Resumo sobre Apneia da Prematuridade: definição, diagnóstico e mais!
Fonte: Freepik

Resumo sobre Apneia da Prematuridade: definição, diagnóstico e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Apneia da Prematuridade, caracterizada por pausas respiratórias recorrentes em recém-nascidos pré-termo, decorrentes da imaturidade dos centros respiratórios no sistema nervoso central. 

O Estratégia MED está aqui para esclarecer esse conceito e auxiliar você a aprofundar seus conhecimentos, fortalecendo sua prática clínica e garantindo um cuidado neonatal cada vez mais seguro e eficaz.

Vamos nessa!

Definição de Apneia da Prematuridade

A apneia da prematuridade é um distúrbio do desenvolvimento respiratório que acomete recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas, decorrente da imaturidade do controle respiratório. Define-se como a cessação da respiração por mais de 20 segundos ou como uma pausa respiratória mais curta, quando associada à dessaturação de oxigênio e/ou bradicardia. 

Essa condição é mais frequente quanto menor a idade gestacional, sendo quase universal em prematuros com menos de 28 semanas. A apneia pode ser classificada em três tipos: central, quando não há esforço inspiratório; obstrutiva, quando há esforço inspiratório ineficaz devido à obstrução de vias aéreas superiores; e mista, quando ocorre associação dos dois mecanismos.

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Incidência

Em recém-nascidos a termo, os episódios de apneia são raros e, quando presentes, devem ser considerados patológicos, relacionados a condições como hipoglicemia, infecções, asfixia grave ao nascimento, distúrbios neurológicos, uso de drogas ou malformações de vias aéreas.

Nos prematuros moderados, entre 33 e 34 6/7 semanas de gestação, estudos multicêntricos indicam incidência em torno de 50%. Contudo, esse valor pode estar subestimado, já que registros clínicos nem sempre captam todos os eventos, os quais são mais bem detectados por monitorização cardiorrespiratória contínua.

Nos prematuros extremos, com menos de 28 semanas de gestação, a apneia é praticamente universal, com elevada frequência de episódios de dessaturação e bradicardia. Nesses casos, a condição pode persistir além das 38 semanas de idade pós-concepção, mas tende a se resolver por volta de 43 a 44 semanas de idade pós-menstrual.

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Fisiopatologia da Apneia da Prematuridade

A fisiopatologia da apneia da prematuridade está relacionada à imaturidade dos mecanismos de controle respiratório e da manutenção da permeabilidade das vias aéreas superiores. Trata-se, portanto, de um distúrbio do desenvolvimento, e não de um processo patológico adquirido.

O controle central da respiração nos prematuros apresenta respostas imaturas à hipercapnia e à hipóxia. Esses recém-nascidos possuem menor sensibilidade dos quimiorreceptores centrais e periféricos, além de persistirem mecanismos inibitórios típicos da vida fetal. 

Observa-se ainda menor número de sinapses, arborizações dendríticas reduzidas, atraso na mielinização e maior ação de neurotransmissores inibitórios, como adenosina e GABA. Como consequência, a resposta ventilatória ao aumento do CO₂ é atenuada, e a resposta bifásica à hipóxia pode levar à hipoventilação ou apneia após breve fase de hiperventilação. A hiperbilirrubinemia, em alguns casos, pode contribuir para a disfunção do tronco encefálico e redução do drive respiratório.

A permeabilidade das vias aéreas superiores também desempenha papel relevante. O tônus reduzido da musculatura faríngea favorece o colapso da hipofaringe, especialmente durante o sono REM ou quando o pescoço está fletido. Reflexos inibitórios da laringe, como o quimiorreflexo laríngeo, podem desencadear apneia e bradicardia frente a estímulos irritativos. 

Obstruções nasais transitórias, comuns em neonatos que respiram preferencialmente pelo nariz, podem precipitar episódios. Alterações estruturais menos frequentes, como estenose traqueal, malácias ou disfunção de pregas vocais, também estão associadas à ocorrência de apneia.

Manifestações clínicas da Apneia da Prematuridade

A apneia da prematuridade se apresenta principalmente por pausas respiratórias associadas a bradicardia e dessaturação de oxigênio, que podem variar conforme o momento de início e a recorrência dos episódios.

