Resumo da Vacina Contra a Gripe: história, composição e mais!
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Resumo da Vacina Contra a Gripe: história, composição e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A vacina contra a gripe representa uma das mais importantes estratégias de saúde pública para reduzir a morbimortalidade associada à influenza. Sua história remonta a erros conceituais sobre a origem da doença e evolui até a sofisticada vigilância global atual. A cada ano, o imunizante é reformulado para refletir as cepas circulantes.

Estima-se que a pandemia de 1918 tenha causado mais mortes do que a Primeira Guerra Mundial.

História da vacina  

A trajetória da vacinação contra a gripe teve início com uma compreensão equivocada sobre a doença. No final do século XIX, acreditava-se que a gripe fosse causada por uma bactéria, o bacillus influenzae, isolado por Richard Pfeiffer em 1892. Somente na década de 1930, com a identificação do vírus influenza por pesquisadores britânicos, foi possível estabelecer que a infecção era viral, e não bacteriana.

Essa descoberta permitiu o desenvolvimento das primeiras vacinas com potencial real de eficácia, culminando na criação de uma vacina inativada nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, testada inicialmente em militares.

Com o tempo, novas cepas virais foram identificadas e tornou-se evidente que o vírus da gripe sofre mutações frequentes. A partir de 1942, passou-se a utilizar formulações bivalentes, e posteriormente trivalentes, para abranger os subtipos mais prevalentes.

Na década de 1950, foi estabelecido o Sistema Global de Vigilância da Influenza (GISRS), coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que monitora os vírus em circulação e orienta anualmente a composição das vacinas. Hoje, o imunizante contra a gripe é ajustado a cada temporada, refletindo décadas de avanços científicos e vigilância epidemiológica contínua.

Composição da vacina  

A formulação da vacina contra a gripe envolve um processo técnico altamente controlado, que considera a vigilância epidemiológica global, a seleção de cepas específicas e a produção biotecnológica em larga escala. O objetivo é produzir um imunizante capaz de gerar proteção contra os vírus influenza com maior potencial de disseminação e gravidade.

Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realiza uma análise das cepas de influenza em circulação ao redor do mundo. Com base em dados de vigilância laboratorial, incluindo o Brasil, são selecionadas as variantes mais prováveis de circular no hemisfério sul. Para 2025, as três cepas escolhidas foram:

  • A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09
  • A/Croatia/10136RV/2023 (H3N2)
  • B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria)

Essas cepas são introduzidas em ovos embrionados de galinha, onde se replicam por um período determinado. Após o crescimento, os vírus são colhidos e passam por processos de inativação e purificação. Como o vírus influenza sofre mutações frequentes, a composição é revisada anualmente para garantir que a resposta imune gerada seja efetiva contra as cepas predominantes naquele período.

Esquema de vacinação 

A aplicação da vacina contra a influenza segue um esquema posológico adaptado à idade do paciente e ao histórico vacinal. A estratégia busca garantir proteção adequada, especialmente para crianças pequenas que estão recebendo o imunizante pela primeira vez.

Crianças de 6 meses a menores de 3 anos

  • Volume por dose: 0,25 mL
  • Número de doses:
    • Duas doses, com intervalo mínimo de quatro semanas, para aquelas que nunca foram vacinadas anteriormente.
    • Dose única, se já tiverem recebido ao menos uma dose em anos anteriores.

A aplicação deve ser intramuscular ou subcutânea profunda, preferencialmente na região do músculo vasto lateral da coxa para menores de 2 anos.

Crianças de 3 a 8 anos

  • Volume por dose: 0,5 mL
  • Número de doses:
    • Duas doses para crianças sem vacinação anterior contra influenza.
    • Dose única para aquelas com histórico de pelo menos uma dose em temporadas anteriores.

O intervalo recomendado entre as duas aplicações é de 30 dias.

A partir de 9 anos de idade e adultos

  • Volume por dose: 0,5 mL
  • Esquema: Dose única anual, independentemente do histórico vacinal.

População Indígena

Todas as crianças indígenas entre 6 meses e menores de 9 anos devem receber duas doses na primovacinação, com intervalo de 30 dias, mesmo que não haja comorbidades associadas

Via de Administração

A vacina pode ser aplicada por via intramuscular (preferencial) ou subcutânea profunda, de acordo com a idade, o estado clínico e a técnica disponível. O músculo deltoide é o local mais utilizado em crianças maiores e adultos.

