Resumo de Vulvovaginite na Infância: causas, diagnóstico e mais!
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Resumo de Vulvovaginite na Infância: causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A vulvovaginite é uma das causas mais frequentes de queixa ginecológica em meninas antes da puberdade. Sua ocorrência está relacionada a fatores anatômicos, comportamentais, irritativos e infecciosos, que interagem com a imaturidade da mucosa vaginal infantil. A abordagem clínica exige sensibilidade, conhecimento das particularidades dessa fase da vida e orientação adequada à família.

A ausência de acidez vaginal, que é elemento de vital importância na defesa contra grande número de agentes patogênicos, poderia propiciar o desenvolvimento de infecções.

Conceito

A vulvovaginite na infância é uma condição inflamatória que acomete simultaneamente a vulva e a vagina de meninas, geralmente antes da puberdade. É caracterizada por sinais locais como vermelhidão, prurido, dor, corrimento vaginal e, em alguns casos, odor desagradável ou desconforto ao urinar. Diferente da mulher adulta, o ambiente vaginal infantil é mais vulnerável a irritações e infecções devido a características fisiológicas próprias da fase pré-púbere, como a ausência de ação estrogênica, pH mais alcalino e epitélio vaginal mais delicado. Essas particularidades, somadas a fatores externos, tornam a vulvovaginite uma das queixas ginecológicas mais frequentes em crianças.

Causas 

A vulvovaginite na infância pode surgir por múltiplos fatores, sendo frequente a associação entre predisposição anatômica infantil e agentes irritativos ou infecciosos. A ausência da ação hormonal estrogênica torna a mucosa vaginal mais frágil e o ambiente mais alcalino, facilitando o crescimento de microrganismos. Além disso, hábitos inadequados de higiene, contato com substâncias irritantes e contaminação fecal são causas comuns. Em menor proporção, infecções específicas por parasitas, bactérias ou vírus também podem ser responsáveis pelos quadros.

CategoriaExemplos de Causas
IrritativasSabonetes perfumados, banho de espuma, roupas íntimas sintéticas, fraldas úmidas
ComportamentaisHigiene inadequada (limpeza de trás para frente), uso de roupas apertadas
Infecciosas inespecíficasEnterobactérias, Streptococcus, Staphylococcus, Haemophilus influenzae
Infecciosas específicasCandida albicans, Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis, Enterobius vermicularis
Fatores anatômicosVulva imatura, pH vaginal alcalino, proximidade com o ânus
OutrosRetenção de urina na vagina, presença de corpo estranho, constipação intestinal

Causas irritativas 

As causas irritativas representam uma parcela significativa dos casos de vulvovaginite em meninas pré-púberes, especialmente entre os 2 e 9 anos de idade, período em que a mucosa genital ainda é imatura e sensível. A exposição a produtos químicos como sabonetes perfumados, xampus, banhos de espuma e amaciantes está entre os principais fatores envolvidos, assim como o uso prolongado de roupas de banho molhadas e peças íntimas sintéticas ou muito apertadas. 

Além disso, a fricção provocada por roupas justas ou a permanência com fralda úmida favorecem a maceração da pele da região vulvar. Clinicamente, a criança pode apresentar coceira intensa, vermelhidão vulvar, sensação de ardor ao urinar e, ocasionalmente, corrimento discreto sem odor.

Causas comportamentais 

Comportamentos infantis típicos também desempenham um papel relevante no desenvolvimento da vulvovaginite. A forma como a criança realiza sua higiene íntima, muitas vezes de trás para frente após evacuar, facilita a contaminação da vulva por germes provenientes da região anal. A curiosidade natural dessa faixa etária pode levá-las a manipular a genitália com as mãos sujas ou a introduzir objetos ou resíduos (como papel higiênico) inadvertidamente na vagina durante brincadeiras. 

Além disso, é comum que se sentem diretamente no chão, em locais potencialmente contaminados, como areia ou grama, expondo a região genital a agentes irritantes e infecciosos. Esses hábitos favorecem microtraumas locais e facilitam a colonização por microrganismos, resultando em sintomas como ardência, prurido e corrimento intermitente.

Infecções inespecíficas 

As infecções inespecíficas são responsáveis por cerca de 70% dos casos de vulvovaginite em meninas na fase pré-púbere. Nesses quadros, não se identifica um agente patológico único, mas sim a presença de microrganismos oportunistas que fazem parte da flora intestinal ou cutânea, como Escherichia coli, Streptococcus beta-hemolítico e Staphylococcus aureus. 

