Resumo sobre Hematúria: o que é, quando acontece e mais!

Resumo sobre Hematúria: o que é, quando acontece e mais!

E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre hematúria, que consiste na presença de sangue na urina, podendo ser visto a olho nu ou não.

O Estratégia MED está aqui para oferecer um resumo preparado especialmente para você, que impulsionará seus conhecimentos e seu desenvolvimento profissional. 

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Definição de Hematúria

A presença de sangue na urina pode ser identificada de maneira visível a olho nu, chamada de hematúria macroscópica, ou pode ser detectada apenas através de análise microscópica do sedimento urinário, denominada hematúria microscópica.

A hematúria macroscópica, percebida pela presença de urina vermelha ou marrom, não reflete necessariamente a extensão do sangramento, pois uma pequena quantidade de sangue pode alterar a cor. A hematúria com coágulos sugere fonte no trato urinário inferior, mas pode ocorrer em sangramento intrarrenal. A contaminação menstrual pode ocorrer, sendo ideal coletar a urina após cessar a outra fonte de sangramento.

A hematúria microscópica, detectada no exame do sedimento urinário, pode ser encontrada incidentalmente ou definida por três ou mais glóbulos vermelhos por campo de grande aumento. 

Causas de Hematúria

A presença de sangue na urina, conhecida como hematúria, pode indicar a existência de uma condição subjacente, algumas das quais podem ser sérias e outras tratáveis. 

As causas da hematúria variam conforme a idade, sendo mais comuns em jovens a inflamação ou infecção da bexiga e cálculos renais, enquanto em pessoas mais idosas, a preocupação principal é a possibilidade de malignidade renal ou do trato urinário, além da hiperplasia prostática benigna (HPB).

Pode-se dividir as causas de hematúria de acordo com o local do sistema excretor acometido:

  • Renal
    • Massa renal benigna (angiomiolipoma, oncocitoma, abscesso);
    • Massa renal maligna (carcinoma de células renais, carcinoma de células transicionais);
    • Hemorragia glomerular (nefropatia por IgA, doença da membrana basal fina, síndrome de Alport);
    • Doença estrutural (doença renal policística, rim esponjoso medular);
    • Pielonefrite;
    • Hidronefrose/distensão;
    • Hipercalciúria/hiperuricosúria;
    • Hipertensão maligna;
    • Trombose da veia renal/êmbolo da artéria renal;
    • Malformação arteriovenosa; e
    • Necrose papilar: doença falciforme.
  • Ureter
    • Malignidade;
    • Cálculo;
    • Estenose;
    • Pólipo fibroepitelial; e
    • Condições pós-cirúrgicas (fístula uretero-ilíaca).
  • Sistema coletor renal e/ou superior ou inferior:
    • Infecção (bacteriana, fúngica, viral);
    • Malignidade;
    • Urolitíase;
    • Tuberculose;
    • Esquistossomose;
    • Trauma;
    • Instrumentação recente, incluindo litotripsia;
    • Hematúria induzida por exercício; e
    • Diátese hemorrágica/anticoagulação.
  • Bexiga
    • Malignidade (carcinoma de células transicionais, carcinoma de células escamosas);
    • Radiação;
    • Cistite; e
    • Cálculos na bexiga.
  • Próstata/uretra
    • Hiperplasia prostática benigna;
    • Câncer de próstata;
    • Procedimentos prostáticos (biópsia, resseção transuretral da próstata);
    • Cateterização traumática;
    • Uretrite; e
    • Divertículo uretral.

Avaliação da Hematúria

Muitas vezes há indícios na história clínica que apontam para um diagnóstico específico. Estes incluem:

