Resumo sobre Taenia solium: estrutura, ciclo biológico e mais!
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Resumo sobre Taenia solium: estrutura, ciclo biológico e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Taenia solium, um parasita que pode causar teníase e cisticercose, duas condições importantes para a prática clínica, especialmente em áreas endêmicas.

O Estratégia MED está aqui para simplificar esse assunto relevante na saúde, ampliando seus conhecimentos e aprimorando sua abordagem diagnóstica e terapêutica.

Vamos nessa!

Fisiologia e Estrutura

A Taenia solium é um parasita do filo Platyhelminthes e da classe Cestoda, também conhecida como “tênia do porco”. Sua fisiologia e estrutura são adaptadas ao parasitismo, permitindo completar seu ciclo de vida entre dois hospedeiros: o porco, como hospedeiro intermediário, e o ser humano, como hospedeiro definitivo. Esse parasita pode alcançar vários metros de comprimento e se instala no intestino delgado humano após a ingestão de carne suína contaminada com larvas viáveis. 

O estágio larval da Taenia solium, conhecido como cisticerco, apresenta um escólex invaginado dentro de uma vesícula cheia de líquido. Os cisticercos se desenvolvem nos tecidos do hospedeiro intermediário, com dimensões de 4 a 6 mm de comprimento e 7 a 11 mm de largura, e possuem um aspecto perolado. Ao ingerir carne de porco contendo essas larvas, o escólex é liberado e se fixa na parede do intestino delgado do hospedeiro definitivo por meio de quatro ventosas musculares e uma coroa de ganchos. A partir dessa fixação, a tênia inicia sua infecção no organismo humano. 

Uma vez estabelecida no intestino, a Taenia solium começa a produzir proglótides, segmentos reprodutivos que formam o estróbilo, podendo alcançar vários metros de comprimento. As proglótides sexualmente maduras contêm ovos e, quando eliminadas nas fezes, contaminam a água e a vegetação consumida por porcos. As proglótides grávidas, que possuem cerca de 1 cm de comprimento e 1 cm de largura, apresentam menos de 12 ramos uterinos laterais.

No interior dos suínos, os ovos da tênia liberam larvas chamadas oncosferas, que possuem seis ganchos. Essas oncosferas penetram a parede intestinal do porco e migram pela circulação sanguínea até diversos tecidos, onde se desenvolvem em cisticercos, completando o ciclo de vida do parasita.

Taenia solium
Fonte: Microbiologia. 12. ed. – Porto Alegre, Artmed, 2017.

Diferença entre a T. solium e a T. saginata

A T. solium utiliza o porco como hospedeiro intermediário, enquanto a T. saginata depende do gado para completar seu ciclo de vida. Nos animais infectados, as larvas se alojam nos músculos, e o consumo de carne contaminada e malcozida pode levar à infecção em humanos.

A estrutura do escólex é uma característica marcante para distinguir as duas espécies. A T. solium possui um escólex armado, equipado com uma coroa de ganchos e quatro ventosas, permitindo maior fixação ao intestino do hospedeiro. Por outro lado, a T. saginata tem um escólex desarmado, com apenas quatro ventosas e sem ganchos, o que também facilita a adesão, mas com uma estrutura mais simples.

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As proglótides de ambas as espécies diferem em sua anatomia. A T. solium apresenta menos de 10 ramos uterinos laterais em cada proglótide, enquanto as proglótides de T. saginata possuem 12 ou mais ramos. Esta característica pode ser identificada por exame microscópico direto ou por injeção de tinta da Índia no segmento para evidenciar a abertura genital lateral.

Além disso, T. solium é mais perigosa para os seres humanos, pois pode causar cisticercose quando seus ovos são ingeridos. As larvas migram para vários tecidos do corpo, incluindo o sistema nervoso central, provocando neurocisticercose, uma condição potencialmente grave. A T. saginata, por outro lado, está associada apenas à infecção intestinal, que normalmente é assintomática ou apresenta sintomas leves, como desconforto abdominal e diarreia.

Fonte: Microbiologia médica. 9. ed. Rio de Janeiro: GEN | Grupo Editorial Nacional, 2022.

Manifestações clínicas da Taenia solium

A Taenia solium pode provocar diferentes manifestações clínicas, dependendo do tipo e da localização da infecção. A forma adulta da tênia, que reside no intestino delgado, tende a causar sintomas leves ou até ser assintomática, enquanto a forma larval, que causa a cisticercose, pode levar a complicações graves, especialmente quando atinge o sistema nervoso central.

Infecção intestinal

Na infecção intestinal, a presença do verme adulto raramente causa sintomas significativos. A fixação do escólex na parede do intestino pode irritar a mucosa, provocando desconforto abdominal, indigestão crônica e diarreia em alguns casos. No entanto, a maioria dos pacientes se torna consciente da infecção ao notar proglótides ou estróbilos de proglótides nas fezes, o que é um sinal clássico dessa forma de teníase.

Cisticercose

A cisticercose ocorre quando larvas (cisticercos) da Taenia solium infectam tecidos fora do trato gastrointestinal, como cérebro, olhos, músculos e medula espinal. Nos primeiros estágios, cisticercos viáveis geralmente não desencadeiam resposta imunológica significativa, permanecendo inativos por anos. No entanto, com a morte e degeneração dos cisticercos, antígenos são liberados, provocando uma resposta inflamatória intensa no tecido afetado, o que desencadeia sintomas variáveis.

