Olá, meu Doutor e minha Doutora! A palavra “cerúmen” tem sua origem no latim “cērumen”, que significa “cera de ouvido”. É um termo usado para descrever a substância cerosa secretada pelas glândulas ceruminosas no canal auditivo externo. O cerúmen tem funções protetoras para o ouvido, ajudando a limpar, lubrificar e proteger o canal auditivo contra água, infecções, poeira e outros corpos estranhos.
Vem com o Estratégia MED entender como se forma o cerúmen e como realizamos a limpeza correta. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!
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Conceito de Cerúmen
Cerúmen, comumente conhecido como cera de ouvido, é uma substância protetora hidrofóbica que reveste o canal auditivo externo. Ele protege a pele do canal externo contra danos causados por água, infecções, trauma e corpos estranhos. A acumulação de cerúmen geralmente é assintomática, mas pode causar sintomas como perda auditiva e desconforto auricular quando em excesso.
Produção de Cerúmen
O cerúmen, ou cera de ouvido, é formado por uma mistura complexa de substâncias que incluem:
- Secreções sebáceas: produzidas pelas glândulas sebáceas no canal auditivo externo. Estas secreções são ricas em lipídios, o que confere ao cerúmen sua característica cerosa e hidrofóbica.
- Secreções Ceruminosas: produzidas pelas glândulas ceruminosas, sendo um tipo especializado de glândula apócrina. Estas secreções contêm ácidos graxos, colesterol, esqualeno e uma variedade de outros componentes orgânicos.
- Epitélio Descamado: células da pele do canal auditivo externo que naturalmente se descamam e se misturam com as secreções das glândulas.
- Pelos: pequenos pelos do canal auditivo também contribuem para a formação do cerúmen ao capturar detritos.
- Bactérias e Fungos: a flora microbiana normal do canal auditivo pode também ser incorporada ao cerúmen. Algumas das substâncias secretadas pelas glândulas têm propriedades antibacterianas e antifúngicas que ajudam a proteger o ouvido de infecções.
- Outros Detritos: partículas de poeira e outros pequenos detritos externos que entram no ouvido também podem ficar presos no cerúmen.
Essa combinação de componentes ajuda a proteger o ouvido, mantendo o canal auditivo limpo, lubrificado e livre de infecções e irritações externas.
Causas de Acumulação de Cerúmen
As principais causas de acumulação de cerúmen incluem:
- Obstrução do canal auditivo: doenças no osso, tecidos moles ou pele do canal auditivo, como a doença de Paget ou crescimentos ósseos, podem causar obstruções.
- Estreitamento do canal auditivo: anormalidades anatômicas ou estenoses de tecidos moles após infecções, ou cirurgias podem reter cerúmen.
- Alteração na textura do cerúmen e falha na migração epitelial: o envelhecimento e alterações crônicas na pele do canal podem prejudicar a migração natural do epitélio.
- Tentativas inadequadas de remoção: uso de cotonetes e outros aplicadores pode empurrar o cerúmen mais para dentro, causando obstrução.
- Superprodução Idiopática: alguns indivíduos naturalmente produzem mais cerúmen do que o canal auditivo pode eliminar, independentemente de outras condições.
Manifestações Clínicas de Cerúmen
Embora frequentemente assintomática, a acumulação de cerúmen pode levar a:
- Perda auditiva;
- Dor de ouvido;
- Sensação de ouvido cheio;
- Coceira;
- Tosse reflexa;
- Tontura; e
- Zumbido.
Diagnóstico de Cerúmen
O diagnóstico é realizado principalmente por meio de exame otoscópico, onde o cerúmen pode ser visualizado diretamente. A aparência e a textura do cerúmen podem variar significativamente, de quase líquido a muito duro, e sua cor pode variar de vermelho-escuro a preto ou branco.
Tratamento de Cerúmen
O tratamento só é recomendado para pacientes sintomáticos ou aqueles incapazes de expressar sintomas, como crianças pequenas ou pessoas com comprometimento cognitivo. As opções incluem:
- Agentes cerumenolíticos: estes amolecem o cerúmen para facilitar sua remoção.
- Irrigação: consiste em lavar o canal auditivo com água ou outra solução para remover o cerúmen.
- Remoção manual: realizada sob visualização direta com instrumentos adequados, é a abordagem preferida quando há achados otológicos anormais ou em ambientes especializados devido à menor exposição ao risco de danos ao canal auditivo, ou à membrana timpânica.
- Prevenção: Inclui o uso regular de emolientes tópicos para pessoas com predisposição a acumulação de cerúmen e limpeza profissional dos ouvidos em intervalos regulares.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
BA – FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA – FESF SUS 2022 Homem, 56 anos, refere hipoacusia súbita, bilateral, maior à direita após banho de mar, associada à zumbido. Nega otalgia. A suspeita diagnóstica é _______________ e a conduta correspondente é _______________. A alternativa que preenche, correta e sequencialmente, as lacunas do trecho acima é
A. otite externa / antibiótico tópico
B. otite externa / antibiótico oral + tópico
C. otite média / antibiótico oral + corticoide
D. cerumen / lavagem de ouvido com soro gelado
E. cerumen / uso de emoliante local e posterior remoção
Comentário da Equipe EMED: O principal sintoma é uma hipoacusia que pode ocorrer de forma súbita após banho de mar ou de piscina devido a um amolecimento de uma quantidade maior de cerume previamente acumulado e redistribuição no conduto auditivo levando a oclusão completa, diminuição a passagem das ondas sonora. O zumbido descrito no enunciado é decorrente da privação sonora e fica mais frequente em pacientes mais velhos como o do enunciado que já podem apresentar algum grau de presbiacusia. O tratamento é feio através da aplicação de soluções emolientes e, após verificação da fluidez do cerume dentre de 15 minutos ou após alguns dias de uso, lavagem otológica. Mas existem outras condições que são contraindicações a lavagem otológica, já cobrados em provas anteriores, sendo estas: CONTRAINDICAÇÃO À LAVAGEM OTOLÓGICA JÁ COBRADAS EM PROVA • Otite Aguda (externa ou média); • História pregressa ou atual de perfuração timpânica (pois a entrada de água na orelha média pode predispor ao desenvolvimento de otite média); • História de cirurgia otológica pregressa (pois a lavagem poderia romper um “neotimpano” criado cirurgicamente); • Paciente não cooperativo (pois a agitação durante a lavagem pode levar a trauma do conduto).
Portanto, alternativa E.
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Referências Bibliográficas
- Elizabeth A Dinces. Cerumen. UpToDate. Last updated: Jan 10, 2024.
- Imagem em destaque: UpToDate