E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre o Baqueteamento digital, um dos músculos responsáveis pelo movimento da cervical.
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Definição de Baqueteamento Digital
O baqueteamento digital, também conhecido como hipocratismo digital, é uma condição médica caracterizada pelo espessamento dos tecidos na ponta dos dedos das mãos e dos pés, resultando em uma aparência arredondada ou em forma de baqueta. Essa alteração se manifesta principalmente nas unhas, que apresentam aumento da curvatura longitudinal e transversal, além de um aumento da massa dos tecidos moles na região distal dos dedos.
Trata-se de uma patologia rara que pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo assintomática e de desenvolvimento gradual. O baqueteamento digital pode ser hereditário ou surgir como consequência de outras doenças.
Neste último caso, pode funcionar como um importante sinal clínico secundário para o diagnóstico de diversas condições graves, incluindo distúrbios pulmonares (como fibrose pulmonar idiopática e asbestose), doenças cardíacas cianóticas, malignidades do pulmão e da pleura, fibrose cística, malformações arteriovenosas pulmonares e doença inflamatória intestinal.
Na osteoartropatia hipertrófica, o baqueteamento digital é a manifestação mais comum, sendo uma indicação valiosa para a avaliação de doenças subjacentes potencialmente graves.
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Características do Baqueteamento Digital
O baqueteamento digital é caracterizado por alterações específicas nas unhas e nas falanges dos dedos. O ângulo de Lovibond, que mede o ângulo entre a lâmina ungueal e a prega ungueal proximal visto de lado, é um dos principais indicadores. Em unhas com baqueteamento, esse ângulo é superior a 180°, enquanto em unhas normais, é cerca de 160°. Essa alteração é um dos sinais mais evidentes do baqueteamento digital.
Além disso, dedos com baqueteamento apresentam o sinal de Schamroth, que é a obliteração da janela em forma de diamante que normalmente é visível quando as superfícies dorsais das falanges terminais dos dedos correspondentes de mãos opostas são colocadas juntas. A ausência dessa janela é um sinal característico do baqueteamento digital.
Outra característica importante é o ângulo de Curth, também conhecido como sinal do perfil modificado. Este ângulo é formado entre a segunda e terceira falange ao nível da articulação interfalângica distal. Em condições normais, o ângulo é maior ou igual a 180°, mas pode diminuir para menos de 160° em casos de baqueteamento digital.
O ângulo hiponiquial, formado pela interseção de uma linha traçada desde a superfície dorsal da articulação interfalângica distal até a cutícula, e outra linha da cutícula até o hiponíquio, também é um indicador importante. O ângulo normal é de 179° ± 4,5°, mas pode ser superior a 200° em baqueteamento digital. Embora esse método seja preciso para o diagnóstico, sua utilização é limitada devido à necessidade de fotografia digital e análise computorizada.
Fisiopatologia do Baqueteamento Digital
A fisiopatologia do baqueteamento digital envolve uma série de alterações vasculares e teciduais complexas. Ele pode se apresentar de forma isolada ou como parte da síndrome de Osteoartropatia Hipertrófica, também conhecida como síndrome de Marie-Bamberger. Esta síndrome é caracterizada por uma combinação de sinais, como periostite dos ossos longos, oligoartrite e manifestações cutâneas proeminentes, e está frequentemente associada ao câncer de pulmão.
Histologicamente, a extremidade dos dedos com baqueteamento apresenta edema intersticial linfo-plasmocitário, o que contribui para o espessamento das paredes vasculares por tecido conjuntivo. A vasodilatação e as numerosas anastomoses arteriovenosas são responsáveis pelo aumento do fluxo sanguíneo periférico.
No entanto, se a circulação pulmonar estiver comprometida por condições como neoplasia pulmonar, fibrose pulmonar ou cardiopatia, microêmbolos plaquetários não são fragmentados, alcançando diretamente a circulação periférica. Isso resulta no aprisionamento desses microêmbolos nos leitos vasculares ungueais, contribuindo para a manifestação do baqueteamento.
Lesões traumáticas ou não-traumáticas que afetam o feixe vásculo-nervoso de um membro podem gerar comunicações vasculares extrapulmonares ou alterações neurogênicas, resultando em estase sanguínea distal e prolongamento dos fatores envolvidos. Essas alterações podem explicar a ocorrência do baqueteamento assimétrico.
