Resumo sobre a amígdala cerebral: anatomia, funções e mais!

Resumo sobre a amígdala cerebral: anatomia, funções e mais!

Anatomia da amígdala cerebral

A amígdala ou complexo amigdalóide é um aglomerado heterogêneo de núcleos neuronais em formato de amêndoa, localizados no interior da metade anterior do único giro parahipocampal, imediatamente anterior à cabeça do hipocampo que ocupa a sua metade posterior e, portanto, constitui a parede anterior do corno temporal. 

Neuroanatomia funcional
Crédito: MACHADO, Neuroanatomia funcional, 3ed.

É composto por cerca de 12 núcleos agrupados em três divisões funcionalmente diferentes, basolateral (ventrolateral), corticomedial (olfatório) e centromedial.

  • Basolateral: possui os núcleos lateral, basal e basal acessório, pertence funcionalmente ao sistema límbico e sua estimulação causa reações de medo e fuga. 
  • Corticomedial: contém os núcleos corticais e o núcleo do trato olfatório lateral, recebendo conexões olfatórias e parece estar envolvido com os comportamentos sexuais, além de reação defensiva e agressiva. 
  • Centromedial: Composto pelos núcleos medial e central, recebe as aferências provenientes dos núcleos basolaterais e corticomedial e se projeta sobre o hipotálamo e tronco encefálico. 

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Vias e conexões

A amígdala possui cerca de 14 conexões aferentes e 20 eferentes. A porção aferente mantém conexões com todas as áreas de associação secundárias do córtex, trazendo informações sensoriais já processadas, além de aferências de alguns núcleos hipotalâmicos, do núcleo dorsomedial do tálamo, dos núcleos septais e do núcleo do trato solitário. 

O grupo basolateral recebe a maioria das conexões aferentes da amígdala e o centromedial dá origem às conexões eferentes, funcionando como uma extensão da amígdala. Além disso, os núcleos da amígdala comunicam-se entre si por fibras predominantemente glutamatérgicas, indicando grande processamento local de informações. 

Especificamente cada região da amígdala recebe as seguintes aferências: 

  • Basolateral: do tálamo dorsal e medial e de muitas áreas corticais, como ínsula, o córtex pré-frontal, o córtex para-hipocampal e o córtex temporal.
  • Corticomedial: Recebem conexões do trato olfatório 
  • Centromedial: Todos esses impulsos recebidos pelo grupo basolateral são então projetados para o grupo centromedial
Neuroanatomia funcional
Crédito: MACHADO, Neuroanatomia funcional, 3ed.

A maioria de suas fibras eferentes agrupa-se em um feixe compacto, a estria terminal, que acompanha a curvatura do núcleo caudado e termina principalmente no hipotálamo e se distribuem em duas vias, a amigdalofuga dorsal e ventral. 

A via amigdalofuga dorsal projeta suas referências através da estria terminal para os núcleos septais, núcleo accumbens, vários núcleos hipotalâmicos e núcleos da habênula. A amigdalofuga ventral que projeta-se para as mesmas áreas corticais, talâmicas e hipotalâmicas de origem das fibras aferentes, além do núcleo basal de Meynert. Por meio dessa via, a amígdala projeta eferências para núcleos do tronco encefálico envolvidos em funções viscerais, como o núcleo dorsal do vago, onde estão neurônios pré-ganglionares do parassimpático craniano. 

As muitas conexões presentes nessa porção do cérebro tem a participação de grande diversidade de neurotransmissores, tendo sido demonstrada nela a presença de acetilcolina, GABA, serotonina, noradrenalina, substância P e encefalinas. 

Funções da amígdala cerebral 

As funções do corpo amigdalóide ou amígdala são muito variadas, refletindo também sua complexidade estrutural. Considerado por alguns autores como responsável por muitos comportamentos emocionais, acredita-se que sua principal função esteja relacionada às emoções de medo e fuga, além de processamento de informações olfatórias e controle do comportamento sexual. 

Amígdala e o medo

A amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo, bem como de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo. Pacientes conscientes submetidos a estimulação elétrica do corpo amigdalóide durante o ato cirúrgico frequentemente relatam sentimentos não direcionados de medo, geralmente acompanhados de manifestações viscerais características da situação, como dilatação da pupila e aumento do ritmo cardíaco. Já foi visto também que macacos que normalmente têm medo de cobras, depois de sofrerem amigdalectomia, perdem este medo, aproximam-se delas até as comem.

#Ponto importante: A intrínseca relação da amígdala com o medo é demonstrada pela neuroimagem funcional, em que a amígdala é ativada pela simples visão de pessoas com expressão facial de medo.

Amígdala e outras emoções

Por conter a maior concentração de receptores para hormônios sexuais do SNC, o estímulo elétrico a esta área geralmente está presente em situações de significado emocional de natureza sexual. 

A amígdala também se correlaciona com a produção de memórias. A sua íntima relação topográfica e funcional com o hipocampo, vincula o processo de armazenamento de memórias com os seus respectivos coloridos emocionais, e as suas relações com o córtex cerebral permitem a atuação, em particular, do córtex pré-frontal sobre o complexo amigdalóide. 

Lesões na amígdala cerebral 

Devido às suas múltiplas conexões neuronais, lesões ou estímulos nesta área em animais resultam em alterações significativas, como alterações na sensação de medo, comportamento sexual e agressivos. 

Estudos de lesões no corpo amigdalóide de animais, demonstram que as lesões da amígdala resultam em uma domesticação, em quadro de hipersexualidade e considerável diminuição da excitabilidade emocional, geralmente manifestados pela agressividade. 

O estímulo excessivo a esta área se associa a comportamentos de fuga ou defesa excessiva, muitas vezes manifestados associados também à agressividade. Por este motivo, os focos epilépticos desta área associam-se a um aumento da agressividade social. 

A ausência ou lesões bilaterais da amígdala geralmente se associam à falta de medo mediante perigo óbvio, perversão alimentar e olfatória e hiperssexualidade. Por exemplo, em macacos depois de sofrerem amigdalectomia, perdem o medo que naturalmente têm de cobras, conseguindo aproximar-se ou até mesmo comê-las. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Esperidião-Antonio V, Majeski-Colombo M et al. Neurobiologia das emoções. Arch Clin Psychiatry (São Paulo) [Internet]. 2008;35(Arch. Clin. Psychiatry (São Paulo), 2008 35(2)):55–65. Available from: https://doi.org/10.1590/S0101-60832008000200003
  • João EFB, Luciane PS. Sistema límbico e as emoções – uma revisão anatômica. Rev Neurocienc 2010;18(3):386-394. Unifesp
  • MACHADO, Angelo B. M.. Neuroanatomia funcional. 2 São Paulo: Atheneu Editora, 2014. p 261.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels 
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