Resumo sobre níveis de prevenção em saúde: tipos, ações e mais!

Resumo sobre níveis de prevenção em saúde: tipos, ações e mais!

Fala, estrategistas! Os níveis de prevenção em saúde são temas quentes nas provas de residência. Porém, é mais importante ainda que elas façam parte das nossas condutas no dia a dia dos atendimentos. 

Visão geral

Os níveis de prevenção foram descritos pela primeira vez por Leavell & Clark (1976), apresentando na época três níveis: primária, secundária e terciária, que inter-relacionam atividade médica e saúde pública. Posteriormente, um quarto nível de atenção foi adicionado, a quaternária. 

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Níveis de prevenção: primária

São as medidas de prevenção voltadas para os pacientes que não estão doentes, ou seja, no período pré-patogênese. Aplica-se a indivíduos suscetíveis a alguma doença prevenível e age nos fatores de risco. 

#Ponto importante: na prevenção primária a doença ainda não existe. 

Existem duas formas básicas de se realizar a prevenção primária: promoção da saúde e prevenção específica. Na promoção da saúde se aplicam as medidas para a qualidade de vida geral, quando não é voltada especificamente para alguma doença específica, mas tem potencial de evitar diversas doenças. São exemplos de promoção as melhorias no saneamento básico, educação em saúde nas escolas e uso de capacetes.

A proteção específica visa a prevenção de determinada doença, sendo o principal exemplo a vacinação nas doenças infectocontagiosas, mas com outros exemplos positivos, como evitar água parada para evitar dengue, uso de camisinhas nas ISTs, enriquecimento de vitaminas e iodo em alimentos específicos, entre outras medidas.

Níveis de prevenção: secundária 

Estamos falando do período patogênico, ou seja, aqui a doença existe, mas ainda não está em estágio avançado ou não existem sintomas. Esta estratégia baseia-se na premissa de que algumas doenças têm maiores chances de cura ou sobrevida quando diagnosticadas o mais cedo possível. 

Aqui o principal exemplo é o rastreamento, em que um diagnóstico precoce evita complicações da doença. Rastreio da hipertensão arterial crônica com medição da PA nas consultas, papanicolau para detecção precoce de câncer de colo de útero, dosagem de colesterol nas dislipidemias ou glicemia de jejum para rastrear diabetes mellitus. 

#Ponto importante: Para que um teste diagnóstico seja considerado rastreamento (prevenção secundária) deve obedecer a alguns critérios, como ter um programa organizado, para condições que comprovadamente tenham evidência e grau de recomendação favorável para a intervenção e que garantam aos pacientes o tratamento para a condição rastreada. 

Outra ação secundária de prevenção visa estimular a conscientização dos sinais precoces de problemas de saúde, tanto entre usuários leigos como em profissionais, como o autoexame das mamas nas mulheres. 

#Ponto importante: Algumas provas gostam de misturar conceitos dos níveis de prevenção. Por exemplo, se o tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) em seus estágios iniciais se trata de um nível primário ou secundário de prevenção para infarto agudo do miocárdio (IAM). Como trata-se de uma doença já estabelecida (HAS) em estágios iniciais, teoricamente seria prevenção secundária. Mas, cuidado, algumas bancas podem trazer como os dois tipos de prevenção, visto que poderia ser considerado prevenção primária para IAM. Dica: conheça bem as bancas das provas que você irá prestar.  

Níveis de prevenção: terciária

Diante de um estado patológico, a doença pode evoluir naturalmente para a recuperação, imunidade (no caso de doenças infecto-contagiosas), sequelas ou óbitos. 

No nível terciário de prevenção, a doença também já existe e está avançada. Logo, o objetivo aqui é reabilitação/recuperação e evitar novas complicações. O exemplo mais comum é o paciente com AVC com sequelas motoras que necessita de fisioterapia para reabilitação ou adaptação da nova condição motora.

Níveis de prevenção: quaternária 

O objetivo do nível quaternário de prevenção visa a redução do impacto das intervenções médicas sobre a vida dos indivíduos. Tem como premissa evitar exames desnecessários e uso de medicações ou procedimentos excessivos. 

#Ponto importante: o principal objetivo é evitar iatrogenia

Evitar que um processo fisiológico seja considerado patológico, ou seja, evitar que problemas não médicos sejam tratados como problemas médicos. Um exemplo comum é enxergar o luto de um indivíduo, como a morte de um ente querido, como um estado depressivo e, com isso, introduzir um antidepressivo precocemente para um paciente que está vivendo um processo fisiológico de aceitação.

Além disso, deve-se evitar os famosos check-ups ou baterias de exames de rotinas também são formas de prevenção quaternária. Esses testes podem gerar tratamentos e exames invasivos desnecessários. 

Outro exemplo de prevenção quaternária muito praticado dentro da atenção básica é a revisão das medicações em uso. Muitas vezes o paciente é acompanhado por múltiplos especialistas e isso gera uma carga muito alta de medicações, algumas vezes em que o risco de efeitos colaterais importantes superem o benefício para o paciente. 

A coordenação do cuidado também ajuda nesse sentido, evitando referenciar pacientes para especialidades sem indicação ou através de referências e contra referências adequadas, em que todas as especialidades dialoguem com a atenção básica sobre o estado do paciente. 

Os cuidados paliativos talvez sejam os exemplos mais marcantes da prevenção quaternária. Ele visa reduzir as intervenções desnecessárias e que não mudem o desfecho de determinada doença, intervindo apenas com medidas para gerar conforto a esses pacientes. Esse tipo de ação também é chamado de ortotanásia, quando a morte já é algo iminente. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno de Atenção Básica: Rastreamento. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. Link
  • Lúcio MA.  Da prevenção primordial à prevenção quaternária. Rev. portuguesa de saúde. Vol. 23, N.o 1 – 2005. Disponível em USP.  
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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