Apneia precoce ou episódica

  • Surge geralmente nos primeiros dois a três dias de vida, mas pode aparecer também após a primeira semana;
  • Ocorre em prematuros que respiram espontaneamente, caracterizando-se por pausas respiratórias acompanhadas de hipoxemia e bradicardia;
  • Em recém-nascidos intubados, episódios de dessaturação e bradicardia também são comuns, relacionados à ventilação ineficaz ou à estimulação da via aérea pelo tubo endotraqueal;
  • A frequência de episódios tende a aumentar após a segunda ou terceira semana de vida, podendo persistir por várias semanas, sobretudo em lactentes com baixa saturação basal.

Apneia tardia ou recorrente

  • Ocorre após as primeiras semanas de vida ou se manifesta de forma repetida;
  • Frequentemente está associada a condições patológicas subjacentes, como sepse;
  • Nesses casos, exige avaliação diagnóstica detalhada para identificação de causas desencadeantes que podem ser tratadas.

Diagnóstico de Apneia da Prematuridade

O diagnóstico da apneia da prematuridade deve ser considerado em recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas quando ocorre uma pausa respiratória superior a 20 segundos ou uma pausa mais curta acompanhada de dessaturação de oxigênio e/ou bradicardia. Esses eventos são geralmente detectados por meio da monitorização cardiorrespiratória e da oximetria de pulso, práticas rotineiras em unidades de terapia intensiva neonatal.

Trata-se, entretanto, de um diagnóstico de exclusão. É fundamental descartar outras causas de apneia, como infecções, distúrbios metabólicos ou alterações neurológicas, sobretudo quando os episódios surgem de forma tardia em lactentes que previamente não apresentavam pausas respiratórias.

A monitorização respiratória com monitores de impedância identifica apenas o movimento da parede torácica, sendo eficaz para apneia central, mas menos sensível para casos de apneia obstrutiva ou mista. Por isso, a monitorização simultânea da frequência cardíaca e da saturação de oxigênio é indispensável. 

A bradicardia, reflexo comum durante os episódios, representa um sinal importante, embora ainda não haja consenso sobre o limite ideal para disparo dos alarmes. A oximetria de pulso, por sua vez, auxilia na detecção de hipoxemia, ajustando os alarmes geralmente para valores abaixo de 85% ou 80%.

Tratamento da Apneia da Prematuridade

O tratamento da apneia da prematuridade envolve medidas de suporte, terapias farmacológicas e intervenções não farmacológicas, sempre individualizadas conforme a gravidade e a frequência dos episódios.

Medidas gerais e de suporte

  • Monitorização cardiorrespiratória contínua, para detecção precoce de pausas respiratórias, bradicardia e dessaturação.
  • Estimulação tátil durante episódios apneicos, que geralmente é suficiente para reverter eventos leves.
  • Posicionamento adequado, evitando flexão excessiva do pescoço e mantendo vias aéreas pérvias.
  • Suporte ventilatório, que pode incluir oxigenoterapia suplementar, pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) ou ventilação mecânica em casos graves ou persistentes.

Terapia farmacológica

  • Metilxantinas (principalmente cafeína) são o tratamento de primeira linha. A cafeína é preferida por apresentar maior eficácia, meia-vida longa, possibilidade de administração única diária e menor risco de efeitos adversos em comparação à teofilina ou aminofilina.
  • A terapia com cafeína reduz a frequência de episódios de apneia, a necessidade de ventilação mecânica e o risco de displasia broncopulmonar.

Intervenções específicas

  • Transfusão de hemácias pode ser indicada em casos de anemia significativa, que pode agravar a apneia.
  • Suporte ventilatório invasivo é reservado para situações em que medidas não invasivas e farmacológicas não são eficazes.

Abordagem individualizada e contínua

  • O manejo deve considerar a idade gestacional, a gravidade dos episódios e a presença de comorbidades, como sepse, doença pulmonar crônica ou distúrbios metabólicos.
  • A apneia tende a se resolver espontaneamente com a maturação neurológica e respiratória, geralmente até 43 a 44 semanas de idade pós-menstrual.

Veja também!

Referências

Richard John Martin, MD. Pathogenesis, clinical manifestations, and diagnosis of apnea of prematurity. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

Richard John Martin, MD. Management of apnea of prematurity. UpToDate, 2025. Disponível em: UpToDate

Zhao J, Gonzalez F, Mu D. Apnea of prematurity: from cause to treatment. Eur J Pediatr. 2011 Sep;170(9):1097-105. doi: 10.1007/s00431-011-1409-6. Epub 2011 Feb 8. PMID: 21301866; PMCID: PMC3158333.

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