Ingressar no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o maior hospital da América Latina, é o sonho de muitos médicos atualmente, principalmente pela USP-SP figurar entre as mais renomadas do Brasil, sobretudo na área da saúde, ensino médico e produção científica da área.
Dentre os programas de Residência Médica de Acesso Direto ofertados pela instituição, alguns chamam a atenção. Almejada pelos candidatos, a especialidade de Cirurgia Geral na USP-SP foi o segundo programa com o maior número de candidatos inscritos no último processo seletivo. Com 17 vagas ofertadas e 7 reservadas para o ano de 2023, a especialidade contou com 660 candidatos interessados no programa, resultando em uma relação de 38,82 candidatos por vaga e no título de quarto programa mais concorrido da USP-SP.
Se você ainda tem dúvidas dos elogios tecidos à USP-SP ou da escolha da sua futura especialidade, vale conhecer um pouco mais sobre a instituição e o programa, sua rotina, oportunidades, estrutura do hospital e atuação da área para, assim, focar de vez nos estudos. Por isso, o Estratégia MED convidou a Dr.ª Sarah Cozar, ex-residente de Cirurgia Geral da USP-SP, para um bate-papo sobre “Como é o programa de Residência Médica de Cirurgia Geral na USP-SP”. Confira!
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Conheça a USP-SP
A Universidade de São Paulo (USP) é uma das maiores e mais prestigiadas instituições de ensino superior do Brasil e do mundo. Fundada em 1934 como universidade pública, a USP conta atualmente com mais de 80 mil alunos, distribuídos entre cursos de graduação e pós-graduação, e é mantida pelo Governo do Estado de São Paulo e ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Além de seus campi dispostos em diversas cidades do estado, museus e centros de pesquisa para desenvolver suas atividades, a USP também é responsável por manter serviços na área da saúde, tanto para a comunidade da instituição quanto para o público externo. Dois exemplos são o Hospital Universitário, com função assistencial e educacional para as áreas da saúde ofertadas, e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, referência na América Latina no tratamento de doenças de alta complexidade. Fazem parte do Hospital das Clínicas os seguintes institutos:
- Instituto Central;
- Instituto de Psiquiatria;
- Instituto do Coração;
- Instituto de Radiologia;
- Instituto do Câncer;
- Instituto da Criança e do Adolescente;
- Instituto de Ortopedia e Traumatologia;
- Instituto de Medicina Física e Reabilitação;
- Hospital Auxiliar de Suzano; e
- Hospital de Perdizes, que inclui o futuro Instituto de Álcool e Drogas.
Além disso, a FMUSP é um dos maiores centros de pesquisas médico-científicas do país, englobando 66 laboratórios de investigação médica, onde acontece expressiva produção intelectual, um dos focos da instituição.
Como é a Residência Médica em Cirurgia Geral na USP-SP
O programa de Residência Médica em Cirurgia Geral da USP-SP conta com 24 residentes por ano, ou seja, 72 residentes trabalhando juntos no total. Pela residência se caracterizar como treinamento em serviço, na USP-SP, os estágios práticos ocupam de 80% a 90% da carga horária e o tempo restante é ocupado com atividades teórico-pedagógicas complementares.
O programa de Cirurgia possui 3 anos de duração e contempla a formação em cirurgia geral, emergência e trauma. Além disso, a residência inclui a participação em procedimentos das outras especialidades cirúrgicas, como cirurgia torácica, vascular, urologia, plástica, entre outras.
Os objetivos do programa compreendem a participação do residente como cirurgião ou auxiliar nos procedimentos operatórios mais complexos da parede abdominal, cirurgia videolaparoscópica, cirurgia oncológica, além de emergência abdominal não traumática e emergência traumática.
Saiba mais: Residência Médica em Cirurgia Geral: rotina, remuneração, estudos e mais!
