Resumo de glomerulonefrite pós-estreptocócica: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de glomerulonefrite pós-estreptocócica: diagnóstico, tratamento e mais!

A glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) é uma das principais causas de edema e lesão renal aguda em crianças e adolescentes. Confira os principais aspectos referentes a este tema, que podem aparecer nos atendimentos e serem cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à  glomerulonefrite pós-estreptocócica.

  • A principal base fisiopatológica envolve o depósito de imunocomplexos nos glomérulos renais, alcançando a circulação. 
  • A hematúria macroscópica ocorre em 30 a 50% dos casos, sintoma mais comum. 
  • Em menos casos, pode se desenvolver uma síndrome nefrítica aguda completa, caracterizada por colúria proteinúria, edema, hipertensão e lesão renal aguda. 
  • A biópsia renal não é realizada na maioria dos pacientes para confirmar o diagnóstico de GNPE.
  • Para manejo da sobrecarga de volume, além da restrição hídrica e da dieta restrita em sódio, está indicado a furosemida e anti hipertensivos, se necessário. 

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Definição da doença

A glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE) é uma complicação não supurativa da infecção por cepas nefritogênicas do estreptococo beta-hemolítico do grupo A. As doenças agudas causadas por essa bactéria incluem a faringoamigdalite, escarlatina e infecções da pele, como impetigo, celulites e erisipela. 

Epidemiologia e fisiopatologia da glomerulonefrite pós-estreptocócica

Embora continue a ser a causa mais comum de nefrite aguda em crianças em todo o mundo, ela ocorre principalmente em países em desenvolvimento, representando cerca de 90% dos casos nessas regiões. Afeta principalmente crianças entre as idades de 5 e 12 anos e adultos com mais de 60 anos. 

A principal base fisioátogênica para o desenvolvimento da doença envolve o depósito de imunocomplexos nos glomérulos renais, alcançando a circulação, sendo os dois principais candidatos a antígenos nefritogênicos são o receptor de plasmina associado à nefrite e a exotoxina pirogênica B estreptocócica. Outros afirmam que a condição resulta de uma formação “in situ” do complexo antígeno-anticorpo dentro dos glomérulos renais. 

De qualquer forma, a presença de imunocomplexos resulta na ativação do sistema complemento, causando infiltração de leucócitos e proliferação de células mesangiais no glomérulo, prejudicando a perfusão capilar e a taxa de filtração glomerular (TFG), além da alteração da permeabilidade da membrana basal. Essas alterações são responsáveis pela formação da síndrome nefrítica. 

Manifestações clínicas da glomerulonefrite pós-estreptocócica

A apresentação clínica da GNPE pode variar desde hematúria microscópica assintomática até uma síndrome nefrítica aguda completa, caracterizada por colúria proteinúria, edema, hipertensão e lesão renal aguda. A hematúria macroscópica ocorre em 30 a 50% dos casos, sintoma mais comum. 

#Ponto importante: Por mais que a proteinúria detectada na urina de 24 horas seja na maior parte das vezes menor que 3,5g, eventualmente pode atingir a faixa nefrótica. 

A redução da TFG ocasiona lesão renal aguda e suas complicações, como azotemia, oligúria ou anúria e desequilíbrio ácido-base. O envolvimento renal é comum e, na maioria das vezes, transitório com recuperação em 1-2 semanas.

Diagnóstico de glomerulonefrite pós-estreptocócica

A GNPE geralmente é diagnosticada com base em achados clínicos de nefrite aguda e demonstração de uma infecção recente por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, que pode ser feita através de cultura positiva da garganta ou da pele ou testes sorológicos, como antiestreptolisina (ASLO) ou teste de estreptozima, anti DNAse B ou anti-hialuronidase.  

Para esses pacientes é importante a solicitação de exames para confirmação diagnóstica e determinação da gravidade, como função renal, proteinúria de 24 horas, provas inflamatórias, proteínas totais e frações e análise da urina tipo 1 (sumário de urina), com pesquisa de dimorfismo eritrocitário, 

A fisiopatologia envolve o consumo do complemento, geralmente demonstrando níveis baixos de C3 e CH50 (complemento total) e sua presença reforça o diagnóstico de GNPE. No entanto,o consumo de complemento ocorre em outras formas de glomerulonefrite, incluindo glomerulonefrite membranoproliferativa. 

#Ponto importante: A biópsia renal não é realizada na maioria dos pacientes para confirmar o diagnóstico de GNPE. Os achados histopatológicos incluem depósitos subepiteliais em forma de cúpula e na imunofluorescência a deposição de imunoglobulina G (IgG) e C3 em um padrão granular difuso no mesângio e paredes capilares glomerulares. As indicações de biópsia são: 

  • hematúria macroscópica com duração superior a quatro semanas;
  • hematúria microscópica com duração superior a 1-2 anos;
  • oligoanúria por mais de 48-72h; 
  • piora progressiva da função renal; 
  • hipocomplementenemia ausente no diagnóstico ou mantida por mais de oito semanas;
  • proteinúria nefrótica inicial (>6 semanas) ou proteinúria não-nefrótica persistente (>6 meses); 
  • presença de sinais de doença sistêmica e/ou histórico familiar de doença renal. 

Tratamento da glomerulonefrite pós-estreptocócica

A GNPE é uma condição autolimitada na maioria dos casos e, portanto, apenas o tratamento sintomático se faz necessário de início. O correto controle da sobrecarga de volume, como hipertensão e edema, são as principais formas de controle.  

Para manejo da sobrecarga de volume, a presença de congestão cardiocirculatória e HAS, além da restrição hídrica e da dieta restrita em sódio (1-2g de sódio por dia), está indicado a furosemida, um diurético de alça, por via oral, na dose de 1-2mg/kg/dia. Além do diurético de alça, pode ser necessário uso de anti-hipertensivos, como anlodipina ou hidralazina, podem ser necessários para controle dos níveis pressóricos. 

A terapia com antibióticos é administrada para aqueles que ainda têm prova rápida positiva para streptococcus ou cultura positiva de pele ou garganta ou com evidência clínica de infecção devem receber antibioticoterapia amoxicilina por 10 dias ou penicilina benzatina. 

#Ponto importante: o tratamento com antibiótico precoce da faringoamidalite estreptocócica, impetigo e escarlatina em até 9 dias de evolução previne a febre reumática, mas não casos de glomerulonefrite pós-estreptocócica.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Rawla P, Padala SA, Ludhwani D. Poststreptococcal Glomerulonephritis. [Updated 2022 Oct 9]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK538255/
  • Patrick N. Poststreptococcal glomerulonephritis. Uptodate
  • Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). Síndrome nefrítica. Departamentos Científicos. Gestão 2019-2022. Disponível em SPSP
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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