A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é uma especialidade com olhar integral e abrangente, com foco no tratamento e prevenção de doenças como um todo, desempenhando, assim, um papel essencial na Atenção Básica. Para entender mais a importância da especialidade, seus principais dados e como está o mercado de trabalho para a área, o Estratégia MED conversou com Ebenezer Bandeira, especialista em MFC. Segundo o profissional, a Medicina de Família e Comunidade tem passado por uma mudança de perfil nos últimos tempos.
Anteriormente, a maioria dos interessados na especialidade buscava, principalmente, os 10% de bônus para concorrer em seletivos para outras especialidades. No entanto, essa mentalidade está mudando e cada vez mais residentes têm se mostrado verdadeiramente interessados na MFC.
Um dos motivos pode ser o reconhecimento da especialidade como uma área resolutiva e completa, indo além do que muitos imaginam ser uma área de apenas encaminhamentos e prescrições simples. Atualmente, os residentes têm aberto os olhos para o potencial da MFC em oferecer uma prática médica mais abrangente e integral.
Importância da especialidade
A especialidade busca resgatar o papel do médico de família como o profissional que conhece profundamente seus pacientes, promovendo a prevenção e resolvendo a maioria dos problemas de saúde que surgem ao longo da vida.
Além disso, o médico de família atua como um agente de saúde capaz de resolver até 80% dos problemas de saúde de seus pacientes. Ele desempenha um papel fundamental reduzindo a necessidade de encaminhamentos para especialistas. Esse aspecto é essencial para otimizar o tempo e os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), além de fortalecer o vínculo entre médico e paciente.
Destaca-se, também, a capacidade da MFC em atender todas as faixas etárias, o que a diferencia de outras especialidades. Ainda, o médico de família tem uma visão holística do paciente, não apenas tratando a doença, mas compreendendo o contexto familiar, cultural e social do indivíduo. Essa abordagem humanizada contribui para uma prática médica mais completa e eficaz.
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Mercado de trabalho para os futuros profissionais
As perspectivas de carreira na MFC também têm se ampliado. O pós-residência na área oferece diversas oportunidades tanto no setor público quanto no privado, além do campo de atuação, que vai além do consultório.
Embora a especialidade tenha sido amplamente reconhecida e os médicos de família tenham ocupado postos de saúde em diversas regiões, no setor privado, o crescimento da MFC tem sido mais gradual. Apesar disso, já existem clínicas particulares e oportunidades em planos de saúde que valorizam a atuação do médico de família como coordenador do cuidado integral do paciente.
Quanto à disponibilidade de postos de trabalho, especialmente em Fortaleza, a situação pode variar. Enquanto nos postos de saúde do interior é possível encontrar oportunidades, muitas vezes com um vínculo mais informal, em grandes centros urbanos, a competição por postos de trabalho pode ser mais acirrada. No entanto, com o aumento do reconhecimento da importância da MFC, espera-se que mais oportunidades surjam tanto na capital quanto em outras regiões do estado.
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Principais dados da área
De acordo com a Demografia Médica 2023 – a mais recente edição da pesquisa, em 2022, a Medicina de Família e Comunidade era apenas a 13ª especialidade com o maior número de médicos especialistas, porém, foi a segunda especialidade com a maior taxa de crescimento em dez anos, totalizando um crescimento de 246% em registros de especialistas.
Até o final de 2022, eram, ao todo, 10.041 especialistas em Medicina de Família e Comunidade, sendo 58,9% mulheres (5.913) e 41,1% homens (4.128). Confira a quantidade de registros por estados:
Estado | Quantidade de registros em MFC |
---|---|
São Paulo | 2.115 |
Minas Gerais | 1.503 |
Rio de Janeiro | 1.181 |
Rio Grande do Sul | 1.162 |
Santa Catarina | 905 |
Paraná | 774 |
Ceará | 431 |
Distrito Federal | 369 |
Bahia | 343 |
Paraíba | 317 |
Pernambuco | 310 |
Goiás | 246 |
Espírito Santo | 243 |
Mato Grosso | 221 |
Pará | 203 |
Rio Grande do Norte | 200 |
Tocantins | 119 |
Mato Grosso do Sul | 113 |
Amazonas | 102 |
Alagoas | 89 |
Sergipe | 71 |
Maranhão | 68 |
Acre | 51 |
Rondônia | 48 |
Piauí | 40 |
Roraima | 25 |
Amapá | 6 |
Até 15 de fevereiro de 2024, o Ministério da Educação contava com 3.482 vagas de R1 autorizadas para Medicina de Família e Comunidade, sendo São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia os estados com o maior número de vagas.
Aproveite e conheça melhor a especialidade de Medicina de Família e Comunidade com o vídeo abaixo:
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