Dia a dia na USP-SP
Em entrevista para o Estratégia MED, a Dr.ª Sarah compartilha que os procedimentos do programa são divididos por ano e a hierarquia tradicional na residência de Cirurgia Geral da USP-SP não a prejudicou em nenhum momento. Segundo ela, a hierarquia entre R1 e R2, por exemplo, existe em todos os programas e funciona mais como uma forma de organização.
“Por serem procedimentos cirúrgicos e invasivos, a questão da hierarquia acaba sendo: ‘você vai fazer o procedimento na hora que você tiver mais capacitado’. O R2, de fato, está mais capacitado que o R1, ele já sabe das devidas complicações. Isso não atrapalha, pois no seu primeiro ano você deixa de fazer, mas sabe que no ano seguinte fará”
Sarah também conta que não teve nenhuma vivência negativa pelo fato de ter se formado em medicina fora da USP ou até mesmo por ser mulher em uma residência que, historicamente, abrangeu mais o público masculino. Segundo ela, as mulheres estão cada vez mais presentes em especialidades cirúrgicas.
Outro ponto importante é a carga horária da residência, que varia conforme o estágio. Para Sarah, alguns estágios são mais complicados e, na sua época, alguns necessitavam de plantões de até 36 horas. Certos estágios necessitam de até 4 plantões noturnos por semana, enquanto outros precisam de apenas um, então a média, segundo ela, é de 2 a 3 plantões semanais, sem contar o pós-plantão.
Porém, a carga horária está diminuindo e cada vez mais se adequando à meta estipulada por lei de 60h semanais. Segundo Sarah, estágios que exigiram mais tempo para ela durante o primeiro ano de residência, no ano seguinte, reduziram a carga horária para os novos R1 de Cirurgia Geral da USP-SP.
“As cargas horárias mais pesadas eram de cirurgia vascular, que a gente mais sofria; urologia – com plantões inesperados […] e a cirurgia infantil.”
Os estágios são rodados sempre em grupos – não fixos – de quatro pessoas, geralmente pelo período de um mês por especialidade ou subespecialidade. Uma exceção é o estágio de pronto-socorro, que demanda três meses ininterruptos no primeiro ano e quatro meses no R2.
Na opinião de Sarah, o pronto-socorro é um dos estágios que mais ajuda o médico a evoluir como pessoa e na área. “Tanto no sentido profissional, por estar atendendo traumas de diferentes complexidades, quanto no sentido pessoal, esse é o estágio que traz o grande diferencial no serviço da USP”, explica a médica.
Pontos positivos
Um dos principais pontos positivos do programa de Cirurgia Geral é o aprendizado. Na USP-SP, você tem a oportunidade de aprender a lidar com pacientes graves, complexos e que fogem da curva normal do esperado. Por ser um centro de referência para o tratamento de trauma, a vivência do HC permite que os residentes saiam bem preparados para o atendimento na área.
Fora a qualidade do serviço, outro diferencial do HC é que tecnologias que talvez outros serviços menores não tenham estão sempre disponíveis. Um exemplo é a cirurgia videolaparoscópica, sendo que a maioria dos procedimentos utilizam essa técnica.
Além de tudo, a instituição foca no âmbito acadêmico, o que destaca ainda mais o programa. Com reuniões semanais, aulas, discussões de casos e visualização de exames de imagem, a rotina fora de serviço ajuda a agregar ao conhecimento teórico necessário para o médico residente.
Vida financeira
Sarah explica que o valor da bolsa é insuficiente para pagar o aluguel na região do HC, então, para viver com mais conforto, a pessoa precisa ter uma reserva financeira.
Há, com certeza, a possibilidade de dar plantões por fora em meses mais tranquilos. Porém, o residente estará impossibilitado na época dos estágios que demandam mais carga horária, caso da Cirurgia Vascular.
Uma dica para organização é realizar uma planilha financeira para controle de gastos durante os meses mais calmos e mais conturbados. Entenda o quanto você precisa poupar para não ter dificuldades nos meses que não poderá dar plantão por fora.