Neurocisticercose

A infecção do sistema nervoso central, conhecida como neurocisticercose, é a forma mais grave da doença. A degeneração dos cisticercos no cérebro pode causar inflamação e gerar sintomas como convulsões, hipertensão intracraniana, hidrocefalia e meningite asséptica. Os pacientes podem também apresentar sinais neurológicos focais, alteração do estado mental e déficits cognitivos, dependendo da localização e do número de cisticercos.

Outras manifestações

Além do sistema nervoso central, os cisticercos podem infectar músculos, tecidos subcutâneos, olhos e a medula espinal. Em músculos e tecidos subcutâneos, a infecção é frequentemente assintomática, mas pode causar dor local e formação de nódulos. Quando a infecção atinge os olhos, pode resultar em visão prejudicada e inflamação ocular. Já na medula espinal, os cisticercos podem provocar sintomas neurológicos devido à compressão da estrutura.

Imunidade

Após uma infecção larval, o organismo pode desenvolver imunidade secundária significativa, o que reduz a probabilidade de reinfecção grave. No entanto, a prevenção da infecção primária e o tratamento precoce são essenciais para evitar complicações associadas à cisticercose e neurocisticercose.

Diagnóstico de Taenia solium

O diagnóstico de Taenia solium pode ser feito por diferentes métodos, incluindo exames parasitológicos, técnicas moleculares e imunológicas. Como a eliminação de ovos e proglótides é intermitente, é necessário o uso de exames repetidos e técnicas específicas para aumentar a precisão diagnóstica.

Exames parasitológicos

A identificação de ovos ou proglótides nas fezes é o principal método diagnóstico. Os ovos de Taenia medem entre 30 e 40 micrômetros e possuem uma membrana de parede dupla, com estriações radiais. No entanto, esses ovos são morfologicamente indistinguíveis entre as espécies T. solium e T. saginata, dificultando o diagnóstico diferencial.

A distinção entre as espécies é feita por meio do exame das proglótides e do escólex. As proglótides de T. solium possuem menos de 10 ramos uterinos laterais, enquanto as de T. saginata apresentam 12 ou mais. A injeção de tinta da Índia na abertura genital lateral das proglótides facilita a contagem dos ramos. 

Por outro lado, o escólex de T. solium possui uma coroa com ganchos (“armado”), além de quatro ventosas, ao passo que T. saginata e T. asiatica têm escólices “desarmados”, sem ganchos. Após terapia antiparasitária, o escólex pode ser eliminado nas fezes, confirmando a infecção.

Técnicas moleculares e imunológicas

Devido à limitada sensibilidade dos exames parasitológicos, métodos mais avançados têm sido desenvolvidos. Ensaios imunoenzimáticos (ELISA) detectam antígenos de T. solium em amostras fecais. Técnicas moleculares, como a PCR, também são utilizadas para diferenciar entre espécies de Taenia e detectar ovos nas fezes. 

Métodos como RFLP, sondas de DNA específicas para espécies, amplificação isotérmica mediada por loop (LAMP) e PCR aninhada ou multiplex são algumas das estratégias disponíveis. Primers que visam o gene da subunidade 1 da citocromo c oxidase mitocondrial (cox1) das três espécies de Taenia têm mostrado potencial para uso mais rotineiro. No entanto, muitos desses métodos ainda não estão amplamente disponíveis para diagnósticos de rotina.

Tratamento da Taenia solium

O tratamento da infecção intestinal por Taenia solium geralmente envolve o uso de niclosamida como fármaco de primeira escolha. Alternativamente, praziquantel, paromomicina ou quinacrina podem ser utilizados com eficácia. Esses medicamentos atuam desativando o verme adulto, permitindo sua eliminação pelas fezes. Durante o tratamento, é importante assegurar a remoção completa do escólex, pois a permanência dessa estrutura pode permitir a regeneração do parasita.

A prevenção da infecção requer cuidados na manipulação e preparo da carne de porco. A carne deve ser cozida até que seu interior esteja cinzento, indicando que os cisticercos foram eliminados. 

Outra medida é congelar a carne a -20°C por pelo menos 12 horas. Além disso, é essencial evitar que fezes humanas contaminadas com ovos da T. solium entrem em contato com água ou vegetação consumida por suínos, interrompendo o ciclo de vida do parasita.

No caso da cisticercose, o tratamento é mais complexo e pode incluir praziquantel ou albendazol para eliminar os cisticercos. No entanto, a morte das larvas pode desencadear uma intensa resposta inflamatória. 

Por isso, é comum a administração concomitante de corticosteroides, como a dexametasona, para reduzir os sintomas inflamatórios. Nos casos mais graves, especialmente em infecções cerebrais ou oculares, pode ser necessária intervenção cirúrgica para a remoção dos cistos e alívio dos sintomas.

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Referências

Tortora, Gerard J. Microbiologia. 12. ed. – Porto Alegre, Artmed, 2017. 

Murray, Patrick R.; Rosenthal, Ken S; Pfaller, Michael A. Microbiologia médica. 7. ed. ‑ Rio de Janeiro : Elsevier, 2014.

Karin Leder, MBBS, FRACP, PhD, MPH, DTMHPeter F Weller, MD, MACP. Tapeworm infections. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

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