A artrite séptica é uma urgência ortopédica que pode causar danos articulares significativos. Confira os principais aspectos referentes a esta condição, que podem aparecer em seus atendimentos e serem cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à artrite séptica.
- A não-gonocócica é mais comum, sendo que o Staphylococcus aureus é o organismo infectante mais comum em todas as idades.
- Acontece principalmente em membros inferiores, sendo que o joelho é a articulação mais envolvida.
- A artrocentese com análise de líquido sinovial é o exame de escolha.
- O manejo envolve terapia antimicrobiana empírica e drenagem de pus articular.
Definição da doença
A artrite séptica aguda representa a inflamação articular secundária a uma etiologia infecciosa, geralmente causada por bactérias, mas também pode ser causada por outros microorganismos. O processo inflamatório tem potencial de distruir a articulação se não tratada adequadamente.
Epidemiologia e fisiopatologia da artrite séptica
A incidência de artrite séptica é de 2 a 6 casos por 100.000 pessoas, mas varia de acordo com a presença de fatores de risco, com pico entre as crianças com idades de 2 e 3 anos e duas vezes mais comuns no sexo masculino.
Os fatores de risco incluem extremos de idade, neonatos, crianças e idosos, imunocomprometidos, pacientes com fibrose ou doença articular prévia, presença de próteses, presença de infecções cutâneas, além de diabetes, alcoolismo e neoplasias.
A artrite séptica aguda em adultos é classicamente dividida em gonocócica e não-gonocócica. A não-gonocócica é mais comum, sendo que o Staphylococcus aureus é o organismo infectante mais comum em todas as idades.
As gonocócicas, causadas pela bactéria gram-negativa Neisseria gonorréia, é mais comum em pacientes jovens sexualmente ativos, sendo a monoartrite aguda não traumática mais frequente.
Existem outros agentes etiológicos importantes a depender da idade ou condição clínica:
- Neonatos: Streptococcus do grupo B e gram-negativos
- Crianças menores de 5 anos: Haemophilus influenza
- Crianças maiores que 5 anos: Streptococcus pyogenes
- Doenças crônicas, diabetes, alcoolismo, doença hepática, malignidades: gram-negativos
- Imunocomprometidos: fungos
#Ponto importante:A principal via de disseminação dessas bactérias é via hematogênica.
A sinóvia articular altamente vascularizada carece de uma membrana basal limitante, portanto, é propensa a infecções via disseminação hematogênica de infecção sistêmica. No entanto, a artrite séptica também pode resultar de lesões diretas, feridas perfurantes, injeções intra-articulares e disseminação contínua de osteomielite adjacente.
O processo inflamatório, com ação das citocinas e proteases inflamatórias, medeiam a destruição articular. Outros fatores que parecem desempenhar um papel no dano articular são as toxinas bacterianas.
Manifestações clínicas da artrite séptica
A não-gonocócica geralmente o quadro clínico é mais agudo e destrutivo, devido à maior virulência do S. aureus. O quadro clássico é de monoartrite aguda, com dor, inchaço nas articulações, calor, amplitude de movimento limitada, claudicação, recusa em usar ou mover a articulação afetada (pseudoparalisia). Sintomas constitucionais, como febre, geralmente estão presentes.
#Ponto importante: acontece principalmente em membros inferiores, sendo que o joelho é a articulação mais envolvida.
A artrite gonocócica é precedida por uma fase bacterêmica, marcada por febre, e exame físico com dermatite, tenossinovite, artrite não erosiva e padrão migratório de artrite. Após este período, vem a fase supurativa, marcada por uma monoartrite aguda.
Diagnóstico de artrite séptica
O principal exame diante de uma monoartrite séptica é a artrocentese com análise de líquido sinovial, com cultura, coloração de Gram, análise de cristais, contagem de glóbulos brancos com diferencial.
A identificação de um organismo bacteriano no líquido sinovial confirma o diagnóstico. Por outro lado, em adultos, enquanto um gram-positivo sugere S. aureus, gram-negativos em pacientes sexualmente ativos fala a favor de N. gonorréia.
Um líquido de artrite séptica geralmente possui contagem de glóbulos brancos superior a 50.000, mais de 75% de neutrófilos. A classificação citológica e diferenciação do líquido infecciosa e inflamatório é descrito na tabela abaixo:
Outros exames que podem auxiliar no diagnóstico incluem hemocultura, hemograma, PCR, VHS, entre outros. Testes sorológicos para gonorreia se tornam importantes quando não se isolam microrganismos na cultura do líquido sinovial, devido sua menor sensibilidade para N. gonorréia.
No contexto de urgência, exames de imagem geralmente não são essenciais. No entanto, a ultrassonografia é útil para identificar e quantificar o derrame articular, bem como auxiliar na aspiração por agulha da articulação.
Exames mais complexos, como ressonância magnética, podem delinear a extensão do envolvimento cartilaginoso, além de detectar mais precocemente derrame articular e anormalidades dos tecidos moles e ossos circundantes.
Tratamento de artrite séptica
A base para o tratamento da artrite séptica compreende terapia antimicrobiana e drenagem de fluido articular, para remover o pus e o antibiótico fazer mais efeito. Na prática, como a cultura demora a sair, o tratamento inicial é direcionado para as duas principais etiologias, sendo o esquema escalonado após resultados da cultura.
Para artrite não-gonocócica, o antibiótico de escolha é a oxacilina, por 2 a 4 semanas. Na suspeita de S. aureus MRSA, escalonar para vancomicina. O esquema para artrite gonocócica inclui ceftriaxona de 7 a 10 dias, associado a azitromicina dose única. É importante tratar o parceiro por se tratar de uma IST.
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Referências bibliográficas:
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