A principal via de contaminação ocorre por higiene deficiente da região perineal, especialmente após evacuações, onde fezes podem entrar em contato com a vulva. As mãos sujas e o uso de roupas íntimas contaminadas também favorecem a autoinoculação. Clinicamente, esses casos costumam se manifestar com corrimento de coloração amarelada ou esverdeada, odor desagradável, coceira, queimação e, em alguns casos, desconforto para urinar.

Infecções específicas 

As infecções específicas correspondem a cerca de 30% dos casos de vulvovaginite infantil e envolvem microrganismos com potencial patogênico definido. Dentre os agentes mais comuns estão Gardnerella vaginalis, Candida albicans, Trichomonas vaginalis, Shigella spp., Enterobius vermicularis, além de germes associados a transmissão sexual, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, estes últimos exigem avaliação cuidadosa devido à possibilidade de abuso sexual. 

A manifestação clínica varia conforme o agente, podendo incluir corrimento acinzentado com odor forte (Gardnerella), secreção branca e grumosa com prurido intenso (Candida), corrimento esverdeado e espumoso com ardência (Trichomonas), ou ainda secreção purulenta com sangue, principalmente quando há corpo estranho ou verminose associada. A presença desses microrganismos deve sempre ser confirmada por exame específico, e o tratamento é direcionado conforme o patógeno identificado, com uso de antimicrobianos tópicos ou sistêmicos apropriados para a faixa etária.

Fatores anatômicos 

A anatomia genital infantil apresenta características que favorecem o surgimento de vulvovaginites. A mucosa vaginal é fina, com pouca proteção natural, o que a torna mais suscetível a microtraumas e à penetração de agentes irritantes ou infecciosos. A ausência de ação estrogênica impede a formação de uma flora vaginal estável e ácida, resultando em um pH mais alcalino e propício ao crescimento de microrganismos. 

Além disso, a vulva das meninas é menos protegida por estruturas como grandes lábios e pelos pubianos, ainda não desenvolvidos. A proximidade anatômica entre ânus e vulva também contribui para a fácil contaminação fecal da região genital. Esses fatores, somados, criam um ambiente genital vulnerável, especialmente quando associado a hábitos de higiene inadequados.

Diagnóstico 

O diagnóstico da vulvovaginite infantil começa com uma anamnese cuidadosa, que deve incluir perguntas sobre a higiene íntima da criança, presença de sintomas como corrimento, prurido, ardência, dor ao urinar ou odor vaginal, além de hábitos como uso de roupas apertadas, banhos com produtos irritantes e manipulação da genitália. É importante também investigar o histórico recente de infecções respiratórias ou gastrointestinais, e, em casos suspeitos, considerar a possibilidade de abuso sexual de forma ética e protegida. 

O exame físico deve ser realizado com delicadeza e respeito, muitas vezes sendo suficiente a inspeção externa para identificar sinais como hiperemia, edema, escoriações, secreções ou presença de corpos estranhos. Exames complementares incluem coleta de secreção vaginal com swab estéril para bacterioscopia e parasitológico de fezes (principalmente na suspeita de Enterobius vermicularis). Em casos específicos, pode-se realizar vaginoscopia ou ultrassonografia pélvica para excluir alterações anatômicas ou corpos estranhos não visíveis.

Tratamento

O tratamento da vulvovaginite na infância depende da causa identificada, mas em grande parte dos casos, especialmente nas formas inespecíficas, medidas simples de higiene são suficientes para resolução dos sintomas. Recomenda-se orientar a criança (e seus responsáveis) a realizar a limpeza da região íntima sempre da frente para trás, usar roupas íntimas de algodão, evitar o uso de produtos perfumados na região genital, e trocar imediatamente roupas de banho úmidas. 

Nos casos com sinais de inflamação, banhos de assento com sabonete neutro, camomila ou soluções antissépticas suaves podem ser indicados. Quando há infecção confirmada por bactérias, fungos ou parasitas, o tratamento é direcionado com medicamentos tópicos ou sistêmicos, conforme o agente etiológico. O uso de cremes vaginais deve ser feito com aplicadores adaptados à anatomia infantil. Antibióticos sistêmicos só devem ser utilizados quando há real necessidade, evitando o risco de desequilíbrio da flora local e infecções secundárias. 

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Referências Bibliográficas 

  1. FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de orientação em trato genital inferior e colposcopia: capítulo 07 – Vulvovaginites na infância. São Paulo: FEBRASGO, 2010. 
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