Grupos prioritários 

A definição de grupos prioritários na vacinação contra a influenza reflete a necessidade de proteger pessoas com maior risco de agravamento, hospitalização e morte pela doença. Em 2025, o Ministério da Saúde ampliou e organizou esses grupos com base em critérios clínicos, sociais e ocupacionais, buscando garantir ampla cobertura entre populações vulneráveis. A organização da campanha inclui estratégias específicas para alcançar essas pessoas de forma eficaz, mesmo em áreas de difícil acesso ou com baixa adesão histórica à vacinação.

CategoriaDescrição
CriançasDe 6 meses a menores de 6 anos
GestantesEm qualquer idade gestacional
PuérperasAté 45 dias após o parto
IdososCom 60 anos ou mais
Povos indígenasTodos os indígenas, inclusive os que vivem fora de terras homologadas
QuilombolasPopulação autodeclarada quilombola
Pessoas em situação de ruaIndependentemente de documentação
Trabalhadores da saúdeProfissionais e auxiliares de saúde, incluindo estudantes em atuação
ProfessoresEnsino básico e superior, público ou privado
Forças de segurança e salvamentoPoliciais, bombeiros, guardas municipais
Forças ArmadasMilitares da Marinha, Exército e Aeronáutica
Pessoas com deficiênciaDeficiência motora, auditiva, visual ou intelectual permanente
CaminhoneirosMotoristas de transporte rodoviário de carga
Transporte coletivoMotoristas e cobradores de transporte urbano e de longo curso
Trabalhadores portuáriosInclui os setores operacionais e administrativos dos portos
Trabalhadores dos CorreiosInclui pessoal administrativo e operacional
Sistema prisionalPessoas privadas de liberdade e seus funcionários
Adolescentes em medida socioeducativaJovens de 12 a 21 anos em cumprimento de medidas
Doenças crônicas e condições especiaisEx: DPOC, cardiopatias, DM, imunossuprimidos, transplantados, obesidade grave, trissomias

Contraindicações e efeitos adversos 

Contraindicações

A vacina contra influenza é segura para a maioria da população. No entanto, algumas situações exigem cautela ou contraindicam sua aplicação:

  • Crianças menores de 6 meses: a vacina não deve ser administrada nessa faixa etária.
  • Histórico de anafilaxia grave a dose anterior da vacina: nesses casos, é necessária avaliação médica especializada para ponderar risco-benefício, especialmente em períodos de alta circulação viral.
  • Reações alérgicas graves a componentes da vacina: em especial, pessoas com histórico de anafilaxia após vacinação anterior ou a componentes como ovalbumina, neomicina, formaldeído ou Triton X-100.
  • Síndrome de Guillain-Barré pós-vacinal: indivíduos que apresentaram essa condição até 42 dias após uma dose anterior devem ser avaliados por profissional médico antes de receber nova dose.
  • Quadros febris moderados a graves ou infecção ativa por COVID-19: a vacinação deve ser adiada até resolução do quadro.

Efeitos adversos

A vacina contra a gripe pode ocasionar eventos adversos, em geral leves e autolimitados. A maioria dos sintomas surge dentro de 6 a 12 horas após a aplicação, com resolução em até 48 horas:

  • Reações locais: dor, vermelhidão e endurecimento no local da aplicação são as mais frequentes.
  • Reações sistêmicas: febre baixa, mal-estar, mialgia e cefaleia podem ocorrer, especialmente em crianças.
  • Eventos raros: reações alérgicas severas são incomuns, mas possíveis. Casos de síndrome de Guillain-Barré são extremamente raros e sua associação causal com a vacina ainda é considerada pouco provável.

A ocorrência de qualquer evento adverso deve ser notificada via sistema e-SUS Notifica (módulo ESAVI), conforme orientações do Programa Nacional de Imunizações.

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Referências Bibliográficas 

  1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. História da vacinação contra a gripe.
  1. Programa Nacional de Imunização – Ministério da Saúde do Brasil.
  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento do Programa Nacional de Imunizações. Estratégia de vacinação contra a influenza nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste: 2025.
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