Resumo de neuralgia do trigêmeo: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de neuralgia do trigêmeo: diagnóstico, tratamento e mais!

Fala, estrategistas! A neuralgia do trigêmeo é uma causa importante de cefaleias primárias na emergência, principalmente em idosos, e deve fazer parte de seu arsenal de diagnósticos diferenciais.   

Por este motivo, vamos conferir agora os principais aspectos referentes a este tema, que aparecem nos atendimentos e que podem ser cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à neuralgia do trigêmeo.

  • É mais comum em mulheres e a maioria dos casos idiopáticos e clássicos de NT começa após os 50 anos;
  • O nervo trigêmeo emerge da lateral média da ponte e é responsável pela inervação sensitiva da face e o suprimento sensorial e motor para os músculos da mastigação;
  • A NT é caracterizada por episódios de dor facial intensa estritamente limitada à distribuição do nervo trigêmeo, unilateral, de curta duração (paroxística);
  • Para diagnóstico podemos contar com o auxílio dos critérios da terceira edição da Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3);
  • A terapia de primeira linha para NT é feita com carbamazepina

Definição da doença

A neuralgia do nervo trigêmeo (NT) é um tipo de cefaleia primária e a síndrome dolorosa mais comum na região da face. É caracterizada por dor paroxística, súbita e lancinante, tipo choque de curta duração, que acompanha um ou mais ramos do nervo trigêmeo. 

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Epidemiologia e fisiopatologia da neuralgia do trigêmeo

A prevalência na população geral é menor que 0,1% e a incidência anual é de 4 a 13 por 100.000 pessoas e mais comum em idosos, sendo que a incidência aumenta gradualmente com a idade e a maioria dos casos idiopáticos e clássicos de NT começa após os 50 anos. É também mais comum no sexo feminino.  

O nervo trigêmeo emerge da lateral média da ponte e é responsável pela inervação sensitiva da face e o suprimento sensorial e motor para os músculos da mastigação. Possui três grandes divisões: Oftálmico (V1), Maxilar (V2) e Mandibular (V3):

Nervo Trigêmeo. Crédito: Instituto de física de São Carlos – USP

Por mais que sua fisiopatologia continue controversa, a compressão da raiz do nervo trigêmeo é o principal mecanismo relacionada ao NT, resultando em desmielinização com degeneração axonal progressiva em pequenas fibras não mielinizadas e finamente mielinizadas. A desmielinização pode levar à transmissão errática e o mecanismo de reentrada causa uma amplificação das entradas sensoriais. 

Outras etiologias mais raras da NT incluem desmielinização de uma ou mais vias do nervo trigêmeo causada por esclerose múltipla, tumores localizados no ângulo pontocerebelar ou outras lesões estruturais do tronco cerebral. 

Manifestações clínicas da neuralgia do trigêmeo

A NT é caracterizada por episódios de dor facial intensa estritamente limitada à distribuição do nervo trigêmeo, unilateral, de curta duração (paroxística), em que a dor desaparece completamente entre os ataques. A dor é frequentemente descrita como elétrica, tipo choque, facada ou uma combinação delas.

#Ponto importante: A dor mais frequentemente envolve as subdivisões V2 ou V3 do nervo trigêmeo. 

Sintomas autonômicos como lacrimejamento, hiperemia conjuntival e rinorreia podem ocorrer em associação com ataques de TN na distribuição trigeminal V1. Quando contínua, é um distúrbio altamente debilitante que afeta as funções humanas básicas como falar, comer, beber e tocar o rosto, resultando em baixa qualidade de vida. 

Diagnóstico de neuralgia do trigêmeo

Para diagnóstico podemos contar com o auxílio dos critérios da terceira edição da Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3): 

A) Paroxismos recorrentes de dor facial unilateral na(s) distribuição(ões) de uma ou mais divisões do nervo trigêmeo, sem irradiação além e preenchendo os critérios B e C.

B) A dor tem todas as seguintes características:

  • Duração de uma fração de segundo a dois minutos;
  • Intensidade severa; e
  • Tipo de choque elétrico, tiro, esfaqueamento ou qualidade nítida,

C) Precipitado por estímulos inócuos dentro da distribuição trigeminal afetada.

D) Não melhor explicado por outro diagnóstico de ICHD-3.

Por mais que a NT geralmente se apresenta sem sinais de alarme, geralmente é recomendado neuroimagem para ajudar a definir a causa subjacente, detectar alterações na raiz trigeminal, qualquer disfunção neurovascular e para descartar patologia secundária. 

A ressonância magnética (RM) é o melhor exame de imagem, podendo diagnosticar alterações morfológicas do nervo, como deslocamento, distorção, atrofia ou compressão do nervo trigêmeo em sua origem na ponte. 

Tratamento da neuralgia do trigêmeo

A terapia de primeira linha para prevenção das crises de NT é feita com carbamazepina ou oxcarbazepina. A dose inicial habitual de carbamazepina é de 100 a 200 mg duas vezes por dia, que pode ser aumentada gradualmente em incrementos de 200 mg por dia, conforme tolerado, até que seja obtido alívio suficiente da dor. 

No entanto, vários medicamentos são úteis quando os pacientes não conseguem tolerar doses mais altas de CBZ, como o baclofeno, lamotrigina, clonazepam, oxcarbazepina, topiramato, fenitoína, gabapentina, pregabalina e valproato de sódio.

Mesmo as crises agudas sendo de curta duração com resolução espontânea na maioria das vezes, em alguns casos injeções tópicas de lidocaína ou anestésico local nas zonas de gatilho podem proporcionar alívio transitório. Infusões intravenosas de fosfenitoína e lidocaína sob monitoramento cardíaco podem ser altamente eficazes. 

Para pacientes com NT refratária é razoável discutir opções de terapia cirúrgica usando descompressão microvascular para NT causada por compressão da raiz do nervo trigêmeo. 

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Referências bibliográficas:

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