  • Piúria (presença de pus na urina) e disúria (dor ao urinar) simultâneas, frequentemente indicativas de uma infecção do trato urinário, embora também possam estar relacionadas à malignidade da bexiga.
  • Uma infecção respiratória superior recente ou sintomas de doença respiratória superior podem sugerir a possibilidade de glomerulonefrite pós-infecciosa, nefropatia por imunoglobulina A (IgA), vasculite, doença anti-membrana basal glomerular (GBM) ou, ocasionalmente, nefrite hereditária.
  • Antecedentes familiares positivos de doença renal, como nefrite hereditária, doença renal policística ou doença falciforme.
  • Dor unilateral no flanco, que pode irradiar para a virilha, geralmente sugere obstrução ureteral devido a um cálculo ou coágulo sanguíneo, mas ocasionalmente pode estar associada a malignidade ou nefropatia por IgA.
  • Sintomas de obstrução prostática em homens mais velhos, como hesitação e gotejamento, podem indicar hiperplasia prostática benigna (HPB), associada a um aumento da vascularização. A presença de HPB não deve impedir a investigação aprofundada da hematúria, especialmente porque homens mais velhos têm maior probabilidade de ter distúrbios mais graves, como câncer de próstata ou bexiga.
  • Exercício vigoroso recente ou trauma na ausência de outra possível causa.
  • Histórico de distúrbio hemorrágico ou sangramento devido a terapia anticoagulante excessiva.
  • Hematúria cíclica em mulheres, mais proeminente durante e logo após a menstruação, sugerindo endometriose do trato urinário.
  • Uso de medicamentos que podem causar nefrite, geralmente acompanhados de outros achados e frequentemente associados a comprometimento da função renal.
  • Pacientes negros devem ser avaliados para traço ou doença falciforme, que pode causar necrose papilar e hematúria.
  • Viagem ou residência em áreas endêmicas para Schistosoma haematobium ou tuberculose.
  • Piúria estéril com hematúria, que pode ocorrer com tuberculose renal, nefropatia analgésica, nefropatia tóxica e outras doenças intersticiais.

Diagnóstico de Hematúria

O primeiro passo no diagnóstico da hematúria é determinar se é macroscópica ou microscópica.

Para a hematúria macroscópica, a avaliação inicial geralmente inclui uma história clínica detalhada, exame físico, exames laboratoriais de rotina e exame de urina. Em seguida, são realizados exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), para avaliar o trato urinário superior e inferior em busca de anormalidades estruturais.

No caso da hematúria microscópica, é importante determinar se a origem do sangue é renal ou não renal. Isso é feito através de exames laboratoriais adicionais, como a análise do sedimento urinário, que pode fornecer pistas sobre a causa subjacente. Outros testes, como cistoscopia e citologia urinária, podem ser realizados para avaliar o trato urinário inferior em busca de possíveis lesões.

É essencial considerar fatores de risco individuais, como idade, tabagismo, história familiar de câncer, uso de medicamentos e exposição a substâncias tóxicas, ao determinar a abordagem diagnóstica adequada para a hematúria em adultos. Uma avaliação abrangente e multidisciplinar é frequentemente necessária para identificar a causa subjacente e orientar o tratamento adequado.

Tratamento de Hematúria

O tratamento da hematúria é altamente dependente da causa subjacente que está provocando a presença de sangue na urina. Dada a variedade de condições que podem resultar em hematúria, é crucial uma abordagem personalizada para cada caso.

De olho na prova!

Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:

ES – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC – 2018

Qual o sinal clínico mais frequente associado à lesão de bexiga?

A) Hematúria

B) Fratura de Bacia

C) Crepitação em região supra-púbica

D) Oligúria

E) Polaciúria

Opção correta: Alternativa “D”

Comentário da questão:

Correta a alternativa “a”: O principal sintoma no trauma vesical é a hematúria macroscópica.

]Incorreta a alternativa “b”: É muito frequente a associação de fratura de bacia e lesão vesical, mas não podemos dizer que é um sinal clínico.

Incorreta a alternativa “c”: Crepitação em região suprapúbica é um sinal de fratura de bacia, não de lesão vesical.

Incorreta a alternativa “d”: O paciente pode apresentar uma retenção urinária, dificuldade para urinar, mas não uma oligúria. Esta é definida como diminuição do volume urinário para um valor < 400ml/24 horas no adulto.

Incorreta a alternativa “e”: O trauma vesical não apresenta polaciúria.

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Referências

Mark A Perazella, MD, FACP, Michael P O’Leary, MD, MPH. Etiology and evaluation of hematuria in adults. UpToDate, 2021. Disponível em: UpToDate

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