As plaquetas interagem com as células endoteliais e produzem fatores de crescimento, como PDGF e VEGF, que promovem expansão tecidual, hiperplasia vascular, aumento do fluxo sanguíneo e edema no paciente com baqueteamento. Acredita-se que fatores humorais, neuronais, predisposição genética e resposta à hipoxemia, sozinhos ou em combinação, provoquem essas alterações.
Além disso, o baqueteamento pode ter uma componente genética, com transmissão autossômica dominante e penetrância variável. A teoria mais aceita para o desenvolvimento envolve a presença de microtrombos plaquetários e megacariócitos na circulação periférica, que liberam fatores de crescimento vascular, como o VEGF. Em casos de neoplasia, o próprio tumor pode produzir VEGF, favorecendo tanto o crescimento tumoral quanto a instalação do baqueteamento.
Esses fatores de crescimento são citocinas que estimulam a proliferação de fibroblastos. Apesar de ser o mecanismo mais aceito, outras etiologias são descritas. O baqueteamento digital unilateral pode ocorrer devido a distúrbios locais, como aneurisma da artéria axilar, sem estar relacionado a defeitos na circulação pulmonar.
No carcinoma broncogênico, o hormônio do crescimento tem sido associado ao baqueteamento digital. Na osteoartropatia hipertrófica, há divergências sobre a necessidade de um fator adicional desconhecido ou da cianose para o desenvolvimento da síndrome.
Tipos de Baqueteamento Digital
O baqueteamento digital pode ser de origem adquirida ou hereditária, apresentando diferentes formas e associações com diversas condições de saúde.
Baqueteamento digital bilateral adquirido
Esta é a forma mais comum de baqueteamento digital e geralmente começa nos dedos polegar e indicador. Frequentemente está relacionado a doenças pulmonares e cardiovasculares, como câncer de pulmão, fibrose pulmonar intersticial, abscesso pulmonar, tuberculose pulmonar, linfoma pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva, endocardite infecciosa e cardiopatia congênita cianótica. Em menor frequência, pode ocorrer em pacientes com doenças fora do tórax, como doença inflamatória intestinal, cirrose hepática e neoplasias gastrointestinais.
Baqueteamento digital unilateral adquirido
Quando o baqueteamento afeta apenas um dedo ou um lado, geralmente está associado a problemas vasculares próximos, como shunt periférico, fístula arteriovenosa ou aneurisma. Tumores de Pancoast, linfadenite e eritromelalgia também podem levar a baqueteamento unilateral. O comprometimento de uma única unha costuma ser causado por trauma, embora possa ter uma origem congênita.
Baqueteamento digital congênito isolado
O baqueteamento digital congênito isolado é uma forma parcial de osteoartropatia hipertrófica primária (OHP). A OHP é uma condição autossômica recessiva resultante de mutações no gene da 15-hidroxiprostaglandina desidrogenase (HPGD). Esta forma de baqueteamento digital se apresenta em crianças saudáveis com outras características, como periostose e alterações cutâneas, que incluem espessamento da pele do rosto e do couro cabeludo, alterações faciais, hiperidrose e seborreia.
Classificação do Baqueteamento Digital
À medida que o baqueteamento digital (HD) avança, pode ser classificado em quatro estágios distintos:
- Estágio I: caracteriza-se pelo aumento e flutuação do leito ungueal. O sinal de flutuação pode ser identificado pressionando levemente a base da unha.
- Estágio II: neste estágio, há perda do ângulo natural de 160º entre a unha e o eponíquio (cutícula).
- Estágio III: a convexidade do leito ungueal se acentua, tornando-se mais pronunciada.
- Estágio IV: a extremidade do dedo apresenta aumento com espessamento da falange distal e o surgimento de estrias longitudinais na unha.
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Referências
SOUZA, Islâne Da Silva et al. Etiologia e fisiopatologia do hipocratismo digital: uma manifestação de doenças graves. Anais I CONBRACIS. Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/19181. Acesso em: 24 jul. 2024.
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Talmadge E King, Jr, MD. Approach to the adult with interstitial lung disease: Clinical evaluation. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate