Os marcos do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM) representam a evolução dinâmica do ser humano após o nascimento. É de extrema importância avaliar esses marcos durante as consultas de puericultura para reconhecer possíveis atrasos e desvios.
Os primeiros meses de vida são o de maior vulnerabilidade para reconhecimento desses desvios, mas também é o melhor momento para as intervenções, visto que é o período de maior plasticidade.
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Fatores de risco para atrasos no desenvolvimento
Complicações obstétricas, pré-natal inadequado, gestação indesejada, baixo peso ao nascer e prematuridade são os principais fatores associados ao DNPM atrasado no recém-nascido.
Os bebês apresentam sequência de amadurecimento neuropsicomotor crânio-caudal, das porções mais proximais para as digitais e com atividades mais simples para complexas.
#Ponto importante: Pode haver discretas variações no desenvolvimento de acordo com os estímulos que são dados às crianças.
Marcos do desenvolvimento: 0 a 2 meses
Os recém nascidos entre 1 e 2 meses possuem como características neuropsicomotora um predomínio do tônus flexor, assimetria postural (hipotonia da musculatura paravertebral), preensão reflexa e presença de reflexos primitivos.
Além disso, guia o olhar pela voz ou sons, segue um objeto com olhar até 180° e, se colocada de bruços, consegue elevar o pescoço e empurrar a cama com os braços, mesmo que por pouco tempo. Consegue também expressar alguns sons.
Reflexos primitivos
- Reflexo tônico-cervical assimétrico (a): O examinador deve realizar rotação da cabeça para um lado, e observar consequente extensão do membro superior e inferior do lado facial e flexão dos membros contralaterais. Este reflexo dura até os 4 meses de vida.
- Reflexo de Moro (b): medido pelo procedimento de segurar a criança pelas mãos e liberar bruscamente seus braços. Após isso o bebê faz um movimento de abdução dos membros superiores, seguido por adução e flexão dos membros superiores.
- Reflexo da marcha: Após apoio do bebê sobre uma superfície rígida, observa-se o cruzamento das pernas, uma à frente da outra, como um movimento de marcha. Do nascimento aos 6 meses.
- Reação de pára-quedas (c): extensão anterior dos braços e dorsiflexão e abertura das mãos quando o lactente é abaixado em suspensão prona em direção a uma superfície de apoio.
- Preensão plantar (d): quando o examinador pressiona o polegar na face plantar dos pés ocorre flexão dos dedos. É o reflexo primitivo que mais perdura, geralmente até 11 meses, sendo patológica acima disso.
- Apoio plantar (h): O apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este seguro pelas axilas, gera a extensão das pernas. Do nascimento aos 6 meses.
- Preensão palmar: quando o examinador pressiona o polegar na face palmar ocorre contração da mão com o movimento de aperto. Do nascimento aos 6 meses.
- Reflexo de colocação (Placing): É o único reflexo primitivo com integração cortical, em que se observa um movimento de subir um degrau de escada desencadeado por estímulo tátil do dorso do pé estando o bebê seguro pelas axilas.
- Reflexo de sucção: Estímulo leve com os dedos nas comissuras labiais leva ao movimento de busca pela boca para sucção. Até no máximo 6 meses.
Marcos do desenvolvimento: aos 4 meses
Entre 2 a 3 meses a criança sorri espontaneamente (sorriso social), principalmente quando próximo dos cuidadores e consegue elevar e sustentar a cabeça quando está de bruços.
Outro marco importante é a possibilidade de levar a mão à linha média, associado agora e, assim, elevar até a boca. Há também a preensão voluntária das mãos.
#Ponto importante: Desta forma, a criança consegue levar objetos até a boca, uma fase de maior risco para engasgos.
Marcos do desenvolvimento: aos 6 meses
A criança já consegue ficar sentada sem apoio, consegue rolar quando de bruços, transferir objeto de uma mão para a outra sem utilizar o movimento de pinça e o bebê arrasta-se, iniciando os movimentos de engatinhar. Em relação a fala, consegue juntar sílabas, como “lalalá” ou “bababá”.
Em relação a cognição, inicia-se a noção de permanência do objeto, que é a capacidade de perceber que os objetos que estão fora do seu campo visual seguem existindo. Além disso, o bebê apresenta reações a pessoas estranhas.
Marcos do desenvolvimento: aos 9 meses
Nesse tempo de vida, a criança adquire motricidade mais complexa. A partir do oitavo ou nono mês, o bebê começa a utilizar o movimento de pinça para agarrar objetos menores. Entre 9 meses e 1 ano, o bebê engatinha ou anda com apoio e, em torno do 10º mês, o bebê consegue se colocar de pé sozinho e ficar em pé sem apoio, sem necessariamente dar passos.
Consegue expressar palavras com maior complexidade, como “papa” ou “mama”. O bebê apresenta reações a pessoas estranhas.
Marcos do desenvolvimento: 1 ano
A criança geralmente consegue dar alguns passos sozinha ou com apoio, sendo que a faixa de início de se começar a andar pode variar, mas espera-se que a criança comece a andar sozinha entre 12 a 18 meses.
Em relação a cognição, a criança consegue entregar objetos a outras pessoas e dá risada com brincadeiras mais complexas, como se esconder atrás de um pano na frente da criança e pedir para ela procurar. A acuidade visual de um adulto.
É uma fase ainda de muita dependência dos cuidadores, sendo que o bebê chora quando os pais saem do ambiente em que ela está.
Marcos do desenvolvimento: 1 ano e 6 meses
Já realiza atividades muito complexas, como comer sozinha com colher, colocar o próprio calçado, subir escadas e correr. Em relação a cognição e fala, pronuncia mais de 10 palavras, aponta partes do próprio corpo e objetos.
Marcos do desenvolvimento: 2 anos
Entre 2 e 3 anos a criança consegue responder o próprio nome quando questionado, reconhece-se no espelho e começa a brincar de faz de conta com seus brinquedos, atividade que deve ser estimulada pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com ansiedades e conflitos e a elaborar regras sociais. Além disso, os pais devem começar aos poucos a retirar as fraldas do bebê e ensiná-lo a usar o penico.
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Referências bibliográficas:
- BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasilia-DF. 2016. Disponível em MS.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos da atenção básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasilia-DF. 2012. Disponível em MS.
Crédito da imagem em destaque: Pexels