Lembrando que uma oportunidade de economizar é se informando sobre a própria moradia ou auxílio-moradia que a USP-SP oferece, o que é direito de todos os residentes. A solicitação geralmente é feita por meio de processo administrativo junto à instituição.
Para mais detalhes sobre o programa de residência médica em Cirurgia Geral da USP-SP, não deixe de conferir a entrevista completa com a Dr.ª Sarah Cozar:
O processo seletivo de Residência Médica da USP-SP
O seletivo é composto de duas fases para os programas de Acesso Direto. A 1ª fase é constituída pela Prova Objetiva e a 2ª fase composta pela Análise e Arguição Curricular.
A primeira fase da USP-SP possui caráter classificatório e eliminatório. No dia de aplicação, os candidatos são avaliados através de duas provas: prova objetiva de múltipla escolha e prova objetiva de múltipla escolha de casos clínicos.
A primeira delas é composta de 100 questões de múltipla escolha, cada questão tem 4 alternativas no modelo ABCD, com apenas uma correta.Já a segunda prova, com casos clínicos, também é no modelo ABCD e contém 10 casos clínicos que baseiam as questões objetivas.
Para a segunda fase, que possui peso total 1, é aplicada a Avaliação e Arguição Curricular de maneira presencial ou online, dependendo do edital. O Curriculum Vitae do participante deve ser obrigatoriamente enviado com a antecedência definida no cronograma.
Os critérios considerados na análise e arguição curricular variam de acordo com os programas oferecidos. Porém, os três grandes tópicos que abrangem todos os programas são:
- Critérios relacionados à instituição de ensino de origem do candidato;
- Critérios relacionados ao próprio currículo (atividades extracurriculares, publicações, línguas estrangeiras etc) e;
- Avaliação da arguição, se o candidato está sendo coerente com o que fala e o que está no Curriculum Vitae, a clareza com que fala e sua objetividade, entre outros.
Dicas do Estratégia MED
Para trazer dicas para essa segunda etapa do processo seletivo, conversamos com o professor de Ginecologia do Estratégia MED, Carlos Eduardo, formado pela Faculdade de Medicina da USP-SP e também ex-preceptor do programa de Ginecologia e Obstetrícia da instituição.
Se você quer saber o que realmente precisa constar no seu currículo, a dica que o professor Carlos nos dá é: preste muita atenção nas particularidades do programa escolhido.
“É interessante você se informar, então vamos supor que você vá prestar cirurgia: se pergunte qual é a área mais forte desse serviço? É em trauma, emergência? Converse com as pessoas que trabalham ali para saber quais são as prioridades e o que eles gostam”, explica Carlos.
Fora isso, o professor do EMED lista para você alguns tópicos do currículo que, com certeza, serão analisados pela USP SP. Confira:
- Iniciação científica;
- Monitoria;
- Participação em congressos;
- Cursos; e
- Atividades práticas.
Além disso, faça o seu currículo de uma forma que seja de fácil leitura. Os avaliadores verão centenas de arquivos, então distribua as informações de maneira clara e direta, evidenciando os pontos mais importantes, ou seja, destaque os pontos principais em negrito, foque nas palavras-chave e use bullet points para organizar as informações.
Saiba mais: Análise do currículo para residência USP SP: como se preparar?
Estudando para a Residência Médica com o Estratégia MED
Os processos seletivos para a Residência Médica tendem a ser muito concorridos, principalmente em grandes instituições como USP-SP e seleções unificadas como o ENARE. Por isso, para garantir a sua vaga, é essencial estudar por um conteúdo otimizado e focado no que as bancas cobram.
A partir da Engenharia Reversa, método usado pelo time de professores especialistas do Estratégia MED, nosso conteúdo é pensado e elaborado exclusivamente com base na análise de provas anteriores, estilos de banca, prevalência de temas cobrados, atualizações na área médica e muitos mais. Vem ser coruja!
Texto em colaboração de Ana Carolina Damasceno