão ocorre principalmente por contato direto com a pele infectada, mas também pode se dar por objetos contaminados (fômites) ou autoinoculação. É mais prevalente em crianças, adultos jovens sexualmente ativos e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Epidemiologia e Fatores de Risco do Molusco Contagioso
O molusco contagioso é uma condição comum, com maior incidência em crianças menores de 10 anos e em adultos jovens. Embora ocorra globalmente, é mais prevalente em regiões tropicais e úmidas, onde as condições ambientais favorecem a disseminação do vírus. Estima-se que sua prevalência varie entre 2% e 15%, dependendo da população estudada. Indivíduos imunocomprometidos, como aqueles com HIV, apresentam maior suscetibilidade e gravidade da infecção, com lesões mais extensas e persistentes.
Vários fatores contribuem para o desenvolvimento e disseminação do molusco contagioso:
- Contato direto: a transmissão ocorre principalmente por contato pele a pele com indivíduos infectados.
- Fômites: objetos contaminados, como toalhas, roupas ou brinquedos, podem facilitar a disseminação do vírus.
- Água: ambientes úmidos, como piscinas e banheiras compartilhadas, são associados à transmissão, especialmente em crianças.
- Autoinoculação: coçar ou manipular as lesões pode espalhar o vírus para outras áreas do corpo. Imunossupressão:
- Pacientes imunocomprometidos, como os que fazem uso de imunossupressores ou vivem com HIV, apresentam maior risco de infecção e evolução atípica das lesões.
- Dermatite atópica: a presença de barreira cutânea comprometida em pacientes com dermatite atópica aumenta o risco de infecção e disseminação do vírus.
Quadro Clínico do Molusco Contagioso
O molusco contagioso manifesta-se por lesões características: pápulas pequenas, arredondadas, de coloração perolada ou da cor da pele, geralmente medindo entre 2 a 6 mm. O centro das lesões apresenta uma umbilicação, um detalhe quase “fofinho” para um vírus, mas que faz toda a diferença no diagnóstico! Elas podem ser únicas ou agrupadas em pequenas áreas do corpo.
- Localização: em crianças, as lesões surgem frequentemente no tronco, rosto e extremidades. Em adultos, especialmente na transmissão sexual, as lesões concentram-se na região anogenital, abdômen e parte interna das coxas.
- Sintomas: geralmente, as lesões são assintomáticas. No entanto, em alguns casos, podem causar prurido (coceira) ou inflamação ao redor, particularmente quando começam a regredir.
- Complicações locais: em pacientes com dermatite atópica, pode ocorrer eczema ao redor das lesões. Além disso, o ato de coçar pode levar à infecção bacteriana secundária, resultando em impetigo.
- Aspecto evolutivo: as lesões podem inflamar ou até formar crostas durante o processo de cicatrização, levando a pequenos pontos de cicatrização, em alguns casos.
Apesar da aparência às vezes alarmante, o curso natural da infecção é benigno e autolimitado, geralmente resolvendo-se sem tratamento específico em um período de 6 a 12 meses (mas pode demorar até 4 anos para os mais persistentes!). Um lembrete suave para seus pacientes: por mais incômodo que seja, tentar arrancar as lesões por conta própria só espalha mais o vírus.
Diagnóstico do Molusco Contagioso
O diagnóstico do molusco contagioso é predominantemente clínico, baseado nas características típicas das lesões cutâneas. A inspeção visual das pápulas arredondadas, peroladas e com centro umbilicado é geralmente suficiente para confirmar a condição. Em casos de dúvida ou apresentações atípicas, algumas ferramentas adicionais podem ser utilizadas:
- Dermoscopy (dermatoscopia): auxilia na visualização dos detalhes das lesões, revelando áreas centrais esbranquiçadas ou amareladas com vasos periféricos ramificados.
- Microscopia (exame histológico): em casos raros, pode ser realizado o exame de tecido. Sob o microscópio, é possível observar corpos de Henderson-Paterson, que são inclusões citoplasmáticas características, confirmando a presença do vírus.
- História clínica: pacientes geralmente relatam lesões indolores que surgiram semanas ou meses após exposição a indivíduos infectados ou ambientes compartilhados, como piscinas.
- Diagnósticos diferenciais: lesões cutâneas semelhantes, como verrugas virais, queratoses seborréicas, syringomas ou até infecções fúngicas, devem ser excluídas, especialmente em casos atípicos ou de longa duração.
Na prática clínica, os exames complementares são raramente necessários, exceto em situações de imunossupressão ou em casos persistentes e atípicos. Nestes pacientes, investigações adicionais podem incluir testes para condições associadas, como HIV.
Tratamento do Molusco Contagioso
O manejo do molusco contagioso varia conforme as características do paciente e a gravidade das lesões. Em indivíduos imunocompetentes, a abordagem mais comum é a observação, uma vez que a infecção é autolimitada e geralmente resolve-se espontaneamente dentro de 6 a 12 meses. No entanto, em alguns casos, especialmente devido a preocupações estéticas, psicológicas ou risco de transmissão, o tratamento pode ser considerado.
Tratamento Não Farmacológico
- Curetagem: a remoção mecânica das lesões com cureta é eficaz, mas pode ser desconfortável e requer anestesia local em crianças. Deve ser realizada sob condições assépticas.
- Crioterapia: aplicação de nitrogênio líquido para destruir as lesões. É eficaz, mas pode causar dor e hipopigmentação residual.
- Laser: procedimentos com laser, como o dióxido de carbono ou laser de corante pulsado, podem ser utilizados, mas são menos acessíveis e requerem maior expertise.
Medicações tópicas
- Cantaridina: agente vesicante aplicado diretamente pelo médico. Promove a formação de bolhas, eliminando as lesões com o mínimo de cicatrizes.
- Podofilina ou podofilotoxina: contraindicadas na gravidez, são usadas para lesões anogenitais.
- Ácido salicílico ou tricloroacético: aplicados para induzir inflamação e acelerar a recuperação.
- Imiquimode: modificador imunológico tópico, utilizado com resultados variáveis.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
(RJ – Secretaria Estadual de Saúde – SES RJ 2025 Residência) Uma criança de 7 anos apresenta várias pápulas com umbilicação central da cor da pele em áreas expostas, como tronco e membros. Qual é o diagnóstico mais provável nesse caso?
A. Miliária.
B. Eczema seborreico.
C. Molusco.
D. Acne.
E. Eczema.
Comentário da Equipe EMED
Gabarito: Alternativa C
Falou em pápula umbilicada com umbilicada, pensou imediatamente em molusco contagioso!
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Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Procedimentos Dermatológicos na Atenção Primária à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://saude.gov.br. Acesso em: 31 dez. 2024.
- BADRI, Talel; GANDHI, Grishma R. Molluscum Contagiosum – StatPearls – NCBI Bookshelf. Treasure Island: StatPearls Publishing, 2024. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441898/. Acesso em: 31 dez. 2024.